Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, Sesc Vila Mariana e Universidade de São Paulo. Como se não bastassem esses espaços, o 8º Encontro do Instituto Hemisférico fez jus ao tema desta edição, “Cidade/Corpo/Ação – A Política das Paixões nas Américas”, e invadiu também a Praça Roosevelt, na tarde da última sexta-feira (18), reunindo artistas, participantes do evento e público em geral, em torno de mais de 20 performances e intervenções urbanas.
Logo ao chegar à Praça, já era possível notar a diferença entre aquela tarde e outra qualquer. Correndo por todo o espaço, super-heróis com capas e capacetes seguravam balões amarelos, abordando quem passava por ali. Eram os atores do Coletivo de Performance Heróis do Cotidiano, na intervenção “Soltando Preocupações”. E era justamente isso o que eles faziam: perguntavam quais eram as preocupações das pessoas para enviá-las para bem longe. E lá iam os balões pelo céu.
Simultaneamente, Magno Assis chegava apressado ao local. Depois de descer de sua bike e deixá-la de lado, começou seu cômico show “Reivax X em Travessia”. Como cenário, apenas uma caixa de madeira que estampava o desenho de uma fechadura. A chave, só ele possuía, e a abriu para dar asas à imaginação dos que o assistiam – dentre eles, várias crianças. De dentro do caixote, saíram tantos outros, menores e cada um com uma estampa diferente. E, pouco a pouco, a casa da personagem estava montada, e o público ria durante a pantomima.
Já no quiosque, uma das intervenções que mais chamaram a atenção foi a da Cia. Teatral Ueinzz, que é formada por pacientes e usuários de serviços de saúde mental, filósofos, terapeutas, artistas e estudantes de teatro. Em “Teatro Ki Bali – Cais de Ovelhas”, o coletivo deu vida a um rebanho de ovelhas que tentava encontrar seu caminho. Caótica, a encenação explorava indagações filosóficas e críticas sociopolíticas com um toque de humor sarcástico e ingênuo ao mesmo tempo.
“Teatro Ki Bali – Cais de Ovelhas” Lily durante sua performance (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Enquanto tudo acontecia pela praça, a própria Sede Roosevelt da Escola também era ocupada. Logo à porta do prédio, estavam Sheryl Oring e sua máquina de escrever. Com ela, a americana registrava respostas das pessoas para a pergunta “o que o Brasil pode ensinar ao mundo?”.
Dentro das instalações da Instituição, uma das intervenções foi comandada por Marcelo Denny e Marcos Bulhões. “Segunda Pele” tornava meio de expressão os corpos dos artistas. O ator Thomas Fessel estava entre eles, e tinha o corpo coberto por sagu. “Essa intervenção trabalha diversas instâncias corporais. Minha pesquisa busca criar a fertilidade, então, simbolizo isso como um homem cheio de óvulos, em uma tonalidade avermelhada”, observa.
No início da noite, as intervenções cessaram. Era hora de aguardar pelo que viria à noite: as últimas atrações do “Trasnocheo”, festival de performances do evento.
Para a penúltima noite do Transnocheo, Koby Rogers Hall e Lily Mengesha apresentaram suas performances.
A canadense Koby veio com “Cartas de Amor a Occupy”. Durante o discurso, que ganhava em intensidade, ia pintando seu rosto com tinta vermelha. Ao final, disse: “O que quer que estejamos fazendo aqui, já está sendo bem-sucedido, porque será inesquecível”.
Lily durante sua performance (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Já a americana Lily utilizou o humor como crítica. “Nós sabemos que o amor só pode vir de casais héteros” e “ao chegar aqui, fiquei um pouco preocupada porque vi pessoas peladas fazendo coisas malucas e o Senhor não concordaria com isso”, foram algumas das declarações que extraíram gargalhadas do público.
Ao fim do festival, só restava uma expectativa: o final do Encontro, que aconteceria no dia seguinte (sábado, 19), com uma festa de encerramento sediada pela SP Escola de Teatro.
Texto: Felipe Del
