
Foto: Grazielle Salgado
A banda inglesa Tindersticks leva ao público desde 1992 o seu rock alternativo marcado por baladas melódicas e traços de jazz e pop barroco.
Pela primeira vez no Brasil, a banda composta por Stuart Staples, David Boulter e Neil Fraser se apresentou aos fãs no Memorial da América Latina no último dia 16 e estudantes da SP Escola de Teatro estiveram presentes no show.
À comunicação da SP Escola de Teatro, o vocalista e guitarrista Stuart Staples falou um pouco da relação entre teatro e música:
Vocês apreciam a música brasileira? Algum artista brasileiro já inspirou o trabalho de vocês?
A música brasileira conquistou o mundo todo. É uma voz única e seria muito difícil para qualquer músico não ser afetado por ela. Para meu trabalho, não sou influenciado muito por gêneros e nem por um trabalho de um artista em particular, sim por momentos únicos que me paralisam e me fascinam. Eu tive um desses momentos de fascinação recentemente ao escutar uma nova gravação do Seu Jorge feita por Mario Caldato Jr. Aquilo só me fez pensar: o que eu estou fazendo de errado!?
Aqui na SP Escola de Teatro, nós temos estudantes não só de áreas como atuação, direção e dramaturgia, como também em áreas técnicas como luz, som e cenotecnia. Como um artista, como você vê a importância de elementos como iluminação, qualidade do som e design de cena na construção de uma apresentação musical de alto nível?
São muito importantes. Nossos técnicos são parte da nossa família e nós trabalhamos juntos para criar um som e uma atmosfera perfeitos para cada apresentação. Para mim, um dos mais importantes é o técnico responsável pelo som do palco. Somos muito sensíveis no que tange a audição de nossa própria música e ela precisa existir no palco o mais próxima possível de como ela soa em nossa cabeça. O técnico de som tem o trabalho mais difícil! Mas a luz também é essencial. Se ela estiver errada, atrapalha o estado que você está tentando criar para aquela música e aquele momento.
Músicos e cantores também performam no palco, quase como atores ou artistas performáticos? Qual o seu segredo para criar essa energia que perpassa seu corpo, sua voz e sua presença de palco na frente de um público de milhares?
Talvez, para alguns cantores, estar no palco seja o que os motiva mais e isso os leva a fazer um trabalho melhor ali em cima. Para mim, minha motivação primária é criar. Eu tive de aprender – e ainda estou aprendendo – em como estar no palco. Eu entendo o lado performático no palco, mas quando estou imerso na música, não me sinto um performer, mas sim uma espécie de material condutor que liga a música à plateia. Para mim, quando um show é bem-sucedido, é quando essa barreira entre mim e o público é derrubada. É sobre criar um sentimento dentro daquele pequeno espaço. Mas para isso acontecer, mil detalhes precisam estar alinhados perfeitamente!