A atriz Livia Ziotti em “Valsa nº 6” (Foto: Ana Nero)
“Valsa nº 6”, uma das cinco encenações que compõem a mostra “Quem Ainda Tem Medo de Nelson Rodrigues?”, leva ao palco do Teatro de Arena Eugênio Kusnet, em São Paulo, questões sobre vida e morte. O monólogo, com atuação de Livia Ziotti, é encenado por Marco Antônio Braz e fica em cartaz até 26 de fevereiro.
Escrita por Nelson Rodrigues em 1951, a história retrata a vida de Sônia, que reflete, em morte, sobre sua própria existência, dividida em dois atos: a menina e a mulher, que entram em constante conflito. O fato de a personagem não estar mais viva oferece ao enredo certa liberdade para criações poéticas.
A transição entre a fase adolescente e a adulta é permeada pela tragicidade. Nessa passagem, uma menina de 15 anos – já morta – tenta se lembrar de tudo o que aconteceu em vida. “Coloquei uma morta em cena porque não vejo obrigação para que uma personagem seja viva”, explica o diretor.
A cenógrafa e figurinista Telumi Hellen, também formadora do curso de Cenografia e Figurino da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, assina a cenografia e figurino não só dessa peça, como a de “O Beijo no Asfalto”, que também faz parte da mostra. Ela explica que o cenário realça todas as ações da personagem retratadas no espetáculo. “O espaço cênico valoriza os momentos psíquicos de reflexão, delírios, dúvidas, sonhos, ‘realidade’, morte e transição da vida. Todos eles se entrelaçam incorporados com o pulsar das transições do desing de luz, criado por Roberto Cohen. O figurino, traz, por sua vez, o inusitado, o estranho, o leve, o mórbido, o que permite ser tênue, quase fugaz, em nossa memória.”
“Valsa nº 6” não foi seu primeiro trabalho ao lado de Braz. “Posso dizer que a nossa relação vem de uma boa jornada”, completa Telumi. Eles trabalharam juntos no espetáculo infantil “Monstros Peludos”, de Guga Stroeter, e nos adultos “Vertigem” (1999), escrito por Ricardo Carman; “Geração Trianon” (2001), de Anamaria Nunes; “O Beijo no Asfalto” e “Valsa nº 6”, ambos de Nelson Rodrigues, em 2002; “Um Lugar Perfeito” (2005), de Philip Ridley; “Quando as Máquinas Param” (2009), de Plínio Marcos; e “A Pantera” (2011), com texto de Camila Apple.
Serviço
“Valsa nº 6”
Quando: Até 26 de fevereiro. Sábados, às 17h; domingos, às 16h.
Onde: Teatro de Arena Eugênio Kusnet
R. Todoro Baima, 94 – Vila Buarque
Tel.: (11) 3256-9463 / (11) 3259-6409
Ingressos: R$20
