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Série Teatro de Grupo em São Paulo: conheça a Cia. Espaço Mágico

Publicado em: 22/03/2022 |

A Associação dos Amigos Artistas da Praça (ADAAP), que gere o projeto da SP Escola de Teatro, publicou em 2021 um importante registro para os coletivos teatrais da capital paulista e arredores, intitulado Teatro de Grupo na Cidade de São Paulo e na Grande São Paulo: Criações Coletivas, Sentidos e Manifestações em Processos de Lutas e de Travessias.

O livro, que faz parte do selo Lucias, reúne a história de 194 coletivos, com seus processos criativos, e artigos de 16 especialistas. Tal ato recupera e homenageia a cultura nacional e regional a partir da eternização da história do trabalho dessas companhias! A obra está disponível nas principais universidades e centros educacionais de Artes do Brasil e da América Latina, e está disponível em sua versão e-book no site da SP (AQUI).

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Para celebrar esse registro e apresentar ao público a história destes coletivos de teatro, a comunicação da SP Escola de Teatro preparou uma série que conta um pouco de cada grupo elencado no livro; Confira!

Companhia Espaço Mágico

A Cia Espaço Mágico nasceu a partir de duas experiências coletivas e essencialmente teatrais, ambas vividas pelo fundador da companhia o ator e diretor João Paulo Lorenzon.

A primeira foi em 2012, quando o artista foi indicado ao Prêmio Shell por sua interpretação como o escritor cego Jorge Luís Borges, na peça Eu vi o Sol Brilhar em Toda a sua Glória. A segunda foi em 2015, quando João protagonizou o espetáculo Nijinsky – Minha Loucura É o Amor da Humanidade, de Gabriela Mellão, espetáculo que foi o único escolhido para representar o Brasil no Festival Internacional de Avignon, na França.

Em seu relato ao livro, ele conta de onde veio a inspiração para criação dos espetáculos:

” Quando minha vó se foi, achei um livro com um labirinto e uma ampulheta na capa e quando abri, havia a letra dela em uma das páginas: Lindíssimo! Eu que achava minha avó lindíssima, quis saber mais quem era o lindíssimo dela. Era Borges, Jorge Luís Borges, o poeta cego”.

O argentino Jorge Luís Borges foi um dos poetas mais influentes do século XX, autor de muitas obras famosas e que marcaram a literatura moderna. Assim como muitos outros trabalhos da companhia Espaço Mágico, Eu vi o Sol Brilhar em Toda a sua Glória é uma homenagem a obra do autor latino.

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O diretor confessa que muitas peças do grupo nasceram a partir da sua necessidade pessoal de traduzir para o teatro o prazer que encontrava na leitura de contos, poemas, romances e diários. Genet, Márai, Bataille, Nijinsky, Drummond, Pessoa e Van Gogh foram outras personalidades nas quais também se inspirou e que lhe rendeu espetáculos. João explica como enxerga tal relação tão fundamental no processo criativo do grupo:

“É como se o teatro conversasse livremente com a literatura, as palavras escondidas nos livros com as encarnações e paisagens visuais, o tempo com o espaço, a arte com a vida, eu com minha avó”.

Em sua pesquisa teatral, um dos conceitos destrinchados é o espaço do teatro como um espaço de revolta; o autor faz um paralelo entre o absurdo da condição humana e o universo do sonho. Nesse contexto, o teatro é uma oportunidade de destruir as convenções, acabar com o enquadramento que a lógica do cotidiano impõe ao instinto profundo e inato que possuímos como seres humanos. Ele explica a preferência que têm pelos personagens desajustados, desalinhados e pelas figuras à margem da sociedade:

“O absurdo é não ser estranho” pontua. “O teatro não vem só nos divertir, vem nos inflamar”.

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No relato, o autor também explica o processo de construção poética de suas montagens, além das inúmeras inspirações advindas de seus mestres Antônio Januzelli, Isabel Setti, Elias Andreato, Cacá Carvalho, Alan Victor Meyer, Mauricio Mancioli e Lucia Chedieck, os quais reverência e atribui muito dos conhecimentos que servem de base para a material de pesquisa cênica do grupo. O pontapé para produção artística sempre nasce de um fragmento literário e, mais propriamente, das palavras, conforme explica João:

“Sim, das palavras… Palavras que depois ganham corpo e dão corpo a paisagens visuais.”

Esse teatro que, segundo o autor, é a abertura para o absurdo, têm raiz nesse rico campo literário que o encanta desde a infância, na qual já possuía o ímpeto de compartilhar tais palavras com o mundo.




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