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No mês de orgulho LGBTQIA+, confira uma lista exclusiva de livros sobre a temática disponíveis na biblioteca da SP

Publicado em: 08/06/2022 |

No Brasil e no mundo, neste mês de junho, comemora-se o dia do orgulho e a cultura LGBTQIA+, movimento social que luta e defende a inclusão de pessoas com diversas orientações sexuais e identidades de gênero. Por isso, a SP Escola de Teatro preparou uma lista com alguns títulos importantes e disponíveis para aluguel gratuito na biblioteca da sede Brás da instituição, visando incrementar o repertório de quem deseja se inteirar mais sobre o assunto!

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Contexto Histórico

Em Nova York, nos EUA, durante os anos 1960, relações entre pessoas do mesmo sexo eram consideradas ilegais, nesse contexto, beijar e/ou demonstrar afeto com o seu parceiro em público era proibido. No entanto, ainda assim a cidade abrigava diversos bares e clubes LGBTQIA+ que configuravam um espaço seguro, onde os membros da comunidade poderiam ter liberdade para se relacionar e se expressar.  Ainda assim, inspeções e vistorias nesses ambientes eram constantes e obrigatórias até 1966, quando ativistas conseguiram que tais invasões por parte da segurança pública deixassem de acontecer com tanta frequência.

Nessa conjuntura, em 28 de junho de 1969, alguns policiais realizaram uma ação violenta dentro do bar Stonewall Inn, em Manhattan, nas primeiras horas da manhã. Segundo relatos, treze pessoas foram presas e o tratamento empregado pelos policiais foi agressivo ao ponto de pessoas que estavam perto de bar notarem e ficarem incomodadas com a situação, muitas interferiram no ato, se juntando no local e resistindo contra a opressão policial. A rebelião foi tamanha que despertou a atitude e posicionamento de milhares de pessoas ao redor da cidade em múltiplas manifestações que duraram  cinco dias. As principais reinvindicações eram pelo fim da discriminação e perseguição policial.

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Os motins que aconteceram nessa época foram decisivos para história pela luta dos direitos da comunidade LGBT+, muitas instituições foram fundadas nos Estados Unidos e ao redor do mundo depois dessa data. A primeira parada gay também aconteceu no mês de junho, no dia 28, em Nova York, Los Angeles, São Francisco e Chicago. Por conta disso, em homenagem ao evento histórico, o mês de junho foi a data escolhida para celebração e realização de ações afirmativas e de conscientização, protestos e eventos de em prol da causa.

Tendo em vista que as marcas desse passado recente ainda imperam na sociedade atual, Camila Araújo (bibliotecária da SP Escola de Teatro), Flávia de Araújo (assistente de biblioteca) e João Martins (analista de projetos do Programa Oportunidades) buscaram realizar uma seleção especial de obras importantes que discutem a causa. A iniciativa vai ao encontro da proposta pedagógica e social da Escola e procura também caminhar na contramão do pensamento exclusivo, hegemônico e segregacionista, enaltecendo e dando mais visibilidade à autores pouco reconhecidos.

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A lista contém títulos como Por um Feminismo Afroamericano, de Leila González, e É de Menina ou de Menino, de João Martins, autor que também é colaborador da instituição e convida à todas, todes e todos para se aprofundar nesse universo literário LGBT+:

“Se você tiver interesse em entender um pouco mais esse debate sobre os marcadores sociais da diferença, eu recomendo esses livros, são fundamentais para gente se situar e pensar esse debate no nosso contexto”.

Confira abaixo a lista completa:

  

Coleção Slam

LGBTQIA+

Coord. Emerson Alcalde

Este livro, traz poemas de poetas da comunidade LGBTQIA+, que vêm conquistando cada vez mais espaço na cena do Slam.

Ampliando o debate da questão de gênero com depoimentos pessoais, trazendo dados e relatos versados nas perigosas praças do país, país este que registra uma morte por homofobia a cada 16h.

Mais do que nunca essas vozes são necessárias para o enfrentamento da intolerância e do preconceito.

 

Irmã Outsider

Audre Lorde

Textos escritos ao longo de uma década por Audre Lorde , uma mulher negra, poeta, lésbica e pensadora. A escrita dela está ligada a experiência de ‘’estar fora”  da “norma  mítica” – branca, heterossexual.

A obra traduz os anseios de mudança para uma nova sociedade, que não espera ser definida, mas se define pela própria existência, se reconhecendo a partir das próprias palavras. Audre Lorde tem a capacidade de traduzir todos os momentos, analisando com maestria este entrecruzamento de identidades.

 

Vidas Trans: A luta de transgeneros brasileiros em busca de seu espaço social

Amara Moira, Marcia Rocha, T. Brant, João Nery

Relato profundo de ativistas e pensadores trans. Em suas palavras, falam de amores, desafios e reivindicam, sobretudo, a concepção da diversidade humana. As palavras escritas neste livro, são também um meio de transformação social, uma vez que humanizam estas vivencias, relatadas por suas próprias vozes narrativas.

 

Viagem Solitária: a trajetória pioneira de um transexual em busca de reconhecimento e liberdade

João W. Nery

“Eu não conhecia ninguém igual a mim. Não era hetero, não era homo: era trans.  Mas o que é ser trans? Eu não sabia. Eu só era diferente. Precisava me reinventar.”

O livro é uma narração autobiográfica de João Nery, considerado o primeiro homem trans a realizar o processo cirúrgico de mudança de sexo no Brasil.

O livro não contém somente seu relato de transformação pessoal, mas, também, registra seus atos político que servem de inspiração para muitos transexuais também lutarem por reconhecimento de direitos.

 

Por um Feminismo Afrolatinoamericano

Leila González

Volume único que realiza um amplo panorama da obra da pensadora filósofa, antropólopa, professora, escritora e militante Leila González. Trabalho fundamental para as áreas das humanidades, no qual ela parte dos conceitos de gênero e raça para entender cultura, política e a constituição do Brasil e da América Latina como um todo, nesse trajeto ela descontrói muitos preceitos colonialistas.

 

É de Menino ou de Menina?

João Martins

O autor fala da experiência das crianças na periferia de São Paulo, no que diz respeito a construção da identidade de gênero e sexualidade. Além disso, há uma preocupação em focalizar as tensões entre esses elementos no ambiente escolar, como espaço institucionalizado, em relação a vida social infantil nas periferias. Busca-se também entender como as escolas constroem uma experiência de gênero e sexualidade nos menores que difere da vivência que esses possuem no ambiente de casa, marginalizado.




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