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SP Escola de Teatro: uma Torre de Babel Contemporânea

Publicado em: 15/03/2013 |

Praça Roosevelt, número 210, Centro da cidade de São Paulo, região sudeste do Brasil, o maior país da América do Sul e uma das maiores economias do mundo. Desviando o olhar do mapa, pode-se ver o formato dos outros continentes e os traços que revelam a divisão política dos países.

 

Voltando ao local inicial dessa viagem pelo atlas: há, ali, um prédio em cujos corredores e salas transitam, diariamente, profissionais vindos de todos os continentes, falando, portanto, os mais diversos idiomas. Todos eles conectados por uma razão maior e em comum: o teatro, em toda sua complexidade e riqueza. Esta verdadeira Torre de Babel contemporânea é a Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. 

 

A razão para tal comparação é o constante e persistente diálogo travado entre a Instituição e diversas escolas e artistas de todo o mundo. Em busca de uma formação globalizada e seguindo o pensamento do geógrafo Milton Santos, que escreveu no livro “Pobreza Urbana” (1978), que não existe cidadania em um mundo dividido, a Escola segue concretizando intercâmbios e parcerias com importantes nomes do teatro contemporâneo e tem até alguns estrangeiros em seu quadro de colaboradores.

 

Começando por esses, existem, por exemplo, o português Óscar Silva (Assistente da Diretoria Executiva) e a uruguaia Grissel Piguillem, formadora do Curso Regular de Iluminação. Nos cursos de Extensão Cultural, só neste ano, estão, como professores, os suecos Sara Erlingsdotter e Claes Peter Hellwig, da Academia de Artes Dramáticas de Estocolomo (Sada), que orientam o workshop “Devising e Site Specific para Artistas Cênicos”; o dramaturgo e diretor mexicano Alberto Villarreal, que vai ministrar “Fenomenologia da Dramaturgia Contemporânea” (inscrições aqui), a partir de 15 de abril.

 

Com a Sada, a propósito, a Escola mantém uma parceria desde o ano passado, firmada após reuniões que aconteciam desde 2009, entre o diretor executivo Ivam Cabral e os representantes da instituição sueca, Simon Norrthon (chefe do departamento) e Ulrika Malmgren (professora de interpretação). “Nosso primeiro encontro, em 2009, reuniu o pessoal de Estocolmo, eu e o Alberto Guzik (então coordenador pedagógico da SP Escola de Teatro, que morreu em 2010). Eu acredito que o que chamou mais atenção dos profissionais da Sada foi, principalmente, o conceito e o sistema pedagógico da escola, que é renovado e retrabalhado o tempo todo”, diz Ivam.

 

Ivam Cabral e integrantes da Pedagogia da Escola em reunião com professores suecos, nesta semana (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

 

A parceria, até agora, rendeu diversos contatos entre as instituições e a troca de experiências, além de possibilitar a vinda de profissionais como Sara, Hellwig e Aleksandra Czarnecki, que ministra um workshop de expressão corporal aos aprendizes.

 

E a miscelânea de nacionalidades e idiomas não para na Europa e América do Sul. Nesta semana, a Escola está promovendo o Palco SP – Encontro Internacional Sobre o Ensino da Cenografia, que reúne profissionais dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Nigéria, Japão, Suécia, Nova Zelândia, além, claro, do Brasil, em rodas de conversa, mesas de discussão e palestras. 

 

Neste evento, os representantes da América do Norte são Eric Fielding, dos Estados Unidos, e o canadense Peter Mckinnon, que deram palestras na quarta-feira (13). Do Velho Continente, o inglês Ian Herbert marcará presença amanhã (16). Da África, veio o nigeriano Osita Okagbue, que ministra palestra hoje (15). Vinda do continente asiático, a figurinista e cenógrafa japonesa Kazue Hatano ministrou um workshop aos aprendizes, que resultou numa performance. E, finalmente, nem a isolada Oceania ficou de fora: Sam Trubridge, da Nova Zelândia, foi convidado para falar sobre a cenografia no seu continente de origem.

 

Voltando às parcerias, a SP Escola de Teatro também mantém estreitos laços com a Escuela Nacional de Teatro (ENT), que fica em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. No ano passado, por meio de um intercâmbio, dois aprendizes da Escola, Erik Moura e Nadia Verdun, foram ao país, e o boliviano Antonio Peredo veio estudar por aqui durante três meses. Em uma oportunidade, o coordenador pedagógico Joaquim Gama e o coordenador do curso de Atuação Francisco Medeiros viajaram ao país para conhecer a ENT.

 

Olhe mais pra cima no mapa, na América Central, mais exatamente em território cubano: dali saíram Reinol Sotolongo e Eugenia Alvarez, que irão cursar, até dezembro, respectivamente, dois módulos de Direção e Dramaturgia na Escola. No mesmo período que eles, a portuguesa Silvana Ivaldi também desembarcou no Brasil, para cursar Atuação. Todos eles recebem, via Programa Kairós, bolsa auxílio, vale-refeição e vale-alimentação para sua estadia.

 

Da esq. para a dir.: Tato Consorti, Mariana Amorin, Óscar Silva, Eugenia Alvarez, Reinol Sotolongo, Ivam Cabral, Cléo De Páris e Denise Relvas (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

 

“A SP Escola de Teatro nasceu com a vocação de ser uma ‘cidadã do mundo’. Afinal, a troca de cultura e conhecimento é o que move a arte e seu desenvolvimento”, observa Ivam Cabral. 

 

Português, inglês, sueco, espanhol, japonês. Estes são os idiomas que podem ser ouvidos atualmente pelos ambientes da Escola, em uma infinidade de sotaques e entonações diferentes. Isto, acima de tudo, é Brasil. É miscigenação e diversidade. E é nesse escambo cultural que a SP Escola de Teatro acredita e aposta.

 

 

Texto: Felipe Del

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