Mariana Bragamonte e Fernanda Tessaro, aprendizes de Atuação, durante a apresentação do Grupo 4 (Foto: Renata Forato)
A apresentação do Grupo 4 durante o Experimento do Módulo Amarelo da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco fez o público viajar para um espaço mítico onde duas personagens discutiam suas versões sobre a identidade do povo brasileiro. Esta foi a terceira apresentação realizada na tarde de ontem (8), no decorrer do primeiro dia das aberturas de processo de trabalho destes aprendizes.
Todos os espectadores, em pé, formavam um círculo entorno da cena. Distribuídos em quatro pontos diferentes ao redor do espaço cênico, os atores Fernanda Tessalia, Mariana Bragamonte, Marina Morena e Nilton Pereira esperavam sua deixa no alto de escadas enquanto, Sandra Regina e Valmir Martins encarnavam as personagens Preto Velho e Justina Bojuda, retiradas de “Viva o Povo Brasileiro”, livro de João Ubaldo Ribeiro utilizado como base para os estudos do Módulo Amarelo.
Com direção de Francisco Andrade e Edelsio Alves, no enredo da cena, as personagens transitavam entre mundos distintos ao mesmo tempo em que disputavam o controle da narrativa, mostrando as relações entre opressor e oprimido para, ironicamente, revelar as facetas da história do País.
Embora as atenções estivessem voltadas para a cena que se configurava no espaço, era possível notar os olhares atentos e o trabalho dinâmico dos iluminadores Cauê Martins e Paula Sola, dos técnicos de palco Thais Komatsu, William R. Alves e Raquel Madalena; e dos cenógrafos Joziane Gonçalves, Paula Braga Borges e Viviane Corbani, que não tiravam os olhos de cada detalhe da apresentação.
Assim, enquanto a dramaturgia de João de Freitas, Marina Odo e Paloma Dourado se revelava pouco a pouco na pele de suas personagens, os intensos tambores, tocados pela aprendiz Luana Hansen, acompanhavam a cena. Ruídos, cânticos e até um rap integraram a cena apresentada por esse núcleo.
Aprendiz de Atuação Mariana Bragamonte em cena na apresentação do Grupo 4 (Foto: Renata Forato)
Andrea Fu, que, ao lado de Luana, também era responsável pela sonoplastia do trabalho, revelou que o processo criativo foi muito interessante. “Houve milhares de propostas de cena e cenário que, ao longo do processo, mudou muito a cara do texto e da sonoplastia. No entanto, a idéia principal era fazer tudo relacionado a um jogo. No início da cena, os atores estão jogando, depois, o Preto Velho também joga com a Justina Bojuda, durante a contação e recontação de histórias”, explica.
A aprendiz revela, ainda, que a sonoplastia também “jogou” com a utilização de material digital e percursivo e, além disso, a proposta da cenografia foi a de escolher um cenário semelhante ao jogo de búzios, porém, em escala gigante, para que Preto Velho e fJustina Bojuda jogassem com os outros personagens.
“Eu não esperava um efeito tão positivo nas apresentações. O mais interessante é que elas tiveram um resultado muito diferente dos ensaios. Ainda assim, chegou no ponto que queríamos”, comenta Andrea. “As duas apresentações foram diferentes entre si, porque percebemos um erro ou outro e quisemos consertar. Gostei da reação do público. Muita gente elogiou tudo. E eu estou com um sorriso de orelha a orelha até agora por causa deste resultado”, completa.
O aprendiz de Sonoplastia Doutor Aeilton foi um dos que elogiou o grupo. “Fiquei feliz em perceber a evolução do todo e ver aquela sala transformada num espaço de teatro completo. Durante a cena, percebi como os atores evoluíram dentro desse processo. Confesso que fiquei orgulhoso por, de alguma forma, fazer parte daquilo e conviver com pessoas que estão descobrindo seu valor”, conclui.
Texto: Renata Forato
