Cena de “Abnegação III – Restos”. Foto: divulgação
Depois de estrear no Sesc Ipiranga, o espetáculo “Abnegação III – Restos”, do grupo Tablado de Arruar, tem uma nova temporada na Oficina Cultural Oswald de Andrade, entre os dias 2 e 31 de agosto. Com direção de Clayton Mariano e Alexandre Dal Farra, que também assina a dramaturgia, a montagem mostra cinco situações que ocorrem em 2014, nas casas de pessoas de diferentes extratos sociais.
Às vésperas da Copa do Mundo, o país ainda tem uma inflação baixa, o dólar está a menos de R$2 e a reeleição apertada de Dilma Rousseff indica que aquele não será um governo simples. Os personagens são um padre que lutou contra a Ditadura Militar, um sindicalista, um advogado, um ex-guerrilheiro e um atuante na luta armada; todos ajudaram a fundar o Partido dos Trabalhadores. Eles se misturam com jovens que já nasceram sob o governo do PT.
Além de mostrar as contradições entre essas gerações, a peça faz crítica ao governo que tentou promover a inclusão das classes mais baixas pela via do consumo e do pacto social – em que as políticas sociais eram combinadas com o crescente enriquecimento daqueles que já eram ricos.
Como o texto foi escrito antes do impeachment, um epílogo aproveita o discurso de despedida da presidente para tentar imaginar novas possibilidades políticas. O elenco conta com a participação de Alexandra Tavares, Amanda Lyra, André Capuano, Antonio Salvador, Ligia Oliveira e Vitor Vieira.
O espetáculo encerra a “Trilogia Abnegação”, composta ainda por “Abnegação I” e “Abnegação II – O Começo do Fim”, ambos de Dal Farra, que tem a proposta de investigar a estrutura política brasileira atual e o desenvolvimento do único governo que se aproximou minimamente da esquerda no Brasil.