Quem não foi, perdeu. Teve cheiro de sucesso no ar a estreia do projeto SP Dramaturgias, mais nova empreitada da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, que aconteceu ontem (5), na sede da Praça Roosevelt da Instituição. A sessão, aberta ao público e com entrada gratuita, teve todos os seus 30 lugares ocupados.
A plateia estava curiosa para conferir a leitura dramática de “Três”, texto inédito de Camila Damasceno, aprendiz de Dramaturgia, Módulo Azul. Participaram do projeto as aprendizes de Atuação Renata Konsso e Marina Santos, o aprendiz de Humor Luciano Tito e os aprendizes de Sonoplastia David Sousa e Luana Hansen.
Como a gente contou por aqui, o texto reúne três personagens, que vivem um triângulo amoroso. Eles entram em conflito quando um dos vértices dessa relação se rompe. O quadro “Os Amantes” (1928), de René Magritte, inspirou a criação de Camila Damasceno.
Ao final da leitura, foi aberto espaço para perguntas ao grupo. Marici Salomão, dramaturga, jornalista e coordenadora do curso de Dramaturgia da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, deu início ao bate-papo elogiando o projeto. “Achei tudo de muito bom gosto. A forma como a leitura foi montada, a iluminação, a sonoplastia, o texto em si… Trata-se de um projeto ousado, que permite a interação entre os aprendizes. E o melhor: tudo feito aqui no coração da Roosevelt”, disse.
Em seguida, a aprendiz de Dramaturgia Camila Damasceno respondeu a questões referentes à concepção do texto. “Ele começou com um exercício proposto em aula. No início, eram seis cenas, que se transformaram em 18 e, se tudo der certo, vão virar uma peça inteira”, vibrava. Sobre a questão de testar a mudança de gênero dos personagens, passando de um triângulo composto por duas mulheres e um homem, para outro feito de dois homens e uma mulher, por exemplo, a autora disse: “Acho que pode ser. Isso pode ser testado, sim”.
Aprendizes de Atuação e Humor leem o texto “Três”, de Camila Damasceno, inspirado no quadro “Os Amantes”, de René Magritte (projetado na tela) (Foto: Maurício Cuca)
Camila contou mais detalhes sobre o fato de ter se inspirado no quadro “Os Amantes” (1928), de René Magritte, para compor sua obra. “Eu sempre gostei de me nutrir das artes visuais para escrever. E esse quadro, para mim, é muito instigante, pois traz figuras entrecortadas, com os rostos cobertos, que remetem ao fato de o artista ter testemunhado o resgate da mãe, que cometeu suicídio jogando-se num rio. Quando o corpo foi retirado das águas, o vestido cobria sua cabeça, como na pintura”, completou.
Jucca Rodrigues, artista convidado de Dramaturgia e idealizador do SP Dramaturgias, lembra que o projeto é voltado para a leitura de textos dramáticos inéditos, de qualquer autor, não apenas dos aprendizes da Escola. As leituras, sim, serão realizadas por aprendizes e formadores da Instituição. A seleção dos textos a serem lidos se pautará em critérios artísticos (textos inéditos, que dialoguem com questões da contemporaneidade, quer na forma, quer no conteúdo) e pedagógicos (a partir de demandas e questões oriundas do trabalho desenvolvido entre formadores e aprendizes na Escola). Interessados em enviar suas obras inéditas podem encaminhar material e tirar dúvidas no e-mail: spdramaturgias@spescoladeteatro.org.br.
“É emocionante ver um projeto da Escola tomar corpo, ver um texto onde ele deve estar: no palco”, afirmou Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro, que não escondia o orgulho pela nova empreitada da Instituição.
E para quem perdeu, fica a dica: na terça-feira (dia 19), tem mais SP Dramaturgias, às 19h30, na sede da Praça Roosevelt da Instituição.
Texto: Majô Levenstein