EN | ES

Vianninha: o Brasil em Cena

Publicado em: 03/06/2011 |

Se estivesse vivo, Oduvaldo Vianna Filho, que era chamado de Vianninha pelos amigos, completaria amanhã (4/6) 75 anos. Esse carioca, filho do dramaturgo Oduvaldo Vianna, foi um dos nomes mais importantes da dramaturgia nacional, inovando a cena brasileira e trazendo ao palco, como seu colega Gianfrancesco Guarnieri, uma parcela da sociedade que até então, não era retratada pelo teatro. É de sua autoria o primeiro texto teatral a dramatizar o futebol, em 1959: “Chapetuba Futebol Clube”, encenado por Augusto Boal, no Teatro de Arena, logo após o sucesso de “Eles Não Usam Black-Tie”, de Guarnieri. O ponto inovador do texto era seu foco sobre a paixão do futebol por meio de um pequeno time e as trapaças de alguns campeonatos.

 

Vianninha começa sua carreira como ator, no Teatro Paulista do Estudante (TPE), dirigido por Ruggero Jacobbi, em 1955, enquanto estudava Arquitetura na Universidade Mackenzie. No ano seguinte, entra para o Teatro de Arena. Participa de algumas montagens e, chega a ganhar o Prêmio Saci de ator coadjuvante por seu desempenho em “Juno, o Pavão”, de Sean O’Casey. Em 1958, escreve sua primeira peça – “Bilbao, Via Copacabana” – e  participa como ator da montagem de “Eles Não Usam Black-Tie. Depois de frequentar o Seminário de Dramaturgia, estreia “Chapetuba Futebol Clube”, que lhe rende os prêmios Governador do Estado e Associação Paulista dos Críticos Teatrais (APCT), ambos na categoria dramaturgia. 

 

É nessa época que ele passa a se identificar com o movimento operário e cria o Teatro Jovem, um grupo que se apresenta em sindicatos, escolas, favelas e organizações de bairro, com a peça “A Mais-Valia Vai Acabar, Seu Edgar”. A partir dessa experiência popular, surge o Centro Popular de Cultura da UNE (CPC), órgão cultural da União Nacional dos Estudantes (UNE), para o qual escreve várias peças curtas, entre elas “Brasil Versão Brasileira”. 

 

Em 1963, com o texto “Quartos Quadras de Terra”, ganha o Prêmio Latino Americano de Teatro da Casa de Las Américas, de Havana. No ano seguinte, com o golpe militar e a extinção do CPC, funda, com outros artistas, o Grupo Opinião, que estreia com o show “Opinião”, escrito em parceria com Armando Costa e Paulo Pontes

 

Em 1965, com Ferreira Gullar, escreve “Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come”, montagem da qual participa também como ator e recebe os prêmios Molière, no Rio de Janeiro, e Saci e Governador do Estado, em São Paulo. Em 1968, além de atuar em “A Saída, Onde Fica a Saída?”, de Antônio Carlos Fontoura, Armando Costa e Ferreira Gullar, com direção de João das Neves, escreve “Dura Lex Sed Lex No Cabelo Só Gumex”, dirigido por Gianni Ratto e ganha o primeiro lugar no Concurso de Dramaturgia do SNT por “Papa Highirte”, que é censurada e não chega aos palcos. Nesse mesmo ano, junto com Paulo Pontes, deixa o Grupo Opinião e funda o Teatro do Autor. 

 

No auge da repressão política, deixa o teatro popular e se debruça sobre a classe média, escrevendo “A Longa Noite de Cristal|”, encenado por Celso Nunes, em 1970, ganhando o Prêmio Molière, e “Corpo a Corpo”, que recebe a direção de Antunes Filho, em 1971. 

 

No dia 16 de julho de 1974, aos 38 anos, morre sem ver encenadas suas peças “Papa Highirte” e “Rasga Coração”, finalizada alguns dias antes de sua morte. Em 1984, Aderbal Freire-Filho dirige o texto “Mão na Luva”, escrito em 1966, mas só descoberto muito tempo depois de sua morte. 

 

*Foto: Divulgação