Pela manhã, ele entra na sala, de óculos escuros, mochila embaixo do braço, cabelos quase sempre desarrumados – em uma tentativa de parecer despreocupado com a aparência. Após cumprimentar os demais funcionários, senta-se em sua cadeira e prepara-se para o dia de trabalho, colocando os óculos de grau com armação arredondada e bagunçando um pouco mais os cabelos. Se for uma sexta-feira, logo começam a tocar músicas dos Rolling Stones, AC/DC, The Black Crowes, Muddy Waters, entre outras bandas de rock e blues que estão na HD de seu computador.
A cena descrita é conhecida há tempos pelos que trabalham no departamento de Comunicação e Ideias da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. E seu protagonista é Eric Richard Perin Vecchione, o gerente do setor.
Arte e cultura sempre fizeram parte da vida do paulistano. Até correm em suas veias, afinal, é filho de Oswaldo Vecchione – músico fundador do Made in Brazil, uma das bandas pioneiras do rock no País – e Denise Mattar Perin, que sempre trabalhou com organização de eventos. “Essa origem me fez pensar como penso hoje, ter a cabeça ‘mais aberta’”, conta.
Sua história, apesar de iniciar na cidade de São Paulo, teve parte vivida no nordeste do Brasil. Aos 8 anos, Eric mudou-se para a Bahia com sua mãe, que, à época, era representante comercial de uma empresa. Permaneceu lá, morando em Salvador e, depois, na Ilha de Itaparica. Aos 12 anos, voltou para a Terra da Garoa, para ficar com o pai.
Aos 14, o adolescente, já experiente em mudanças, foi morar no município de Atibaia, onde ficou por dois anos, até chegar a São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, seu endereço hoje. “Cada lugar foi importante de acordo com a época em que eu estava vivendo. São Bernardo foi onde me estabeleci de vez, criei meu círculo de amizades”, revela.
A trajetória profissional de Eric ganhou forma em 2002, quando começou a trabalhar nas Oficinas Culturais da Terceira Idade, como produtor, cargo que ocupou até 2005 quando se tornou supervisor das Oficinas. Nesse meio tempo, formou-se em Publicidade e Propaganda na Universidade Paulista. “É a área que mais combina comigo. Sempre tive vontade de trabalhar com algo voltado para a criação”, diz.
De 2006 a 2009 trabalhou com a diretoria de comunicação das Oficinas. Até que a SP Escola de Teatro, que estava sendo criada, cruzou seu caminho. Esse contato ganhou força após conhecer Ivam Cabral e Erika Riedel, respectivamente, diretor executivo e diretora de Comunicação e Ideias na Escola. “Me ofereci para ajudar no projeto e começamos a pensar como seria o portal e outras coisas”, lembra. Quando a Instituição se instalou na Sede Brás, veio o convite para se transferir efetivamente para lá.
Por aqui, sempre voltou suas ações para o âmbito da comunicação, até alcançar a gerência do departamento. “Além de reforçar ainda mais meu lado humano, a ‘SP’ foi a minha grande realização até o momento. Aqui, consegui um trabalho na área em que sou formado e também a oportunidade de conviver com todos os artistas e pessoas que circulam pela Instituição. Sem falar da atmosfera que pulsa arte diariamente.”
Quando está fora da Escola, o palmeirense “roxo” não perde a chance de ver seu time jogar – apesar de ter sofrido uma decepção recente com a queda de seu time para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. “Também adoro estar com minha familia, com meus sobrinhos e meu afilhado. Isso me faz ficar bem comigo mesmo, faz eu me encontrar quando passo por um período de estresse.”
Mas seu grande hobbie, mesmo, é participar de eventos culturais, e, especialmente, assistir a shows de bandas como Saco de Ratos – sua preferida atualmente e que tem seu irmão na bateria –, Velhas Virgens e, claro, a liderada por seu pai.
Seus sonhos? Simples: Eric vive um dia por vez e procura fazer aquilo que o deixa feliz. “Não sei se tenho um grande sonho, mas o que mais me motiva é me envolver em coisas legais e conseguir resultados que me agradem.”
Texto: Felipe Del
