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Série Teatro de Grupo em São Paulo : conheça a Gargarejo Cia. Teatral

Publicado em: 05/05/2022 |

A Gargarejo Cia. Teatral foi criada em 2014, em Campinas, por um grupo de artistas periféricos que trabalham sob a ótica étnica-racial, refletindo sobre colonização e identidade, e procurando sempre articular vivências marginalizadas na cena como protagonistas.

Seu repertório é destaque pela representação de muitos clássicos da literatura nacional, pois o grupo tem como objetivo tornar tal material acessível para o maior número de pessoas possível. Entre suas montagens estão releituras de A Cartomante, de Machado de Assis; Sonhos Roubados, de Anderson Claudir; Vidas Secas, de Graciliano Ramos; Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente; e Bertoleza, grande sucesso de 2020 que nasceu de um estudo do livro O Cortiço.

Daniel Mazzarolo, ator brasileiro e parceiro da SP, estrela espetáculo em Nova York sobre a opressão das mulheres trabalhadoras no início do século XX

Os processos criativos da companhia perpassam os temas que são mote do coletivo; estética preta e periférica. No entanto, ao abordar tais tópicos há sempre uma preocupação com a não estereotipação. A Cia. busca construir narrativas visuais em um mundo onde há possibilidade de existência e resistência preta, propondo reflexões e ‘reimaginando’ futuros possíveis a partir de uma perspectiva afrofuturista. A partir disso, trabalha-se com uma forma que mescla elementos da atual cultura negra com os do passado, apontando para o futuro:

“Dessa vez, a antropofagia visual não seria das elites brasileira comendo referências pretas e ameríndias para vomitar “brasilidade” pasteurizada, e sim a própria comunidade preta e periférica tomando o que sempre foi seu.”

Leandro Vieira, estudante da SP, estreia na direção de movimento de Em Busca de Judith, novo espetáculo em cartaz no Itaú Cultural

As fontes inspiradoras que guiam a pesquisa e o desenvolvimento das montagens são o teatro do oprimido e o teatro dialético. Nessa conjuntura, a composição é coletiva e a dramaturgia é um disparador para o ator que também é criador; já a direção investiga a forma, contrapondo-a com o texto. Assim, o grupo explica a importância desse processo na construção da crítica social das peças:

“Nesse contexto, a palavra surge como instrumento de atrito à realidade social e às experiências interpessoais dos intérpretes. É fundamental para a Companhia que o ficcionalizar sirva estritamente para confrontar a sociedade atual”.

Coletivo Mojubá, criado na SP, apresenta novo espetáculo Dança Além dos Muros neste final de semana

Por fim, em seu depoimento a Gargarejo Cia. Teatral explica que acredita que a função do teatro seja transformar pessoas em questionadoras de seu tempo, fabricadoras de novas possibilidades:

“[O teatro] Remonta vidas e relê histórias. Portanto, são construídos novos imaginários, e o imaginário é o campo fértil da mudança. Parafraseando a dramaturgia do espetáculo Bertoleza: “[…] teatro existe para adentrar, cortar, arrepiar e levantar poeira, amontoando sabedoria e assentando mistério!”.

Mais infos sobre a Gargarejo Cia. Teatral estão no livro Teatro de Grupo, uma publicação do Selo Lucias, braço editorial da ADAAP, associação que gere o projeto da SP Escola de Teatro.




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