Em busca de estimular a reflexão sobre o fazer teatral e inserir as artes cênicas, ainda mais, no calendário cultural da capital paulista, o Território Cultural é promovido, quinzenalmente, pela SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.
No último sábado (3), o destaque da programação matutina foram as Mesas de Discussão “Teatro Infantil: Formação de Público” e “Ópera: Arte Completa”. Dando continuidade às atividades, o período vespertino do Território Cultural caminhou por temas como atuação, sonoplastia, desenho 3D e site specific.
Cenas
Teatro do Oprimido. Este era o nome e o tema de uma das atividades que abriu a programação do período vespertino do Território Cultural. Ao entrar na sala, representantes do Grupo Adolescente de Teatro do Oprimido deixaram todos à vontade para caminhar pelo espaço onde foi realizada a oficina ministrada por eles.
Na sequência, com todos já acomodados, os integrantes do coletivo se apresentaram e o ator Anderson Zotesso deu início à oficina.“O Teatro do Oprimido não é transformador em sua essência. Mas ele é como um ensaio que pode se desmembrar em muitas ações na sociedade. Entretanto, o mote é: todo ser humano pode ser ator, até mesmo os atores. E, todo lugar pode ser um espaço teatral, até mesmo o teatro”, revelou.
Proposta pelo aprendiz de Técnicas de Palco Tony Budnikas, a atividade tinha como foco o debate sobre processos criativos do Teatro do Oprimido na atualidade. Assim, Zotesso e outros representantes do Gato levantaram questões concernentes ao tema, fizeram algumas apresentações de cenas e abriram um espaço para debate.
Sons
Simultaneamente, outras atividades integraram a programação do Território Cultural. Entre elas, uma mostra de processos criativos dos aprendizes de Sonoplastia. Nela, foram apresentadas algumas narrativas com ruídos, trilhas sonoras para imagens em movimentos e canções compostas com base no livro “Viva o Povo Brasileiro”, de João Ubaldo Ribeiro.
Leandro Simões Wanderley foi um dos aprendizes que levou seu trabalho para a mostra. “Tínhamos uma pauta com diversos elementos para criar uma sonoridade que, depois de pronta, foi editada com imagens que não sabíamos quais eram. A ideia era traduzir emoções por meio de sons”, explica.
Uma parte dos aprendizes de Sonoplastia realizou gravações e levou o áudio para a mostra, enquanto outros apresentaram, ao vivo, suas composições, diante da atenção silenciosa dos colegas presentes. Na sequência, Cíntia Campolina, formadora do curso, explicou, detalhadamente, as propostas das atividades e pediu as considerações dos ouvintes.
Debate
Na sala ao lado, um grupo de pesquisa, formado por aprendizes de Iluminação, apresentou um estudo inicial do livro “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, e lançou um projeto de site specific, que terá como base o estudo desta obra, assim como investigações no bairro do Brás, zona leste da capital paulista.
Os projetos de arte site specific são criados em ambientes ou espaços pré-determinados. Muito ligado à ideia de “arte ambiente”, é usual que ele seja feito em lugares não convencionais, isto é, não destinados à exposição de obras de arte.
Lançamento do projeto site especific (Foto: Renata Forato)
Um dos artistas que aproxima suas obras deste tipo de experiência artística é Nuno Ramos, que contou um pouco de sua trajetória em um encontro com aprendizes na SP Escola de Teatro, no dia 12 de agosto. Ele, entre outros, desenvolveu uma série de intervenções em diferentes lugares das fronteiras do Brasil com países do Mercado Comum do Sul (Mercosul), no Projeto Fronteiras, desenvolvido pelo Itaú Cultural, em 1999.
Durante a primeira reunião, proposta pelo aprendiz Felipe Boquimpani, uma roda de conversa informal e criativa formou-se. E, assim, eles passaram a tarde trocando impressões sobre o projeto, o bairro do Brás, a sede da Escola, a identidade do povo brasileiro, sua formação e, como preferem dizer, “sua sobreposição”.
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Ao mesmo tempo, a formadora do curso de Técnicas de Palco realizava, com uma compenetrada turma de aprendizes, um workshop sobre o programa Sketchup, um software do Google, próprio para a criação de modelos em 3D no computador.
Laura Reis, artista residente de Cenografia e Figurino, durante o workshop (Foto: Renata Forato)
O programa torna fácil a modelagem de estudos de formas e volumes tridimensionais e, durante o workshop, Laura ensinou as funções básicas, assim como alguns métodos de desenho, forma e textura do software.
Texto: Renata Forato