Quatro vidas têm suas histórias contadas a partir da demolição de um antigo edifício. Essa é a história central da proposta cênica do primeiro grupo do Módulo Vermelho a se apresentar, hoje (24), na sede da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. Os aprendizes se basearam no graphic novel (romance gráfico) “O Edifício”, de Will Eisner.
Na verdade, o texto original era uma história em quadrinhos, criada em 1987. O termo “romance gráfico” foi inventado pelo autor para valorizar o trabalho ao ser apresentado às editoras. Assim como Eisner, o grupo também quis inovar e falou não só sobre as quatro personagens, mas, também, sobre “morte, alma, asfalto, concreto e fumaça”, como descreve a sinopse.
(Arte: Rodrigo Meneghello)
Na história, o prédio é o ponto de encontro de todas as personagens. A dramaturgia foi dividida em quatro histórias com suas personagens principais: o violinista (Antonio), o herdeiro obcecado, a mulher da corda bamba (Gilda) e o velho vendedor de sapatos (Monroe).
Para chegarem a esse modelo de apresentação, a aprendiz de Atuação Laís Uesato diz que a dramaturgia e a atuação trabalharam em paralelo. “O processo de criação se deu de forma autônoma, a partir, claro, da obra principal. Depois, o Lucas Iglessias e a Maria Shu vieram com o texto deles e fizemos um encaixe.”
As personagens têm as seguintes características: o violinista é um menino que sonha ser músico. Entretanto, uma vez, um maestro lhe tirou as esperanças ao dizer que ele não tinha talento para seguir carreira. A partir daí, decide trabalhar no ramo da construção.
O herdeiro obcecado, por sua vez, é o filho do dono do edifício, objeto central da trama. O pai o conduz, desde pequeno, a se interessar pelos negócios da família. Quando cresce, toma seu lugar e o trata da mesma forma como ele o tratava na infância: com autoridade.
A mulher da corda bamba, quando criança, era “a menina de ouro”, a mais bonita da escola e, por isso, tinha o poder de escolher quem quisesse. Hoje, vive um triângulo amoroso com um dentista, que pode lhe dar toda a segurança e conforto, e um poeta sem sucesso, que lhe oferece seus mais puros versos de amor.
O velho vendedor de sapatos vive alheio a tudo e a todos. Tudo o que lhe interessava na vida era saber os números e as cores preferidas dos sapatos de seus clientes. Um dia, presencia a morte de um menino. Desse momento em diante, a culpa, por não ter conseguido ajudar o garoto, o persegue. Entao, procura outra profissão, uma que o ofereça a oportunidade de ajudar crianças.
No desenrolar da história, Laís explica que, a cada cena, as personagens mudam de papel. “Em um momento eu sou o violinista; em outro, eu já sou o pai do herdeiro obcecado; depois, eu sou o próprio herdeiro, enfim, só assistindo para entender como a história acontece”, conclui.
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Ficha Técnica
Atuação e Humor: Daniela Oliveira, Lais Uesato, Marcia Gonzaga, Thiago Dias e Vânia Della Torre
Cenografia e Figurino: Kelciane Campos e Marco Aurelio Toledo
Direção: Eder Bastos
Dramaturgia: Lucas Iglessias e Maria Shu
Iluminação: Isadora Adamy
Sonoplastia: Theo Yepez
Técnicas de Palco: Daniel Juliano Fernandes
Texto: Jéssika Lopes