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10ª edição do SP Transvisão é um sucesso: confira imagens exclusivas das atividades da semana!

Publicado em: 28/01/2022 |

10ª edição do SP Transvisão – Semana da Visibilidade de Travestis, Mulheres Transexuais e Homens Trans, que o ocorre no mês da visibilidade Trans, tem sido um sucesso! Com transmissões ao vivo e digitais de cada atividade que ocorre, os assuntos pautados têm grande importância para o universo LGBTQIA+ e têm sido marcantes, tanto para quem acompanha online, quanto para quem comparece presencialmente aos eventos.

Emoção, homenagens e muito talento: confira como foi o show de abertura da 10ª edição da SP Transvisão, na sede Roosevelt

Muita coisa aconteceu nos últimos dias de programação, relembre alguns momentos especiais!

No dia 24 de janeiro, a sede Roosevelt foi espaço para a Mesa de Debate sobre Saúde Trans, da qual participaram Mirian Queiroz (ativista e militante- Ação PELAVIDDA Bicicloprev), Athos Souza (Articulador na Coordenadoria de IST/Aids da cidade de São Paulo, Educador comunitário) e Andreia Bianchini (Agente de Saúde e Agente de Prevenção do projeto “Arrasa Mona”).

“Quando falamos de saúde trans falamos de muitas coisas, o Brasil ainda está aprendendo como se trata uma travesti, e tudo isso com muita dificuldade ainda”, comenta Mirian na abertura da mesa.  A ativista pontua que a questão da saúde trans engloba também o momento em que a pessoa trans é recebida na rede de saúde pública. “Hoje avançamos de forma paradoxal. Nos anos 90, ser trans ou trasvesti era outra coisa, discutir políticas públicas para travestis, lésbicas sapatão (não existiam ainda outros termos), era bem mais difícil. A gente se mutilava no hormônio, e oportunidades de trabalho para as pessoas trans raríssimas.”

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A militante continua explicando que atualmente, apesar dos muitos avanços conquistados pela comunidade LGBTQIA+, grande parte da população trans ainda não é alcançada, “Durante a pandemia de COVID, os mais afetados foram a população trans em situação de vulnerabilidade social; sem falar que eles não têm acessos a procedimentos essenciais como, por exemplo, a uma hormonização com dignidade, no entanto, hoje essa porta está aberta.

É debatida a falta de preparação das pessoas trans, por causa da falta de acesso a informação, pauta-se a necessidade de conscientização e prevenção contra as DSTs, aos malefícios causados pelo uso de silicone industrial e da hormonização por conta, sem ajuda profissional.

“Antes eu me prendia muito aquele ideal construído de masculinidade do homem ‘macho’, e me baseava muito no que reitera essa figura para construir minha imagem” comenta Athos Souza. “Com o tempo, fui descontruindo o que é esse conceito de ser ou não um homem trans, é acho que é isso que temos que ter em mente não é um silicone ou algum desses atributos físicos que te fazem menos ou mais mulher ou homem trans”.

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Andreia Bianchini comenta a importância do nome social, e da necessidade um acolhimento pelos profissionais da saúde nesse quesito; “Não é difícil respeitar o nome social. Respeitar a identidade de gênero, isso não é difícil! Existe uma complicação também, pois muitas vezes isso envolve até questões sociais, por exemplo, quando é uma população trans que está em situação de vulnerabilidade social, aquela menina que mora na rua, homem trans mora na rua, o acesso dela e dela é dificultado.   Muitos locais não possuem o preparo necessário, e muitas vezes, por não ter condições financeiras, essas pessoas acabam sendo tratadas com descaso. Os profissionais se sentem no direito de chamá-los da forma que quiser. O desrespeito é constante, pois aquelas pessoas não têm onde morar e não possuem quaisquer recursos”. Andreia traz o caso da artista Linn, mulher trans que participa do programa da Rede Globo, Big Brother Brasil. Nele vários dos participantes, apesar de a cantora possuir ‘ela’ tatuado no rosto, insistem em chama-la de ele, Andreia comenta que muitas vezes esse comportamento não indica falta de conhecimento ou acesso à informação, mas sim um preconceito velado que existe nas pessoas.

 

No dia 25 houve a mesa de debate sobre empregabilidade trans com os convidados Bruno Ambrosio, Maitê Schneider e Guto Jerry!

Homem trans e bissexual, Bruno Ambrosio é gerente de logística pela empresa Volvo Car Brasil (Projeto Volvo Lovers), Maitê Schneider é co-fundadora da íntegra Diversidade e atua em projeto sobre direitos humanos desde 1990, e Guto Jerry é homem trans e publicitário.

Maitê explicou um pouco sobre como funciona a questão da empregabilidade trans, as dificuldades e conquistas da causa:

“Tem muita coisa a ser mudada. Investir num processo de ascensão de vagas e oportunidades ainda é muito raro, as empresas investem muito em diversos programas de estágios, trainees, mas o processo de continuidade de carreira ainda é muito difícil, pois muitas empresas o fazem da boca para fora e não sabem na prática se aprofundar nessa questão temática. Porque a questão trans tem muitas demandas específicas, tem muitas especificidades no tipo de acompanhamentos hormonais e terapias; de descobrir de onde veio essas pessoas e como podemos fazer essa troca.

“Então o que ocorre em muitas empresas é essa contratação da diversidade, e em seguida a tentativa de engessá-la, e então querer deixar a diversidade como a empresa acredita ser melhor. Aí a empresa quer coloca a pessoa dentro de dress code, de códigos de conduta extremamente acirrados que não funcionam muitas vezes para pessoas trans, então você mata a diversidade quando você não deixa ela ser diversa. Isso acontece muito, daí cria-se um espaço no qual a pessoa trans fica estressada, algumas pessoas tendo burnout, pessoas extremamente ansiosas.” Comenta a fundadora.

No dia 26 ocorreu a Mesa de Debate sobre Representatividade Trans nas Artes um assunto importantíssimo para o contexto atual. Para disso foram convidadas a atriz e visagista Fabia Mirassos a dramaturga, poeta, performer, diretora teatral e professora da Escola Livre de Teatro de Santo André Ave Terrena e a multiartista Tiely!

Ave Terrena comentou um pouco sobre o processo de transformação que vem ocorrendo na sociedade com relação a presença de pessoas trans no meio artístico.  “Atualmente, tivemos atos em frente portas de teatro, grandes intervenções de pessoas exigindo o espaço necessário para contar suas histórias. E nesse quesito a representação primeiro por via da atuação é muito importante, pois nós sabemos que o nosso corpo que é o alvo que é apontando como um problema, como uma doença.  É o nosso corpo como artistas pioneres, que vem fazendo solos, vídeos, e contando a sua história com o próprio corpo em cena. Podemos citar como exemplo o Léo Moreira Sá, a Renata Carvalho, a Mel Campos, no Sul e outras tantas pessoas que nos nem conhecemos e nem conseguiríamos citar aqui, no entanto, com certeza muitas. “ Pontua a dramaturga.

“Então primeiro se coloca o próprio corpo em cena expressando a nossa humanidade a nossa potência e pluralidade como seres humanos, depois a representatividade vai alcançando outros patamares (tudo obviamente, ainda muito limitado e incipiente, nada plenamente resolvido). Mesmo em cena, exaltar e valorizar o talento trans, pensar realmente estratégias para que a exclusão histórica seja rompida, esse ciclo de expulsão das pessoas da arte e do emprego, da vida em sociedade, da família, romper com esse ciclo através da representação do simbólico e também da materialidade ter trabalho, conseguir trabalhar e conseguir existir, ser cidadã plena, não cidadãs de segunda classe tendo que batalhar por direitos básicos.“ Explica Ave, a partir daí é que se a amplia e torna-se possível falar de representativa em outros campos, ampliando para a área textual, de direção, iluminação, produção, figurino, por fim qualquer lugar artístico no qual o corpo trans deseje estar.

Mais tarde, nesse dia também ocorreu a apresentação do Coletivo Tem Sentimento, do qual foram participantes Andrea Mel, Angélica Raniere, Danne Amorim, Edna Minin, Grazy Celestino, Julia Almeida, Laurah Cruz, Sara Lopes de Melo, Veronika Verão dos Santos e Viviane Alcântara. A apresentação completa ficou gravada e está disponível do canal do Youtube.

No dia 27 houve a Mesa de debate com a temática: Corpos Trans na 3ª Idade! Os participantes que foram convidados para discutir essa pauta são a atriz e diretora Maura Ferreira. O sociólogo e diretor do Ambulatório para Saúde Integral para Travestis e Transexuais do CRT/SP Ricardo Barbosa Martins; e Lili Vargas que é militante e ativista no meio LGBTQIA+.

Ricardo conta um pouco das suas principais preocupações com relação ao envelhecimento da população trans, a partir da experiência que têm no Ambulatório:

“O tema do envelhecimento é alavancado por algumas pessoas trans que nós temos lá, e uma delas mora numa casa de repouso, nós ajudamos a colocá-la lá, era uma pessoa que teve uma vida intensa, que trabalhou na área da saúde. Além de todas as fases da vida trans o envelhecimento me preocupa mais, pois somos tradicionalmente um pais que abandona os idosos, e as pessoas trans que envelhecem tendem a sofrer muito mais que as pessoas não trans idosas. Pois elas passaram por processo extremamente violento no Brasil, fruto de restrições absurdamente impostas, e até hoje nos ainda não temos a competência, tanto na saúde, quanto nas pesquisas brasileiras para poder dimensionar o que rolou com o envelhecimento das pessoas trans.”

“As pessoas trans no geral tem mais dificuldade de cuidar de doenças crônicas, de serem aceitas dentro de serviços públicos de saúde, de encontrar lar para moradia, pois também tiveram muita dificuldade de inserção no mercado de trabalho. Outra questão preocupante, é que não sabemos como lidar com a demência de pessoas trans idosas, considerando que a demência no Brasil tende a ser muito alta, o que leva a demência são inúmeros fatores, inclusive a baixa escolaridade, o pouco exercício físico e afins. Se as pessoas trans foram excluídas da escola, elas tiveram pouca possibilidade de vida intelectual, então é possível que tudo isso somado a um muito intenso processo de isolamento, acarreta num grande número de casos de demência nas pessoas trans, não por serem trans mas porque foram vitimizadas e vulnerabilizadas por uma sociedade e uma cultura violenta” Explica o especialista.

Confira as fotos exclusivas!





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