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Espetáculo ELAS conta história de amor lésbico em tempos pandêmicos

Cena do espetáculo ELAS/Divulgação

O Coletivo Caracóis, formado por alunos egressos da SP Escola de Teatro, estreia o espetáculo ELAS na plataforma SP Escola de Teatro Digital no Sympla nesta quarta-feira, às 21h. O experimento cênico virtual aborda o relacionamento de duas mulheres lésbicas e como o distanciamento social pode afetar relações amorosas mantidas apenas pelo meio virtual, trazendo uma reflexão sobre o amor em tempos de pandemia.

Estrelado por Carol Moreno e Fernanda Heitzmann, o experimento conta com a direção conjunta de Náshara Silveira e Sol Faganello e dramaturgia de Carina Murias. A plataforma do Zoom virou espaço de pesquisa e palco virtual, sendo utilizada como cenário e elo de ligação entre as personagens. A distância e a virtualidade determinaram e habitaram a estética para a construção de planos explorada pela encenação.

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“Uma de nossas premissas foi transformar o ambiente virtual em cenário para a criação de forma orgânica. O público assiste à peça ao vivo, através de sala de reunião virtual, e, portanto, este é o ambiente em que as personagens de fato se encontram na ficção. Não queríamos uma peça adaptada ao virtual, mas um trabalho que permeasse a virtualidade dentro da criação; ‘Elas’ é um trabalho que não existe sem a virtualidade”, relata Carina Murias, responsável pela dramaturgia do espetáculo.

A partir disso, o texto, a encenação, os trabalhos das atrizes, as propostas de luz e sonoplastia foram criados pensando na exploração deste espaço virtual, no jogo entre câmeras, na triangulação com o público – tudo feito a partir da teatralidade possível por entre telas.

“Desenvolver um experimento cênico on-line é estranho, é tudo muito novo, mas resolvemos encarar os desafios tecnológicos como possibilidades estéticas, e não como problema. Não havia palco! É um espaço diferente, que talvez não seja teatro, mas isso não importa agora. Tivemos que aprender, ou inventar, como dirigir através das telas, tendo um plano fechado, um recorte, quase um cinema, mas com o desejo da energia do teatro”, explica Náshara Silveira, uma das diretoras.

A atriz Fernanda Heitzmann detalha os desafios em adaptar o momento, aqui e agora, e transformar todo o seu entorno para a criação artística. “Sem dúvidas, foi imenso o desafio de transformar nossos quartos e salas em ambientes de pesquisa teatral, mas também interessante de resolver na mesma intensidade. Cômoda fitada com crepe, abajur ganhando forma de refletor, planta servindo de objeto cênico… foram grandes também os meus desafios enquanto atriz: a webcam é o meu público? Será preciso observar minha própria atuação? Qual a extensão do meu novo “corpo”? Qual o melhor volume para essa voz, agora microfonada?”.

A narrativa dramatúrgica trata não só da relação amorosa de duas mulheres, mas também sobre a necessidade do ser humano persistir, tentando se relacionar mesmo quando a distância física nos é imposta. O texto pode ser lido como metáfora do próprio encontro deste grupo de mulheres artistas; a resistência exercida no fazer teatral intermediado por uma tela.

“Quantos trabalhos temos de diretoras, dramaturgas, atrizes, equipe técnica feminina? E quantos com mulheres lésbicas ou que dão espaço para estas narrativas? Construir “Elas” para mim passa por estas questões, é ocupar espaço na cena teatral, na cena virtual como diretora mulher, como mulher lésbica” reflete Sol Faganello, diretora do espetáculo.

TEMPORADA PARALELA
O Coletivo Caracóis programou uma pesquisa virtual em forma do questionário “ELAS: O Amor em Tempos Pandêmicos”, com o objetivo de coletar histórias de como as relações amorosas têm sido afetadas neste cenário, tendo como perspectiva o relato de mulheres, principalmente lésbicas.

Os relatos colhidos servirão de material para a produção do Episódio 2 do experimento virtual “ELAS”. Tal ação é um desdobramento da pesquisa do Coletivo, pois se no primeiro episódio a equipe recolheu e compartilhou as histórias das próprias artistas durante o processo, neste segundo, pretende-se dar voz a mais mulheres, ampliar suas perspectivas, refletir sobre as relações e dar continuidade a um trabalho conectado com o tempo em que vivemos.

Já estão agendadas algumas ações, no dia 29/04, às 19hrs, pelo Instagram do Centro Cultural da Diversidade. Esta ação se dá de forma paralela à temporada na plataforma SP Escola Digital, pelo Sympla.

SERVIÇO:

“ELAS” | Coletivo Caracóis
Temporada – SP Escola Digital | Sympla
Datas: 21, 22, 27, 29/ 04 e 04, 05, 06/ 05, às 21h.
Ingressos: https://www.sympla.com.br/produtor/spescoladeteatrodigital
Valores opcionais: 10 ingressos gratuitos por sessão, e R$10,00 – R$25,00 – R$50,00

“Elas” – Desmontagem
Canal instagram @ccdivervidade – 29/04 – 19h

Abertura de processo “Elas, episódio 2”
Canal instagram @ccdiversidade – final de maio, data a confirmar.

Questionário pesquisa virtual: https://forms.gle/a31AF6ceY4xyebSu5

Por Rodrigo Barros

Editado por Luiza Camargo




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