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Lucia Helena

Publicado em: 20/02/2013 |

Lucia Helena Fortes da Silva, 48 anos, acorda com um sorriso no rosto, pontualmente, às  5h da manhã para viajar de Poá, município da Grande São Paulo, rumo à SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes no Palco, onde é conhecida por servir o café mais esperado do dia (sempre com aquele sorriso no rosto). Morou sua vida inteira no mesmo lugar, dividindo o quintal com seus dois irmãos, concretizando, assim, o sonho de seu pai: o de ver os três filhos morando nas casas que ele mesmo construiu para cada um deles.

Atualmente divorciada, Lucia foi casada por 26 anos e durante todo esse tempo fez “bicos” em casas com crianças e idosos, pois nunca quis um emprego fixo, com o qual precisasse deixar a rotina de sua família para cuidar de outra. Tudo foi mudando ao longo do tempo. Hoje, ela diz que, com as filhas já criadas, quer cuidar mais dela mesma.

Há pouco menos de dez anos, percebeu que precisava de um emprego com carteira assinada, que lhe desse mais segurança e estabilidade financeira. A busca durou dois longos anos, deixando-a desanimada muitas vezes, quando percebia que não era contratada por ter mais de 40 anos. “Eu sofria discriminação, as pessoas precisavam do meu serviço, mas não me contratavam por causa da idade”, conta.

Entrou na Escola por uma empresa terceirizada, para trabalhar na equipe de limpeza. Depois de dois anos e nove meses, a boa-nova: surgiu uma vaga para trabalhar na Copa, como funcionária da SP Escola de Teatro. Sua filha enviou o seu currículo e ela foi selecionada para a vaga. “Foi uma alegria só! Meu salário melhorou e eu comecei a ter mais qualidade de vida, não pego mais tanto no pesado, tenho menos dores no corpo”, relata. Entre conversas e cafés, Lucia arrumou uma amiga fiel: a cachorra Cacilda, mascote da Escola. “Hoje (19), a Cacilda foi passar uma temporada na Sede Roosevelt. Mas já estou sentindo uma falta imensa dela”, diz, com lágrimas nos profundos olhos azuis.

E agora, com a vida mais estabilizada, Lucia planeja alugar sua casa e vir morar no Centro de São Paulo, assim conseguirá tempo para fazer seu tão desejado curso de Paisagismo. “Quero trabalhar com as plantas. Sinto que a natureza é o contato direto com Deus. Fico renovada”, diz. Suas vontades não param por aí: ainda pretende fazer um álbum de fotos no ano que vem, quando completar 50 anos, e realizar o seu maior sonho: o de viajar de avião. Agora, nem o céu é mais limite para ela.

 



 

Texto: Giovanna Offer

 

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