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Sonoplastia com Pimenta

Publicado em: 30/08/2012 |

John Cage, tido como um dos principais compositores do século 20, completaria cem anos, se vivo estivesse, em 5 de setembro. Para homenageá-lo, várias celebrações estão sendo feitas ao redor do mundo. Um dos que participam ativamente delas é o músico, arquiteto e artista multimídia brasileiro Emanuel Pimenta, que vive entre a Suíça e Nova York.

 

Pimenta estava de passagem pelo Brasil, quando Raul Teixeira e Wilson Sukorski, respectivamente coordenador e artista convidado do curso de Sonoplastia da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, que o conhecem de longa data, aproveitaram para fazer um convite antes que ele voltasse para a Europa: o de ministrar uma aula aos aprendizes.

 

E assim foi. Durante a tarde de ontem (29), os aprendizes tiveram contato com o artista, que visitou a Escola pela primeira vez. Por cerca de três horas, Pimenta falou, especialmente, sobre Cage, sua relação com ele e sobre sua própria produção artística. Mas a conversa foi muito além de tópicos: apresentou conceitos de música, filosofia, arte, cultura e tecnologia, entre várias histórias curiosas.

 

O americano John Cage foi pioneiro da música aleatória e da música eletroacústica, e ainda exerceu influência sobre a dança, graças à sua parceria com o coreógrafo Merce Cunningham. Pimenta colaborou com Cage durante seus últimos sete anos de vida. “O principal objetivo de Cage e Cunningham era quebrar a prisão cultural em que vivemos. Estamos inseridos em um sistema ultra-repressor, nesse sentido”, comentou o convidado.

 

Depois de mostrar obras de Cage, o artista exibiu algumas das partituras de sua própria autoria, ressaltando que, no início dos anos 1980, ele mesmo teria sido o responsável pelo conceito “arquitetura virtual”, que hoje é utilizado como disciplina específica em universidades do mundo inteiro. “Design sensorial” e “nanodecisões” são outros dos conceitos criados por ele.

 

Sukorski, que já conhece o convidado há quase 40 anos, destaca a importância de um encontro dessa natureza: “É o que chamamos de fonte de pesquisa primária, uma pessoa falando sobre ela mesma. Ele tem uma importância histórica para o Brasil, como compositor e agitador cultural, e está há uns 20 ou 25 anos no topo da música contemporânea”.

 

O artista residente de Sonoplastia, Rodolfo Valente, concorda e diz que “é importante que o curso esteja conectado com a produção atual de música contemporânea”.

 

Emanuel Pimenta, ao centro (de preto), junto com o coordenador, formadores e os aprendizes (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

 

Ao final da aula, Raul Teixeira não poupou elogios a Pimenta e fez questão de agradecer pela oportunidade. “Fiquei encantado pela dimensão humana de um artista como ele e pela possibilidade de a Escola receber nomes como esse. É um cara ligado à alta tecnologia e antenado com o que há de mais moderno no mundo. A forma como ele se coloca à disposição para compartilhar um conhecimento tão extenso demonstra sua generosidade”, finaliza.

 

Como produto das comemorações do centenário de Cage, também existe a possibilidade de lançamento de um livro, em 2013, organizado por Pimenta. Como todos os seus outros livros mais recentes, deverá ser vendido pelo site Amazon, a preço de custo.

 

O artista

Emanuel Pimenta colaborou com John Cage nos seus últimos sete anos de vida, como compositor, e também como compositor para Merce Cunningham, durante cerca de 25 anos, em Nova York, até sua morte.

 

Vive entre Locarno, Suíça, e Nova York. Há cerca de 27 anos, mudou-se para a Europa. Fez mais de 600 concertos em todo o mundo, com a sua música, junto com John Cage, Merce Cunningham, David Tudor e Takehisa Kosugi. Publicou mais de 50 livros e gravou também mais de 50 CD’s.

 

Para conferir todo o trabalho do artista, acesse seu site oficial, aqui.

 

 

Texto: Felipe Del

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