Estreou em 10/1 no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB SP) o segundo ato da “Trilogia Matriarcas”: “Mãe Baiana”. O espetáculo gratuito, que integra a ocupação em homenagem à Helena Theodoro, primeira doutora preta em filosofia do Brasil, explora a complexidade do luto e da memória afetiva através da relação entre avó e neta. A ocupação é apresentada pelo Ministério da Cultura e Banco do Brasil, com patrocínio do Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).
Leda, interpretada por Teca Pereira, é uma avó que carrega o peso da dolorosa perda de um filho, enquanto sua neta Cecília, vivida por Luiza Loroza, enfrenta o luto de maneira distinta. Entre elas, surge um diálogo emocional profundo, que transcende gerações e explora memórias compartilhadas e divergentes.
“Esse espetáculo é sobre relações – sobre relação de avó e neta, relação com a morte, com a cozinha, com a religião. A gente vai se transformando nos nossos, a gente vai se vendo. Escrever com a Renata Andrade foi um doce exercício de memórias, em que fomos lembrando histórias das nossas famílias”, comenta Thaís Pontes, que escreveu a dramaturgia ao lado de Renata Andrade.
Para o diretor Luiz Antonio Pilar, a concepção de “Mãe baiana” emerge da riqueza do texto, que revela os conflitos de gerações e conceitos entre Cecília, uma jovem de 20 e poucos anos, e Leda, sua avó octogenária. “Um conflito que não significa necessariamente violência ou brigas, mas as diferenças de ideias de tempos que já passaram. São dois mundos diferentes que hoje estão no mesmo espaço”, analisa Pilar. A montagem também aborda questões raciais sob uma perspectiva inovadora e necessária.
“Me ressinto com a dramaturgia nacional que quando vai falar do negro, principalmente o urbano, é sempre no conflito da violência. A questão nunca é contraditória ou está na diferença de perspectiva. É sempre no jovem negro matando ou morrendo, da família desconstruída, da falta de afeto. Em ‘Mãe baiana’ o conflito está inserido numa sociedade cotidiana e na família geracional, constituída por mulheres, convivendo no mesmo espaço”, finaliza Pilar. O espetáculo se torna, assim, uma poderosa reflexão sobre pertencimento, memória e identidade, entrelaçando vivências e desafios cotidianos com afeto e respeito às diferenças.
“Mãe Baiana” estará em exibição até o dia 26 de janeiro, todas as sextas-feiras às 19h e aos sábados e domingos às 18h. No dia 11 de janeiro, haverá uma sessão especial com interpretação em libras. O primeiro ato da trilogia, “Mãe de Santo”, encerrado no último domingo (5), ganhará uma sessão extra no dia 26 de janeiro, às 15h.
Além da estreia, a programação cultural está recheada de atividades especiais. Na quinta-feira, dia 9, acontece o debate “Mulheres Sagradas”, das 17h às 19h, com a mediação de Maitê Freitas e participação de Mãe Márcia Marçal e Luana Xavier. Já no domingo (12), das 10h às 12h, a oficina “O Encanto das Ervas”, conduzida por Mãe Márcia Marçal, promete enriquecer ainda mais a experiência com saberes tradicionais.
Ocupação acontece desde dezembro
A programação, que teve início em dezembro de 2024, oferece uma experiência imersiva e diversa, destacando a força e a riqueza da cultura preta. Composta pelas peças “Mãe de Santo”, “Mãe Baiana” e “Mãe Preta”, a trilogia é complementada pela exposição “Baobá de Memórias – uma homenagem à Léa Garcia”. Esta instalação sensorial reúne fotos de cena, bastidores, figurinos, áudios e uma estante de obras de autores negros, especialmente mulheres. No centro da exposição, um imponente baobá adornado por mais de 300 flores pendulares convida à reflexão. Além disso, o público pode conferir o último trabalho audiovisual de Léa Garcia, “Mãe Baiana”, que permanece em cartaz até 25 de janeiro de 2025, com sessões de 1 hora de duração. Durante os eventos de oficina, palestra, debates e discotecagem a exibição do filme “Mãe Baiana” será suspensa.
Com entrada gratuita, a ocupação celebra os 80 anos da filósofa Helena Theodoro, destacando sua filosofia e a valorização das múltiplas dimensões da mulher negra. Para Helena, a ocupação é um marco para ampliar o acesso à filosofia africana. “Essa ocupação é uma oportunidade incrível para celebrar e ampliar o conhecimento público sobre a filosofia africana, especialmente por meio destes espetáculos que exaltam as múltiplas dimensões da mulher: política, sagrada e secreta. Essas filosofias coexistem em uma única mulher, e isso reflete a visão africana de que a mulher não se limita a um papel que equivale ao senso comum patriarcal. Ela pode ser política, espiritual, e desempenhar muitas outras funções”, declara a homenageada.
Com a “Trilogia Matriarcas”, o Centro Cultural Banco do Brasil reafirma seu compromisso com a valorização da cultura preta, proporcionando uma experiência que conecta arte, conhecimento e transformação social, consolidando-se como um espaço de celebração das diversas vozes que enriquecem a identidade cultural brasileira.
Ao destacar o legado de Helena Theodoro, o Centro Cultural Banco do Brasil celebra a história de resistência e sabedoria da cultura afro-brasileira, oferecendo ao público uma experiência enriquecedora que conecta arte, conhecimento e transformação social. Essa iniciativa fortalece o papel do CCBB como um espaço de valorização e celebração das múltiplas vozes que compõem a identidade cultural brasileira.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA – OCUPAÇÃO TRILOGIA MATERNAS
De 06 de dezembro de 2024 até 23 de fevereiro de 2025.
EXPOSIÇÃO
BAOBÁ DE MEMÓRIAS – UMA HOMENAGEM À LÉA GARCIA | Térreo Anexo | Livre
De 06 de dezembro a 25 de janeiro de 2025.
Todos os dias, exceto às terças, das 9h às 20h
*A exposição será suspensa durante os eventos de discotecagem.
CINEMA
EXIBIÇÃO DO FILME “MÃE BAIANA” com Léa Garcia e Luana Xavier | 1ª andar Anexo | 40 min | 12 anos | 70 lugares
De 06 de dezembro a 25 de janeiro de 2025.
Todos os dias, exceto às terças | Exibição de hora em hora
*A exibição do filme “Mãe Baiana” será suspensa durante os eventos de oficina, palestra, debate e discotecagem.
TEATRO
Mãe de Santo
19 de dezembro 2024 a 5 de janeiro 2025
quinta e sexta às 19h | sábado e domingo às 18h
Sessão extra 26/jan às 15h
50 minutos | 12 anos | Teatro | 120 lugares
Mãe Baiana
10 a 26 de janeiro 2025
sexta às 19h | sábado e domingo às 18h
50 minutos | 12 anos | Teatro | 120 lugares
Mãe Preta
30 de janeiro a 23 de fevereiro 2025
Quinta e sexta às 19h | Sábado e domingo às 18h
50 minutos | 12 anos | Teatro | 120 lugares
DEBATES
Mediação Maitê Freitas
Dia 09/01, quinta-feira – “Mulheres Sagradas”, com Mãe Márcia Marçal e Luana Xavier | 17h às 19h | Livre | 1º andar Anexo | 70 lugares
Dia 16/01, quinta-feira – “Mulheres Políticas”, com Sueli Carneiro e Katiuscia Ribeiro | 17h às 19h | Livre | 1º andar Anexo | 70 lugares
Dia 23/01, quinta-feira – “Diversidade Feminina”, com Sara York e Sanara Santos | 17h às 19h | Livre | 1º andar Anexo | 70 lugares
PALESTRA
OFICINAS
Dia 12/01, domingo – “O Encanto das Ervas”, com Mãe Márcia Marçal | 10h às 12h | Livre | 1º andar Anexo | 70 lugares
Dia 19/01, domingo – “Artesanato: Ancestralidade pelas mãos”, com Andreia da Silva Luiz | 10h às 11h30 | Livre | 1º andar Anexo | 70 lugares
MÚSICA
Dia 08/01, quarta-feira – Atração musical com Maryzélia Conceição (voz, violão e percussão) | 19h às 20h | 12 anos | Teatro | 120 lugares
Dia 15/01, quarta-feira – Atração musical com Fabiana Cozza (voz e cavaco) | 19h às 20h | 12 anos | Teatro | 120 lugares
Dia 18/01, sábado – Cortejo da Escola de samba Mocidade Unida da Mooca | 16h às 17h | Livre | Trajeto Praça do Patriarca até Rua da Quitanda, 70
Dia 18/01, sábado – Discotecagem com Evelyn Cristina | 19h às 20h | 12 anos | 1º andar Anexo | 70 lugares
Dia 22/01, quarta-feira – Atração musical com Marina Iris (voz e violão) | 19h às 20h | 12 anos | Teatro | 120 lugares
Dia 25/01, sábado – Discotecagem com Evelyn Cristina | 19h às 20h | 12 anos | 1º andar Anexo | 70 lugares
Dia 05/02, quarta-feira – Atração musical com Fabíola Machado (voz, violão e percussão) | 19h às 20h | 12 anos | Teatro | 120 lugares
Ficha técnica
Mãe de Santo: Argumento: Helena Theodoro | Texto: Renata Mizrahi | Direção: Luiz Antonio Pilar | Elenco: Vilma Melo| Direção Musical: Wladimir Pinheiro | Direção de Produção: Bruno Mariozz | Iluminação: Anderson Ratto | Figurino e cenário: Clívia Cohen | Instalação de turbantes: Renata Mota | Programação Visual: Patricia Clarkson |Design Gráfico: Rafael Prevot | Idealização: Bruno Mariozz e Vilma Melo | Produção: Palavra Z Produções Culturais
Mãe Baiana: Argumento: Helena Theodoro | Texto: Thaís Pontes e Renata Andrade | Direção: Luiz Antonio Pilar | Elenco: Teca Pereira e Luiza Loroza | Direção Musical: Wladimir Pinheiro | Direção de Produção: Bruno Mariozz |Diretora Assistente: Lorena Lima | Iluminação: Anderson Ratto | Figurino e elementos cenográficos: Clívia Cohen | Cenário: Renata Mota e Igor Liberato | Programação Visual: Patricia Clarkson |Design Gráfico: Rafael Prevot | Idealização: Bruno Mariozz e Vilma Melo | Produção: Palavra Z Produções Culturais
Mãe Preta: Argumento: Helena Theodoro | Texto: Valesca Lins | Direção: Lucelia Sergio | Elenco: Teca Pereira, Luiza Loroza e Vilma Melo | Direção de Produção: Bruno Mariozz | Iluminação: Anderson Ratto | Programação Visual: Patricia Clarkson |Design Gráfico: Rafael Prevot | Idealização: Bruno Mariozz e Vilma Melo | Produção: Palavra Z Produções Culturais
Serviço
Trilogia Matriarcas
Local: Teatro CCBB SP e Anexo| Centro Cultural Banco do Brasil
Endereço: Teatro | Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico – SP
Anexo | Rua da Quitanda, 80 – Centro Histórico – SP
Entrada gratuita
Ingressos: Retirada de ingressos em bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB
Duração conforme o evento
Classificação de acordo com o evento
Capacidade de acordo com o evento
Acessibilidade: Teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.