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Marcio Tito, artista egresso de dramaturgia da SP, escreve crítica teatral sobre o espetáculo Sapathos, da Cia Os ZZZlots

No último final de semana, o dramaturgo, diretor e artista egresso da SP, Marcio Tito, escreveu uma crítica teatral sobre o espetáculo Sapathos, da Cia. Os ZZZltos, para o site Deus Ateu, no qual é editor e entrevistador. Destaque das residências na instituição no primeiro semestre deste ano, a peça fazia reflexões sobre temas diversos e atuais, como o preconceito, a violência, a transfobia e o racismo estrutural, numa proposta realista que discutia situações factuais.

Como autor teatral, entre 2015 e 2016, Marcio Tito foi premiado pelo Concurso Nacional de Indaiatuba e, no mesmo ano, também se viu premiado pelo Concurso Nacional (oferecido pelo Instituto da Memória, em São Paulo). Em 2019, foi indicado como melhor autor, na categoria monólogo, no Festival Fescette, em Santos. É formado em Dramaturgia pela SP Escola de Teatro e, como ator, além de ter cursado até o último período da Escola de Atores Wolf Maya, estreou mais de dez montagens, dentre essas a multipremiada Roberto Zucco, com direção de Rodolfo García Vázquez, em 2013, com a Cia Os Satyros.

Confira a crítica na íntegra

Como ficar forte uma obra de arte quando está segura de ser urgente! – Sapathos

Por Marcio Tito

Sempre que encontro comerciantes orientais fazendo comida árabe no bairro aonde moro, experimento e gosto. Sei que haverá cebolinha no kibe frito e me interessa conhecer como é que aquelas pessoas interpretarão receitas tradicionais. A mesma curiosidade me faz frequentar outros variados ambientes, e nessa busca pelos ruídos, encontrando estranhas e inusitadas organizações e soluções, aprendo muito sobre como é que as coisas se resolvem quando a tradição se percebe atravessada por algum contexto intransponível.

O teatro de Sérgio Zlotnic, há anos, nos confronta com tal expediente. Sua dramaturgia não olha para os lados, sua estética avança sem perguntar a opinião do contemporâneo (e isso promove uma das mais irreconhecíveis e incatalogáveis encenações do teatro brasileiro). Há muito valor em arriscar elaborar uma voz perante a homogeneidade de um coro, embora quase sempre tal valor e coragem necessitem de pelo menos uma década até que os aplausos (ou as vaias) se equalizem ao inusitado da catarse sugerida.

Há uma empresa de risco em Sapathos. Um risco autoral e preocupado em atrair para si os debates e as questões que o pacto social afasta dos produtos de massa. Resgatando os valores de um teatro sardonico, irônico e autoironico, Sapathos sobrevoa temas complexos e viscerais e sugere, na maior parte de seus procedimentos, um válido e desconfortável uso da parresia enquanto linguagem e estratégia central.

Todas as pessoas que exercitam formas cênicas, com maior ou menor conexão com a tradição, deveriam visitar a estranha e sadia produção de Zlotnic. É preciso procurar compreender como é que as artes cênicas couberam e ainda cabem nas perturbações culturais que o artista fustiga.

Sempre quando se inicia a encenação de alguma das notícias que compõem o painel de motivos da dramaturgia, com justificada razão, paramos preocupados e aflitos.

Sapathos é a mais autoral e radical emergência de um fúria. Não é o tipo de trabalho que nasce da calma. E se o teatro realmente precisa do incômodo, Sapathos conquista diariamente o aplauso de um Dionísio inconveniente.

Ficha técnica:
Texto: Sergio Zlotnic
Direção: Gabi Costa, Ricardo Koch Mancini, Sergio Zlotnic e Paula Barros Diva
Assistência de Direção: Tom Vieira e Day Willain
Elenco: David Wendefilm, Day Willain, Fernando Falci, Flávio Borzi, Gabi Costa, Luciano Falcão, Mah Martins, Ricardo Koch Mancini, Sergio Zlotnic, Tom Vieira e Xexéu Aguiar
Iluminação: Georgia Ramos, Ayra Flores, Dener Moreira, Gabriel Gonçalves, Igor Yabuta e Lays Ventura
Sonoplastia: Alex Matos e Jonnes Carrer
Design Gráfico e Assistência de Criação: Pedro Cipis e Tom Vieira
Videoarte e legendas: Sam Ludd e Tom Vieira
Vídeos e Projeções: Daniella Bontempi, Sam Ludd e Maurício Brugnolo
Fotos: Rodrigo Meneghello
Filmagem da peça in loco: Sam Ludd
Edição: Sam Ludd
Assessoria de imprensa: Macida Joachim
Produção: Gabi Costa e Carol Gierwiatowski




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