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Um Teatro Com Muita História Para Contar

Publicado em: 26/09/2011 |

Em abril de 1965, cartazes espalhados pelo campus da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) anunciavam: “O Tuca vem aí e vem pra ficar!” Agora, em comemoração ao aniversário de 46 anos, parte da história das artes cênicas e shows da capital paulista e toda a trajetória do Teatro da Universidade Católica de São Paulo (Tuca) estão disponíveis no Centro de Documentação e Memória (CDM), que foi inaugurado na sexta-feira (22), junto com uma exposição de cartazes das peças e shows que por lá passaram.

 

Com um acervo que resguarda a memória dos acontecimentos mais expressivos nos palcos dos teatros brasileiros, o CDM é voltado para a população em geral, que poderá realizar consultas e pesquisas, além de reprografia de documentos, visita técnica ao arquivo, visita monitorada ao teatro, intercâmbio com outros arquivos, doações de acervo, permuta de publicações e organização de eventos na área de documentação. Tudo por meio deste centro de memória.

 

“Morte e Vida Severina” Estreia o Palco do Tuca

 

Primeira montagem de Morte e Vida Severina no Tuca (Imagem: Itaú Cultural)

 

Fundado em 1965, o Tuca é um importante marco cultural para a cidade e para o País. Filho de uma instituição de longa tradição democrática, nasceu da vontade política da comunidade da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de participar da construção de uma sociedade justa e fraterna.

 

A inauguração do teatro foi marcada pela apresentação da peça “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, autor que reunia muitas características a seu favor: era brasileiro, tratava de um tema da realidade social, ia ao encontro da ideologia estudantil e, ainda, poderia congregar um grande número de atores.

 

A montagem da peça envolveu vários setores da PUC. Alunos de Geografia, Direito, Letras e Psicologia, por exemplo, contribuíram substancialmente com seus conhecimentos em cada uma das áreas. O espetáculo foi musicado por Chico Buarque que, na época, era estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e participava com freqüência dos ensaios do Tuca.

 

Assim, em 11 de setembro de 1965, o Auditório Tibiriçá foi inaugurado com a estreia de “Morte e Vida Severina”, espetáculo aplaudido de pé durante 10 minutos e reverenciado pelo público e pela crítica especializada. 
 
 

As ideias de renovação da cultura iriam chocar-se com as barreiras estabelecidas a partir de 1968. Com a declaração do Ato Institucional Nº 5, a repressão atingiu seu patamar mais alto, que se manteria até por volta de 1975.

 

A cassação dos direitos políticos, a censura e o exílio de grande número de intelectuais foram fatores que interferiram na produção artística e cultural. Os teatros universitários eram prejudicados, também, pela desagregação do Movimento Estudantil.

 

Entre 1969 e 1974, o espaço voltou-se à apresentação de trabalhos de artistas que contribuíram para a educação e para a abertura de novos caminhos no campo artístico. Espetáculos musicais e teatrais expressivos fizeram parte da programação do Tuca, levando ao palco artistas como Elis Regina, Caetano Veloso, Vinícius de Moraes, Gianfrancesco Guarnieri e Fernanda Montenegro, que, em muitas ocasiões, enfrentaram a censura.

 

Entre 1977 e 1984, a programação organizada pelo Instituto de Estudos Especiais fez com que o Teatro fosse lembrado também por seu alto significado político. Era um palco privilegiado para simpósios, encontros e atos públicos. Depois disso, incontáveis gerações viveram e construíram a história cultural e política do País, ocupando os espaços do teatro. 

 

Em 1984, dois incêndios atingiram o teatro, deixando-o praticamente destruído. Mas ele foi reaberto em 1986, devido à mobilização de toda a comunidade acadêmica e paulistana. A insuficiência de recursos, entretanto, impediu a conclusão da obra e o teatro funcionou em condições precárias até 2002.

 

Após o tombamento do Tuca como Patrimônio Histórico de São Paulo, no ano de 1998, uma nova campanha para reconstrução e restauro começou. Em 2002, com aprovação do Ministério da Cultura (Minc) e patrocínio do Banco Bradesco, o teatro finalmente foi reconstruído e a reinauguração aconteceu em 22 de agosto de 2003.
 

 

Texto: Renata Forato

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