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A Escola / RETROSPECTIVAS



Trajetória 2021 – Desafios e Superação


2021 foi um ano de muita instabilidade, mas com muita notícia boa também. Com a descoberta e distribuição da vacina, a esperança do retorno e a gradual retomada presencial, novos desafios surgiram. Os profundos impactos gerados pela pandemia afetaram o setor cultural, educacional e artístico, assim foi necessário buscar novas soluções e colocar em prática o aprendizado adquirido durante esse tempo tão peculiar vivenciado por todas e todos.

Neste período, a SP Escola de Teatro seguiu com suas atividades em ambiente digital e, pioneira, buscou formas de se manter atuante, dando continuidade às aulas do curso técnico de forma híbrida, além de lançar cursos de curta duração, eventos formativos e ações culturais de grande repercussão social.

O uso extensivo e indispensável do espaço digital foi um fator que possibilitou a abertura de diversas portas, não somente no âmbito social, relacional e pedagógico, mas também no de produção artística. Com o aprimoramento do uso da Internet, a escola utilizou as ferramentas online em toda sua potencialidade, seja no papel de assegurar a educação como serviço essencial, seja na catalisação do poder que as plataformas oferecem de unir diferentes mundos e realidades distintas.

Além disso, a instituição se manteve sempre em consonância com o contemporâneo: reaprender, recriar, repensar, readaptar, resistir e revolucionar são verbos que estiveram frequentes no vocabulário da escola durante este ano e que continuarão estando enquanto existirem barreiras e obstáculos a serem superados no processo de ensino e aprendizado interativo, dinâmico, sensível e atual a que se pretende o estudo das artes do palco realizado na SP Escola de Teatro.

Assim, em 2021, fizemos história, foram mais de 645 mil visualizações no site da escola, 63 mil visualizações de vídeos no Youtube, 120 bolsas auxílio concedidas aos estudantes do curso técnico, mais de 10 mil horas-aula ministradas, mais de 900 estudantes participaram do curso técnico e de cursos e oficinas de Extensão Cultural e Extensão Circense, 27 mil atendimentos nas ações virtuais do período, tais como Territórios Culturais, eventos formativos online e mesas de discussão e a satisfação com os atendimentos pedagógicos foi de cerca de 97,5%. Todo esse triunfo ocorreu apesar do caos sócio-político instaurado no contexto brasileiro; mostra-se, então, que a instituição têm sido um agente de mudança social e trazido esperança para o meio cultural. No entanto, esse trabalho não poderia ter sido realizado se não fosse a grande união e parceria entre a equipe pedagógica, estudantes, colaboradores e parceiros, que muito ajudaram a construir mais um ano de sucesso nesta incrível desta trajetória.

Em vista das adversidades impostas pelo contexto que nos cerca, como a dificuldade no acesso à internet ao ensino remoto, a questão da saúde mental que envolve o isolamento, entre muitas outras, a SP têm sido um espaço de reinvenção e reelaboração da forma de estudar, ensinar e se relacionar com o outro. Ambos os espaços, tanto o digital quanto as experiências presenciais que ocorreram com a flexibilização do isolamento social, se tornaram para estudantes, pedagogos e artistas um ambiente de alivio, resistência e redescoberta.

Após tanto tempo de isolamento, reaprender a se relacionar presencialmente têm sido um processo interessante de reconexão. As cicatrizes do duro processo de luta contra a COVID têm trazido reflexões, aprendizados e novas maneiras de pensar a arte performática e teatral, que certamente farão parte da nova realidade que se apresenta no pós-pandemia.

Palco e Memória



2021 trouxe muitos momentos de mudança e renovação, mas também de grandes conquistas.

Ainda marcados pelas inúmeras perdas do ano anterior,  2021 foi um período de prestar homenagens. Em janeiro, a escola lançou o livro “Teatro de Grupo na Cidade de São Paulo e na Grande São Paulo: Criações Coletivas, Sentidos e Manifestações em Processos de Lutas e de Travessias”. A publicação é um registro histórico, o conteúdo fala do repertório, processo criativo e método de trabalho de 194 coletivos locais. Além de toda a potência e importância que traz a publicação da obra, foi feita em conjunto a inauguração do selo “Lucias”, uma iniciativa da SP para honrar Lucia Camargo, grande expoente do teatro brasileiro e uma das coordenadoras da Escola, que faleceu em 2020.

A instituição contou com uma grande cobertura da imprensa; o lançamento do livro resultou numa entrevista do diretor executivo da SP, Ivam Cabral, ao jornalista e apresentador Rodrigo Bocardi, no Bom Dia SP, transmitido pela Rede Globo.

Motivo de intenso orgulho para a SP, os estudantes brilharam muito em 2021, com uma prolífica produção artística desde o início do ano! Em janeiro, aconteceu a apresentação dos estudantes do curso técnico na Mostra de Teatro Digital. Os alunos da SP produziram criações cênicas voltadas para o trabalho do ambientalista, escritor e líder indígena Ailton Krenak, e os espetáculos foram transmitidos de forma digital.

O músico Tom Zé prestigiou o início do semestre letivo do curso técnico e o evento foi transmitido nos canais digitais, com mediação dos coordenadores Marici Salomão e Guilherme Bonfanti. Foram feitas mesas de discussão com temáticas atuais e urgentes, como “obsolescência programada” e “comunicação não violenta”.

Nos projetos complementares e de extensão da escola, pode-se incluir a 9ª edição da SP Transvisão, ação que celebra a diversidade e o respeito que a Instituição tem com as pessoas trans. O projeto é uma parceria com a Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa, com a Secretaria de Justiça e Cidadania e conta com o apoio de grupos e entidades de luta pelos direitos humanos.

O ensino remoto trouxe desafios, mas também possibilitou uma nova maneira de se relacionar com o mundo e de enxergar possibilidades das mais diversas perspectivas. O intercâmbio virtual Teatro Telemático Brasil-Suíça-Cingapura foi uma delas, realizado pelo departamento de projeto internacionais da Instituição. Em 2021, ele deu aos estudantes da escola a oportunidade de participar de aulas práticas e simultâneas com a Universidade das Artes de Zurique (ZHdK) e a Faculdade das Artes de Cingapura (LASALLE), ampliando os horizontes e acessando conhecimentos sobre tecnologia, distopia e a cultura cyberpunk.

Em ambientes majoritariamente digitais ocorreram inúmeros eventos formativos, cursos de curta duração e ações culturais que obtiveram um número expressivo de espectadores. Em maio, tivemos a 1ª Mostra Aldir Blanc na SP Escola de Teatro que contou com cerca de 1000 participantes de diferentes estados, composto por 12 espetáculos das cinco regiões brasileiras que foram analisados por 12 comunicadores digitais convidados. O evento foi de suma importância, pois marcou o aumento da influência da escola, que atingiu  um novo público, não tão familiarizado com o teatro, e de fora do eixo Rio-São Paulo.

A Mostra de Experimentos Cênicos realizada em julho, pelos estudantes da SP, também foi de muito sucesso, com cerca de 4000 espectadores, a temática abordada foi de suma importância na contemporaneidade sobre comunicação e consumo. O trabalho foi realizado em cima das obras do dramaturgo Mark Ravenhill e Lucas Bambozzi, e as montagens foram apresentadas através da plataforma Sympla da Instituição, com acesso gratuito. Nesse mesmo mês foram divulgados os resultados finais dos aprovados no Processo Seletivo da Escola, com a aula inaugural em agosto com a participação dos renomados artistas Dani Ornellas e Jeferson De.

Por fim, a SP Escola de Teatro iniciou a programação de celebração dos 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922, com seminários, residências artísticas, leituras dramáticas, performances, ações nas redes sociais, entre outras manifestações artístico-pedagógicas.

Alguns dos ilustres profissionais convidados este ano foram:
Aldrey Hibbeln, Alicio Silva, Aline Filócomo, Alvaro Assad, André Fischer, Abigail Leal, Gabriela Argento, Gloria Amaral, Gregory Slyvar, Heron Demétrius, Hailey Kaas, Helder Aragão (DJ Dolores), Janaina Leite, Jé de Oliveira Malu Bazan, Márcio Tadeu, Maria Bonomi, Anderson Claudir, André Mendes, Cezar Renzi, Christian Landi, Clayton Nascimento, Daniela Biancardi, Denise Mattar, Denizart Fazio, Eliana Monteiro, Gabriel Cândido, Higor Lemos.

 

 

 

Prêmios e Realizações



Durante esses 11 anos de atuação, a SP Escola de Teatro tem objetivado trazer a diversidade étnica, racial e sexual, não somente como pauta constante nos eventos promovidos pela escola, mas também na prática. Em 2021, a Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), organização social que administra a SP Escola de Teatro, recebeu o Selo Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania. O Selo certifica instituições privadas que têm no quadro de profissionais ao menos 20% de pessoas negras em diferentes níveis hierárquicos e funções. Ivam Cabral, diretor executivo da escola, comemora a titulação e a enxerga como um marco que estimula a sociedade na construção de uma realidade mais igualitária.

Dentre as realizações de projetos internacionais destaca-se o Alexandria Nova. Desde setembro de 2020, estudantes do curso técnico de direção estão participando de sessões chamadas “Alexandria Mondays”, constituídas por aulas e seminários com professores e alunos de oito países europeus. A SP  é a única instituição não europeia a participar do projeto; sob coordenação da Hochschule für Schauspielkunst Ernst Busch ocorrem simpósios, aulas virtuais e até a produção de um livro sobre encenação.

Em projetos especiais, os destaques foram a 1ª edição da Semana Ismael Ivo- Web Seminário de Dança, evento que reuniu importantes nomes da dança em conversas sobre a arte e suas reverberações e influência, assim como toda a programação que celebra o centenário da Semana de 22, como a exposição Universo Pagu, em exibição na Sede Brás da SP, e os projetos Leituras Modernistas e Residências Modernistas.

Além disso, a escola também promoveu inúmeros cursos de extensão de curta duração,  de todas as áreas do teatro e de outras esferas artísticas, como circo, quadrinhos, dança, moda, produção e até de gestão e história. Em uma pesquisa de satisfação empreendida pelo Programa Kairós o índice de satisfação chegou a 100% entre os participantes dos cursos.  Dentro dos cursos promovidos no segundo semestre destacam-se o de Manipulação e Criação do Bambolê, com Pipa Luke, e Laboratório de criação circense para artistas LGBTQIA+, o que marca uma das inciativas da escola de fomento à arte performática e circense.

Integrantes do Conselho da Adaap (Associação dos Artistas Amigos da praça), que gere a instituição, conquistaram importantes prêmios em 2021. Eles foram agraciados na 11º Prêmio Governo do Estado de São Paulo, promovido pelo governador de São Paulo, João Dória, e o Secretário de Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão. Maria Adelaide Amaral, integrante do Conselho da Adaap, escritora, dramaturga e novelista, foi agraciada com a Medalha Mário de Andrade, e Danilo Santos de Miranda, também integrante do Conselho da Adaap e diretor geral do Sesc São Paulo, recebeu o prêmio em Formação e Capacitação em Arte e Cultura, pelo Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo. Eduardo Saron, integrante do conselho da Adaap, foi indicado na categoria Inovação e Tecnologia em Arte e Cultura, pelo conjunto de atividades do Itaú Cultural.

Entre os coordenadores, Miguel Arcanjo Prado, coordenador de extensão cultural e projetos especiais, venceu o 15º Prêmio África Brasil na categoria Jornalismo. Organizado pelo Centro Cultural Africano, sob direção do rei nigeriano Kábíyèsí Ọba Adekunlé Aderonmu, a premiação condecorou oito personalidades que contribuem para a valorização das relações entre África e Brasil e dos afrodescendentes.

Esse ano a comunicação da escola também foi fundamental e atuante, tendo sido indicada na categoria Escola de Teatro ao Prêmio Destaques da Comunicação da plataforma Teatro Já.

 

Reflexões


2021 para SP Escola de Teatro foi um momento de resistência e reelaboração. A readaptação das estruturas pedagógica e administrativa para um formato digital permaneceu e foi anexada a uma nova maneira de se enxergar o mundo e o aprendizado do fazer teatral. Assim como a retomada presencial, que foi efetiva e inteligente, sendo adotada em aulas e atividades em que o cara a cara, presencial, é extremamente necessário.

Atuante e produtiva, a instituição manteve as aulas do curso técnico e também ocorreram os bem-sucedidos cursos de curta duração, para o enriquecimento intelectual dos estudantes e interessados. Os eventos educativos, culturais, artísticos e de entretenimento ocorreram no formato híbrido, portanto online e, a medida que o isolamento foi flexibilizado, presencial. Apesar do infortúnio da carência de um contato humano próximo e físico, o formato digital e as inúmeras transmissões de eventos significativos e importantes culturalmente ficaram registrados nas plataformas de streaming na SP, compondo assim, de maneira democrática e operante, o patrimônio cultural brasileiro.

Nesse período, a escola apoiou o Teatro Digital observando e se questionando sobre essa nova linguagem artística que ainda está em processo de amadurecimento. Tal troca, possibilitada por essa nova proposta, foi determinante para encontros que trouxeram grande enriquecimento individual e coletivo, com pessoas de diferentes partes do Brasil e do mundo.