Para comemorar os 25 anos de sua fundação, o grupo paulistano Os Satyros continua em festa. E a comemoração vem sempre em maratona. Foi assim com o projeto “E se fez a humanidade ciborgue em 7 dias”, em março: as sete peças que o compõem foram apresentadas em série, no mesmo dia.
Ainda no final de março, o grupo encontrou energia para uma “Vigília pela liberdade”, que teve como mote a “descomemoração” do golpe militar de 1964. Para tanto, convidou nomes como Eduardo Suplicy e Soninha Francine, que se apresentaram como atores no evento.
Agora, para marcar a estreia de uma nova empreitada, o grupo programa três maratonas que acontecerão nos dias 6, 7 e 8 de maio, no Espaço dos Satyros, com a apresentação de três montagens em sequência, a partrir das 19h.
Sérgio Roveri e as relações familiares
O projeto “3XRoveri” consiste em três montagens distintas do texto “Os que vêm com a maré”, de Sérgio Roveri, com um mesmo elenco e por três diferentes diretores, oriundos de grupos com pesquisas bastante distintas: Maria Alice Vergueiro, do Grupo Pandega; Fernando Neves, d’Os Fofos Encenam; e Rodolfo García Vázquez, diretor d’Os Satyros.
“3XRoveri” (Foto: André Stefano)
“Os que vêm com a maré”, escrita pelo dramaturgo Sérgio Roveri, em 2011, embora já publicada, é inédita nos palcos. A peça faz um mapeamento comovente de algumas relações familiares e revela como a vida pode se apequenar quando não se alcançam os objetivos, quando não se realizam os sonhos.
A partir de um embate de forças como esperança versus realidade, indiferença versus compaixão e amor versus abandono, “Os que vêm com a maré” desponta como um texto vigoroso, comovente pelo que tem de mais poético e necessário pelo que tem de mais cruel.
Na história de “Os que vêm com a maré”, um pai e uma mãe, que, como os demais personagens da peça, não possuem nome, esperam pacientemente pelo regresso do filho único que partiu meses atrás. Tudo o que eles sabem, graças a um telegrama recebido em um tempo incerto, é que o filho deve voltar na balsa do domingo. E então eles aguardam.
O casa aguarda e faz planos. Planos de consertar o telhado antes do próximo inverno, planos de vestir uma roupa nova para recepcioná-lo no dia de sua chegada, planos de executar uma melodia alegre em um violino sem cordas, planos de iluminar seu caminho do cais até a casa com uma lanterna com pilhas novas.
Um mesmo elenco para três diretores
Outro desafio desse projeto, foi a opção em manter um único elenco para as três encenações. Atuam na montagem, os atores Dione Leal e Ricardo Pettine, que vivem os pais do jovem, interpretado por Robson Catalunha. Ainda em cena, Suzana Muniz, a vizinha da família.
Maria Alice Vergueiro e Fernando Neves encontram-se com Os Satyros
Os Satyros têm repetido continuamente que a grande revolução da Praça Roosevelt, na verdade, aconteceu a partir de umas mesinhas espalhadas na calçada da praça, onde se localiza o Espaço dos Satyros. Com frequência, uma companhia de teatro trabalha solitariamente e tem pouco tempo para compartilhar o trabalho com outros grupos, que também sempre estão apresentando alguma coisa ou preparando um novo trabalho.
Assim, o Espaço dos Satyros, desde a sua inauguração, em 2000, tem aberto suas portas para receber parceiros de várias vertentes do teatro – e não só. Já se apresentaram ali nomes como Renato Borghi, Juliana Galdino, Gerald Thomas, Clara Carvalho, Zeca Baleiro e até Reynaldo Gianecchini e Adriane Galisteu.
Agora, para comemorar o aniversário de 25 anos, Os Satyros convidaram dois importantes diretores da cena teatral paulistana para dividirem, juntos, essa experiência: Maria Alice Vergueiro e Fernando Neves.
Maria Alice, que trabalhou com importantes grupos, como Oficina e Ornitorrinco, fundou, mais recentemente, o Grupo Pândega de Teatro, que produziu o sucesso “As três velhas”, de Jodorowsky. Maria Alice também é pedagoga convidada do projeto da SP Escola de Teatro.
Fernando Neves é ator, diretor e um dos fundadores do grupo Os Fofos Encenam. Com foco na pesquisa do circo-teatro, tem realizado importantes trabalhos, como “A mulher do trem” e “Assombrações do Recife Velho”.
Ficha técnica:
“Os que vêm com a maré”
Texto: Sérgio Roveri
Direção: Maria Alice Vergueiro, Fernando Neves e Rodolfo García Vázquez
Elenco: Robson Catalunha, Suzana Muniz, Dione Leal e Ricardo Pettine
Assistentes de direção: Carol Splendore e Luciano Chirolli, na montagem de Maria Alice Vergueiro; e Marcelo Thomáz, na versão de Rodolfo García Vázquez
Cenário: Marcelo Maffei e Pablo Benitez Tiscornia
Figurino: Telumi Hellen
Trilha Sonora: Luciano Chirolli, na concepção de Maria Alice Vergueiro; Pedro Zurawski, para a montagem de Fernando Neves; e Ivam Cabral, na versão de Rodolfo García Vázquez
Desenho de Luz: Flávio Duarte
Produção: Cia. de Teatro Os Satyros
Fotografias: André Stefano
Projeto patrocinado pela Funarte, através do Prêmio Myrian Muniz
Maratonas de estreia:
6, 7 e 8 de maio, com apresentações das três montagens em sequência
6 de maio: 19h, encenação de Rodolfo García Vázquez; 21h, encenação de Fernando Neves; 23h, encenação de Maria Alice Vergueiro
7 de maio: 19h, encenação de Maria Alice Vergueiro; 21h, encenação de Rodolfo García Vázquez; 23h, encenação de Fernando Neves
8 de maio: 19h, encenação de Fernando Neves; encenação de Maria Alice Vergueiro; 23h, encenação de Rodolfo García Vázquez
Temporada:
De 13/05 a 26/06
Terças: 20h, encenação de Rodolfo García Vázquez; 22h, encenação de Fernando Neves
Quartas: 20h, encenação de Fernando Neves; 22h, encenação de Maria Alice Vergueiro
Quintas: 20h, encenação de Maria Alice Vergueiro; 22h, encenação de Rodolfo García Vázquez
Duração: 60 minutos cada espetáculo
Ingresso: R$ 20,00; R$ 10,00 (estudantes, terceira idade e classe artística); e R$ 5,00 (moradores da Praça Roosevelt)
Espaço dos Satyros
Praça Roosevelt, 214
Tel.: (11) 3258-6345
Impróprio para menores de 14 anos