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A Escola / RETROSPECTIVAS



Encontros


A pedagogia de formação contínua é eixo central da SP Escola de Teatro. Assim, o processo de aprendizado vai além da sala, estendendo-se a projetos externos, sejam eles nos palcos da própria São Paulo, de outros estados ou até no exterior. Assim, em 2019, criamos a Mostra SP Escola de Teatro, realizada entre 30 de julho e 2 de agosto, no Teatro Sérgio Cardoso, com uma programação de espetáculos produzidos por estudantes dos cursos profissionalizantes da instituição.

Os trabalhos foram desenvolvidos ao longo do segundo semestre de 2018, a partir da temática do etarismo – o preconceito contra idosos, cada vez mais presente nos debates contemporâneos sobre direitos, igualdade, corpo e gênero.

No âmbito internacional, dentro dos projetos de intercâmbio com outros países (trabalho desenvolvido em perspectiva crescente, ao longo de uma década de Escola), um dos destaques do ano foi o colóquio luso-brasileiro sobre inclusão na arte, com o tema “Quem inclui quem?”.

Criado em parceria com o Centro de Estudos Arnaldo Araújo da Escola Superior Artística do Porto (Esap), o evento, desdobrou-se em duas etapas, uma em Portugal e outro no Brasil. Na primeira, em outubro, o diretor executivo da SP Escola de Teatro, Ivam Cabral, o coordenador pedagógico Joaquim Gama e a artista docente convidada Adriana Vaz viajaram até a instituição portuguesa para falar sobre o modelo de educação integrativa da Escola. Lá também participaram outros pesquisadores e artistas, como o poeta e músico Carlos Tê e os pedagogos teatrais Hugo Cruz e Jorge Louraço.

Na segunda etapa do colóquio, em São Paulo, em novembro, artistas, autoridades, gestores culturais e pesquisadores participam de painéis, nos quais discutiram políticas e experiências de acessibilidade, com exemplos de atuação de pessoas transgênero, pessoas com deficiências e detentos do sistema prisional. De Portugal veio a professora e diretora artística portuguesa Luísa Pinto, da Escola do Porto – que lançou também em São Paulo o filme “O Filho Pródigo”, desenvolvido com atores profissionais e presos portugueses.

Na passagem pelo Brasil, Luísa Pinto ainda participou da leitura dramática do espetáculo “Anna, Você Pode Ficar!”, de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, junto com a atriz Patrícia Pillar, e estreou como diretora a versão brasileira de “A Decadência dos Seres Não Abstratos”, dramaturgia de Marcio Aquiles, em que questiona os limites entre o concreto e o alegórico.

Outros nove projetos de intercâmbio internacional foram desenvolvidos e executados neste ano de 2019, dentre os quais parcerias com universidades da Suécia, Suíça e Finlândia. É o caso da primeira experiência de aula por vídeo entre os estudantes do curso de Direção da SP Escola de Teatro e os estudantes da Universidades das Artes de Zurique. Juntos, sob orientação dos professores e coordenadores, Rodolfo García e Peter Ender, os dois grupos apresentaram cenas, debateram e propuseram improvisos ao vivo para os colegas do outro lado do oceano.

Veja outros números de 2019:

Dados atualizados até setembro de 2019.

Reflexões


Atenta às discussões sociais contemporâneas, a SP Escola de Teatro escolheu como temáticas de trabalho em sala de aula, neste ano, o “Faz de conta na infância: O imaginário nos jogos teatrais” e “Necropolítica”, no primeiro e no segundo semestre, respectivamente.

A pedagogia da Escola toma como base esses temas para nortearem os debates teóricos e o desenvolvimento dos experimentos cênicos, criados pelos grupos de estudantes e encenados.

No primeiro semestre, as investigações cênicas tiveram como base de estudo a pesquisa da teatróloga e professora da USP Ingrid Koudela. No segundo semestre, foram estudos os textos do filósofo Achille Mbembe.

Tião Carvalho, Antônio Lucatto e Yuri Carvalho, do Grupo Cupuaçu, na SP Escola de Teatro. (Foto: Jonas Lírio/SP Escola de Teatro)

Para fundamentar na prática os estudos temáticos, ao longo do ano, também recebemos a visita de artistas e pesquisadores cujos trabalhos estão interligados às discussões citadas acima. É o caso do mestre maranhense Tião Carvalho, que comandou várias brincadeiras populares do Nordeste brasileiro e falou de sua ligação com as danças tradicionais de sua terra, como o Bumba-Meu-Boi e o Cacuriá, das pesquisadoras e militantes no movimento negro, Rosane Borges e Dina Alves, e do bloco afro Ilu Obá de Min, cujas integrantes ministraram oficina de corpo e ancestralidade aos estudantes de Humor.

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Corpo e ancestralidade são temas de uma oficina incrível que Adriana Aragão, Beth Beli e Mafalda Pequenino, integrantes do Ilú Obá De Min (@iluoba), têm dado aos estudantes do curso profissionalizante de Humor. O batuque dos tambores, as expressões corporais, a ritualidade e a mitologia dos orixás fazem parte dos encontros semanais. ⠀ ⠀ As "mãos femininas que tocam tambor para Xangô", que é o significado do nome do bloco em iorubá, o Ilú foi fundado em 2004 e se baseia no resgate da tradição da cultura negra e das influências africanas na identidade brasileira — como o candomblé, o jongo, o maracatu e a ciranda. Elas desfilam todo ano pelas ruas do centro da capital. ⠀ ⠀ 🎥 @henrique_mello ⠀ __⠀ #Adaap #CulturaSP #MaisCultura #MaisSP #SPEscoladeTeatro⠀

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ABERTURA

Como já é tradição na SP Escola de Teatro, a cada semestre, os estudantes são recebidos para o novo período letivo em uma aula inaugural, com presença de convidados especiais. Em fevereiro, o cantor e compositor Zeca Baleiro participou do bate-papo, e em agosto, 11 artistas egressos dos cursos regulares estiveram no encontro: Lilian Prado, Gabriel Cândido, Fabiano Muniz, Miguel Rocha, Carol Andrade, Danielle Meirelles, Alicio Silva, Carol Pitzer, Dione Carlos, Angélica Muller e Clau Carmo.

Palco e memória


De mágica a mapeamento de vídeo, passando pela direção de arte, comunicação cultural e crítica teatral. Em 2019, seguindo a vocação de democratizar o acesso à formação artística, a SP Escola de Teatro ofereceu cerca de 30 cursos de extensão cultural, mobilizando centenas de participantes — artistas profissionais, amadores e também a comunidade em geral. Tudo gratuito e acessível a todos.

Espaço de formação por excelência, a Escola também abriu as portas para 18 espetáculos, que cumpriram temporada nas salas Alberto Guzik, Vange Leonel, Antonio Pompêo e Hilda Hilst, na unidade Roosevelt, além de apresentações artísticas, debates e lançamentos de livros, em Território Culturais, tanto na Roosevelt, quanto na unidade Brás.

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Entre os destaques da programação especial deste ano está a inauguração do Acervo Antonio Abujamra, em maio. Em uma sala individual projetada pelo cenógrafo JC Serroni, no Brás, foi acomodada a coleção pessoal do ator e diretor, morto em 2015. Mais de 10 mil objetos estão disponíveis à visitação e consulta, incluindo cerca 760 CDs, 720 DVDs, 5.400 livros e 3.100 peças de vários autores. O evento de lançamento do acervo contou com a presença dos familiares e amigos de Abujamra.

Outros números de 2019:

Dados atualizados até setembro de 2019.

 

Início do futuro


Cena da aula em vídeo entre os estudantes de Direção da SP Escola de Teatro e os estudantes da Universidade das Artes de Zurique.

Dois mil e dezenove marcou um novo tempo, na SP Escola de Teatro. O início do futuro. Este foi o primeiro dos cinco anos do novo contrato de gestão da Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap) para o projeto da Escola, após convocatória lançada em 2018 pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo. E, mais ainda, 2019 abre as celebrações de 10 anos da primeira turma desta instituição que se tornou referência na formação em artes cênicas, na América Latina.

Estamos ansiosos para comemorar 2020. E há muita novidade chegando. Será um ano especial, sem dúvidas. E enquanto o aguardamos, relembramos 2019 com enorme carinho, com o sentimento de completude e a certeza de que muito poderemos fazer adiante.

Aqui, você confere uma breve retrospectiva deste ano.