Espetáculo “Zumbi”, de Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri e Edu Lobo (Foto: Divulgação)
Com a proposta de homenagear e resgatar a importância artística e social do diretor e dramaturgo Augusto Boal (1931-2009), maior liderança do Teatro de Arena de São Paulo nos anos 60 e criador do Teatro do Oprimido, o Sesc Pompeia, que celebra seus 30 anos, apresenta o projeto “Pompeia Conta Boal”, de 13 de novembro e 14 de dezembro. A programação inclui teatro, leituras, palestras, debates, mostra de filmes, workshops e demonstração de técnicas de laboratório. Finalizando a grade de atividades, haverá o show “Cancioneiro de Boal”, dias 13 e 14 de dezembro, às 21h, no Teatro, com Tom Zé e banda, Zezé Motta e Juçara Marçal.
Com curadoria de Sérgio de Carvalho (pesquisador e fundador da Companhia do Latão), Cecília Thumim Boal (psicanalista, casada com Boal por 43 anos) e Sesc, a ação é formada por um conjunto de encontros artístico-pedagógicos capazes de apresentar, em perspectiva histórica e contemporânea, o trabalho de Augusto Boal a partir dos temas “Dramaturgia e Pedagogia da Dramaturgia”, “Reflexão sobre Atuação”, “Relação entre Teatro e Música” e “Teoria e Prática do Teatro do Oprimido”.
Durante a programação, haverá leituras de textos ou obras relacionadas a Boal, feitas por artistas como Lima Duarte, Nelson Xavier, Theo de Barros, Milton Gonçalves, Isabel Teixeira e Cecília Thumim Boal, entre outros, com direção de Georgette Fadel, Marco Antonio Rodrigues e Sergio de Carvalho. As palestras contam com Lauro César Muniz, Chico de Assis e Benedito Ruy Barbosa. Os grupos de teatro Teatro de Narradores, Cia. Estável de Teatro e Cia. do Feijão promovem demonstração de técnicas de atuação voltadas para atores e público em geral.
Boal criou o Teatro do Oprimido, metodologia internacionalmente conhecida, que alia teatro à ação social, e influenciou fortemente a criação artística de muitos profissionais da dramaturgia, atuação e cenário sociocultural dos últimos anos. O projeto tem o objetivo de dar enfoque à sua inegável contribuição para as discussões estéticas e conceituais da sociedade brasileira na segunda metade do século 20 e suas reverberações para a atual produção cultural no país.
Espetáculo “Zumbi“
Escrita na época da ditadura militar por Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, “Arena Conta Zumbi” trata da luta dos Quilombolas de Palmares e sua resistência ao jugo português. Zumbi é uma releitura de João das Neves, com direção musical de Titane. O texto é encenado pela primeira vez por um grupo de dez atores negros.
A montagem utiliza o sistema Curinga (criado por Boal), no qual desaparece a noção do ator principal. Os protagonistas são representados por todos os atores, que se revezam no desempenho das cenas focadas sobre os pontos fortes da trama, deixando a um ator curinga a função de fazer as interligações entre os fatos, as pessoas e os processos.
A peça é o primeiro musical autenticamente brasileiro. Segundo o diretor João das Neves, a música e texto se entrelaçam. “Nossa missão é reavivar a saga de um de nossos heróis fundadores, Zumbi, com a alegria e a fé de uma nação que começou realmente a ser construída ali, na Serra da Barriga, onde Boal, Guarnieri e Edu Lobo foram buscar inspiração para este Zumbi que vamos contar”, conclui João.
A estreia será nesta sexta-feira (16) e a temporada segue com sessões às sextas e sábados, às 21h; domingos e feriados, às 19h. Ingressos a R$20 (inteira).
Serviço:
Festival: “Pompeia Conta Boal”
Quando: De 13 de novembro a 14 de dezembro
Onde: Sesc Pompeia
Rua Clélia, 93 – Pompeia
Tel. (11) 3871-7700
Para conferir a programação completa do festival, clique aqui.
Texto: Majô Levenstein
