Há milhares de formas de descrever o que Sarah Bernhardt e Cacilda Becker significaram para as artes do palco. Aliás, faltam palavras para falar dessas duas atrizes sem precedentes. Entre todas as coincidências e conquistas das duas artistas que, juntas, ocuparam mais de uma década nesse mundo – sendo que só estiveram simultaneamente vivas durante dois anos – há um ponto dramático. Ambas tiveram momentos trágicos de suas vidas presenciados por toda a plateia.
Cacilda Becker (Foto: Divulgação)
A francesa Sarah Bernhardt, nascida em 1844, fez sua reputação nos palcos da Europa na década de 1870. Conhecida por alguns como “a mais famosa atriz da história do mundo”, logo sua notoriedade demandou sua presença pelos principais palcos do planeta. Em 1905, numa passagem pela América do Sul, o espetáculo “La Tosca”, de Victorien Sardou, marcaria um momento trágico de sua vida. Durante a cena final, em que deveria pular de um alto muro, a atriz machucou seu joelho direito. Sua perna não se recuperou do ferimento e, em 1915, a gangrena havia tomado conta do membro, que teve de ser amputado inteiramente.
Um dos maiores orgulhos do teatro brasileiro, Cacilda Becker nasceu em Pirassununga, em 1921, no interior de São Paulo. A atriz construiu 30 anos de carreira, encenando 68 peças, realizando dois trabalhos no cinema: o filme “Luz dos Meus Olhos” (1947) e “Floradas na Serra” (1954); e uma telenovela, chamada “Ciúmes”, em 1966, na TV Tupi. No dia 6 de maio de 1969, durante a apresentação do espetáculo “Esperando Godot”, que encenava com o marido na capital paulista, Cacilda sofreu um derrame cerebral e foi levada para o hospital, ainda com as roupas de seu personagem. A atriz passou 38 dias em coma e depois faleceu, sendo sepultada no Cemitério do Araçá.
Texto: Carlos Hee e Gabriel Gilio
