Plateia do Theatro Municipal de São Paulo (Foto: Rodrigo Meneghello)
Há um século, as cortinas do Theatro Municipal se abriram para a capital paulista e, nesta trajetória, nomes como Maria Callas, Enrico Caruso, Arturo Toscanini, Claudio Arau, Arthur Rubinstein, Ana Pawlova, Nijinsky, Nureyev, Margot Fonteyn e Ella Fitzgerald pisaram naquele palco, que ainda foi cenário da Semana de Arte Moderna de 22.
Em comemoração a este centenário, uma obra completa no Municipal restaurou as vidraças, resgatou pinturas baseadas em fotos antigas, modernizou o palco e reestruturou o café com novos mobiliários e decoração.
Para a ex-diretora do teatro, Lúcia Camargo, que, atualmente, coordena os cursos de Difusão Cultural da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, a beleza arquitetônica do local já é um ótimo pretexto para conhecê-lo. “Em primeiro lugar, sua beleza e imponência externa e todas as obras artísticas expostas em seu saguão, como a “Diana”, de Victor Brecheret, dão uma ‘aula’ sobre as artes, em especial, a música.”
Lúcia também explica que o Municipal é um dos únicos a manter seu próprio museu. “Eles guardam, por exemplo, o programa da inauguração e, também, a revista-programa da realização da Semana de Arte Moderna em 22.”
“O Theatro Municipal sempre foi citado como uma das grandes casas de música e ópera do mundo. Em meados do século XX, por exemplo, ele teve uma de suas mais memoráveis temporadas de ópera, que até hoje ressoa nos meios artísticos”, relembra Lúcia.
História
Em 12 de setembro de 1911, a ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes, abriu a noite de estréias do Theatro, que, logo em seguida, recebeu o francês Ambroise Thomas com uma apresentação de “Hamlet”, com o barítono italiano Titta Ruffo como protagonista.
Naquela noite, São Paulo começava a fazer parte do roteiro internacional dos grandes espetáculos. Inicialmente, um espaço reservado a óperas, o teatro foi, aos poucos, apresentando performances de balé e, em 1922, abrigou a Semana de Arte Moderna, que deu início ao Modernismo no País. Entre os participantes desse encontro estavam Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Heitor Villa-Lobos, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.
Localizado no centro da cidade, o Theatro Municipal passou por três reformas: a primeira, em 1955, no mandato do prefeito Faria Lima. Nesta mudança ocorreu a demolição de muitas partes, instalação de elevadores e ar-condicionado, e a mudança de tapeçarias e estofados, contando com o vermelho como cor predominante.
Na segunda, durante gestão de Jânio Quadros, na década de 80, com conclusão em 1991, já sob a administração da prefeita Luiza Erundina, foram modernizados os equipamentos e maquinarias e foi restaurada a fachada. Para esta última, primou-se tanto pela fidelidade que trouxeram arenito retirado da mesma mina fornecedora dos materiais para a construção original do prédio.
Texto: Renata Forato