Foto: Bárbara Morais
A Cia. As Marias foi criada em 2005, na região metropolitana de São Paulo, por um grupo de mulheres. Atualmente localizada na Praça Névio Albiero, no Jardim Calux, o grupo tinha mote inicial realizar um diálogo com o urbano e com as ruas. Nesse contexto, o nome ‘As Marias’ faz uma homenagem às figuras femininas populares que inventam e guardam tradições. No relato do livro, o coletivo explica melhor tal motivação:
“Nosso desejo inicial foi conhecer as manifestações tradicionais brasileiras, seus cantos, danças, versos, modos de ser e estar; sermos artistas de rua, múltiplas; ir aonde o povo estivesse; descobrir quantas linguagens podemos usar e criar na rua, com a rua e todo o seu fluxo de pessoas, memórias e acontecimentos”.
Alguns trabalhos que o grupo apresentou buscando sempre ressaltar tal relação foram: A Saga do Zé da Fome (2006); As Comadres Cordundas (2007); A Moça que Casou com o Diabo (2009), O Outro Sou Eu (2009), An.dor (2010), Operação índio Urbano – Performance em 4 atos (2016), Cinco ou Seis Passos para o Mar (2017), entre outras.
A inspiração para os trabalhos da Cia. vem das ‘Marias’, mestras que preservam, transmitem saberes e fazeres culturais tendo cantos, danças, religiosidades e narrativas como ferramentas inventivas que transformam a realidade social.
O processo criativo do coletivo é colaborativo e também um espaço para pesquisa e experimentação, sobre esse aspecto o grupo comenta:
“Nosso teatro é artesanal, no qual a precariedade é uma aliada poética e é necessário convocar, por meio de procedimentos cênicos, estados de presença, prontidão, corporeidades, repetição e coragem para lançar outras teatralidades nas e com as ruas”.
Nesse viés o grupo criou muitos projetos, um deles foi na Praça Santa Filomena, no qual abordaram temáticas como sonhos e fome através de personagens nordestinos icônicos. Mais tarde, nasceu a ação ‘Dançando com a Cidade’, que promoveu espetáculos que dialogaram com o meio urbano pelos afetos das pessoas, lutas e vestígios das forças que constituem esse espaço.
Para a Cia. As Marias, o teatro de rua e sua carnavalização são essenciais e cumprem duas funções muito importantes que são a de fazer rir e denunciar os abusos da sociedade. O grupo comenta sobre o poder de transformação dessas peças e do efeito que elas tiveram não só no público, mas também nas atrizes, dramaturgas e diretoras do coletivo, e fala sobre as expectativas que possuem enquanto companhia teatral:
“Seguimos acreditando que é possível criar outros imaginários, insurreições afetivas, corpos questionadores, criar acontecimentos poéticos, seja festejando em comunidade ou interrompendo abruptamente a lógica da cidade para dizer que esse espaço também é nosso!”
Mais infos sobre a Cia. As Marias estão no livro Teatro de Grupo, uma publicação do Selo Lucias, braço editorial da ADAAP, associação que gere o projeto da SP Escola de Teatro.
