Os trens e metrôs da cidade receberam ilustres “passageiros” na quinta e na sexta-feira (dias 12 e 13) da semana que passou. Eram os aprendizes que integram o Projeto São Paulo com Arte, do Programa Kairós, da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. Eles protagonizaram intervenções urbanas nos vagões dos trens e metrôs da cidade, coordenadas pelo ator Roberto Audio.
No primeiro dia, os aprendizes do Módulo Verde, que participam do Projeto como contrapartida pela Bolsa-Oportunidade oferecida pela Escola, encontraram-se na estação Vila Prudente do Metrô e seguiram rumo à Trianon-Masp. A mesma intervenção já havia sido realizada no dia 3 de julho, na Mesa “A Cidade É um Palco Aberto”, parte da programação do youPIX, festival sobre cultura de internet, realizado na Bienal do Ibirapuera, em São Paulo.
Intervenção urbana na Linha Verde do Metrô com os aprendizes do Módulo Verde (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
A dinâmica foi a mesma: eles entraram em um vagão vestindo roupões, pijamas e, durante o percurso, foram “despertando”. Um fazendo a barba, outra se maquiando e outro ainda “escovando os dentes”. A cada entrada de passageiros, uma surpresa. Quando desembarcavam, a sensação da “plateia” era a de que gostaria de acompanhar a ação até o final. “Na nossa correria diária, não dá tempo para mais nada. Nem mesmo para despertar. O que eles fizeram mostra a realidade de todo mundo: pura pressa e pouca qualidade de vida”, observou a passageira Vera Lúcia Machado.
No dia seguinte…
Sexta-feira, no mesmo horário, ou seja, à tarde, lá se foram os três grupos de aprendizes do Módulo Azul. Daquela vez, com destino à Estação Brás da CPTM. Dali, rumaram para a Luz, em um trajeto de aproximadamente cinco minutos, durante o qual eles entraram no mesmo trem, em vagões separados, para fazer suas intervenções.
Um dos grupos era formado por integrantes segurando plantas nos braços e em berços, enquanto entoavam cantigas de ninar e distribuíam sementes. O segundo apresentou uma radionovela chamada “O Cravo e a Rosa Machine”. A partir dela, pediam para que o público cuidasse do meio ambiente como se fosse um filho. O terceiro e último grupo incorporou os Três Macacos Sábios, representando três sentidos (visão, audição e a fala). Durante a performance, entregavam adesivos com os dizeres: “Por que me calo diante de situações que pedem minha interferência?”.
Aprendiz de Cenografia e Figurino Ana Giulia Turatto no trajeto Brás-Luz (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Encerradas as intervenções, vários espectadores parabenizaram e aplaudiram a iniciativa, o que deixou os aprendizes bastante surpresos com o resultado. “Vocês estudam teatro, não?”, perguntou, interessado, um usuário, enquanto interagia com uma das ações.
Roberto Audio também se mostrou satisfeito com as intervenções e elogiou a forma como os aprendizes colocaram em prática aquilo que vinha sendo proposto na Escola. “Os usuários interagiram bastante e os aprendizes souberam transportar bem a ideia de um palco ou uma sala para um local público e movimentado.”
Texto: Leandro Nunes e Felipe Del
