A última edição de 2014 da Série Minimalista da SP Escola de Teatro vem com uma das mais aclamadas produções teatrais da década passada: “BR-3”, do Teatro da Vertigem.
O rio Tietê é um dos grandes símbolos do paradoxal desenvolvimento urbano do estado e, especialmente, da cidade de São Paulo. Reconhecendo a importância do Tietê para a paisagem urbana da cidade, o Teatro da Vertigem, cuja pesquisa é justamente voltada para a criação de espetáculos em espaços não convencionais, explorou esse elemento.
Com dramaturgia de Bernardo Carvalho e direção de Antônio Araújo, a montagem ocupou leito, margens e algumas pontes do rio para narrar a saga de três gerações da família de Jovelina (Cácia Goulart), uma nordestina que foge para São Paulo depois de ficar viúva e acaba se tornando chefe do tráfico na favela de Brasilândia.
Resultado de um processo criativo de mais de três anos, a peça mostrava a pesquisa do grupo acerca de temas como a identidade nacional, e diálogos e tensões entre a Brasilândia, a capital federal, Brasília, e uma cidade do interior do Acre, Brasiléia. Guilherme Bonfanti, coordenador de Iluminação na SP Escola de Teatro, assinou a luz do espetáculo.
Há uma curiosidade de “BR-3” muito conhecida no meio teatral: o ator Roberto Audio, que já coordenou o Projeto São Paulo com Arte da SP Escola de Teatro, interpretava Jonas, um dos filhos da nordestina. Em uma das sessões do espetáculo, porém, ele foi o protagonista por dar um grande susto em seus colegas e no público.
“Eu caí no rio Tietê em um acidente. O barco encostou em uma coluna, me desequilibrei e caí. Era um frio lascado! Mas, fui rápido. Caí e já subi no barco na mesma hora. Lembrei-me do que tinham me ensinado: ‘se cair, fecha os olhos e a boca’. Depois, tomei um banho cheio de produtos químicos para me esterilizar. É claro que o rio é muito sujo, mas a sujeira grossa fica no fundo. Ainda bem que não cheguei lá”, revelou, em entrevista ao Atores & Bastidores, do R7. Felizmente, o artista tinha tomado todas as vacinas e não teve nenhum problema.
Concorrendo em cinco categorias, a peça levou o Prêmio Shell de Teatro 2006 de São Paulo: melhor direção, para Antonio Araújo; melhor iluminação, para Guilherme Bonfanti; e categoria especial, pelo projeto do espetáculo, que foi concebido coletivamente pelo grupo.
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