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Seres Humanos, Acima de Tudo

Publicado em: 22/11/2011 |

(Arte: Rodrigo Meneghello)

 

O último grupo de hoje (22) a abrir seu exercício cênico ao público é o “Triângulo Rosa”, que se baseia na biografia de Rudolf Brazda, o único sobrevivente homossexual da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A proposta cênica do núcleo será apresentada também amanhã (23), às 21h, e quinta-feira (24), às 23h59, ambos no Espaço dos Satyros II.

 

Os aprendizes vão retratar a vivência de Brazda durante os 32 meses em que ficou confinado nos campos de concentração, na época do regime nazista. O nome da proposta faz menção ao triângulo rosa que os capturados eram forçados a usar, estigmatizando suas opções sexuais.

 

O aprendiz de Direção Fabricio Castro explica que, para transmitir a ideia central, eles utilizaram recursos não somente visuais como, também, auditivos. “Nós nos inspiramos em imagens cubistas por conta das figuras geométricas, remetendo, assim, ao triângulo citado. Na sonoplastia, nossa fonte foram as músicas de Josephine Baker, cantora e dançarina norte-americana que fazia sucesso naquela época.”

 

Castro diz, ainda, que a ideia central é mostrar que as pessoas não são iguais e, com isso, pregar o respeito às diferenças. A proposta da Dramaturgia, para tratar sobre o assunto dos homossexuais da época, foi baseada em algumas pesquisas, entre elas assistir ao filme “Parágrafo 175” – com texto de Sharon Wood e direção de Rob Epstein e Jeffrey Friedman – e à peça “Bent” (1979), de Martin Sherman.

 

Sobre a preparação dos atores, o diretor comenta que este foi o foco do grupo e que os artistas convidados Marcel Rocha e Deborah Graça os ajudaram muito nesta parte. “Queríamos garantir que eles iriam dar conta do recado, então, trouxemos estes dois profissionais, que são especializados em trabalhos corporais e vocais.” 

 

Como a questão do homossexualismo nos campos de concentração é um tema pesado, segundo o aprendiz de Direção, o estímulo de sensações foi um recurso muito utilizado. O fato é percebido em uma cena muito semelhante à da peça “Bent”, na qual dois homossexuais mantêm relação sexual. “Aí é que o aspecto sensorial fica bastante aguçado, pois, em nosso exercício cênico, eles não possuem contato físico. O ato é todo narrado pelos próprios atores”, ressalta.

 

Outra cena, na qual a oralidade é o único recurso uilizado pelos aprendizes de Atuação, é a que retrata a agressão entre um nazista e um capturado homossexual. Na opinião de Castro, todas as outras áreas estão em comum acordo com a proposta, mas a dramaturgia se superou. “Acredito que nosso texto está ainda melhor que o original que usamos como base. Ficou muito consistente, de verdade. Por isso, a expectativa é muito grande.”

 

Para a cenografia e figurino, os aprendizes buscaram contraste em relação à proposta da dramaturgia. “Tudo é feito do mesmo material. Isso caracteriza exatamente o contrário do que o texto propõe, que as pessoas são diferentes”, completa Castro. A iluminação combinada ao som de uma locomotiva dá ao espectador a sensação de estar dentro do transporte, vivenciando o momento”, conclui.

 

 

Para saber horário e local desta e de outras apresentações do Módulo Vermelho, clique aqui.

 

 

 

Ficha Técnica

Atuação: Everson Bertucci, Fernando Farias, Thiago Montenegro e Vinicius Guarilha

Cenografia e Figurino: Clau do Carmo e Márcia Pires

Direção: Fabricio Castro e Emerson Anunciação

Dramaturgia: Dione Carlos e Felipe Uchôa

Iluminação: Iza de Nina e Nathalia Dezoti

Sonoplastia: Vinicius Guarilha

Técnicas de Palco: Milton Fucci

 
 
Texto: Jéssika Lopes

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