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Ponto | Teatro musical genuinamente brasileiro

Publicado em: 28/04/2015 |

Música e teatro juntos, no palco, como protagonistas de um mesmo espetáculo em que um não se sobressai ao outro, trabalhando em união, encantando igualmente. Se antes essa definição trazia à mente das novas gerações os musicais da Broadway, o cenário está começando a virar. Os últimos tempos, com destaque para 2014, têm se mostrado ótimos para produções musicais de origens genuinamente tupiniquins.
 
Há a necessidade de se lembrar de outros momentos dourados do teatro musical brasileiro. Os primeiros espetáculos com essas características que apareceram por aqui podem ser depositados na conta do dramaturgo, poeta, contista e jornalista Artur Azevedo, ainda no século XIX. Exemplares como “A Capital Federal” e “O Mambembe” ilustram bem a obra de Artur, que era irmão do escritor Aluísio Azevedo, imortalizado por obras como “O Cortiço”, “O Mulato”, entre outras.
 
Dos anos 20 aos anos 40, os Estados Unidos construíram a base da tradição que hoje carregam no gênero. Artistas como Florenz Ziegfeld, Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II abriram alas para tudo o que ainda viria. No Brasil, entretanto, após a introdução de Artur Azevedo, nada mais seria feito no teatro musical até a década de 60. O ponto de virada tem nome: Teatro de Arena.
 
Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri comandaram o que talvez tenha sido o ápice do teatro musical brasileiro até hoje. Os clássicos da série de obras que foram feitas no Teatro de Arena ainda têm seus cantos ecoando como referências aos artistas de hoje. “Arena conta Zumbi”, “Arena conta Tiradentes”, “Arena conta Bolívar”… Foram tempos férteis para os musicais brasileiros.
 
Quase 40 anos depois, de meados de 2014 em diante, um levante dos musicais daqui tem encoberto a soberania estadunidense em nosso País. Registrou-se, ao menos em São Paulo, mais espetáculos musicais brasileiros do que franquias de atrações vindas da Broadway. Com novas roupas, peças clássicas como a “Ópera do Malandro” e “Os Azeredo Mais os Benevides”, respectivamente com composições de Chico Buarque e Edu Lobo, voltam aos cartazes, assim como as biografias de ídolos da música dos últimos anos também ganham seus espaços.
 
Nos últimos meses, são muitos os artistas que tiveram suas vidas levadas aos palcos. Tim Maia, Elis Regina, Rita Lee, Simonal, Clara Nunes… Alguns, inclusive, ganharam as telas da televisão, como é o caso do espetáculo  “Tim Maia – Vale Tudo, o Musical”, saído do livro de Nelson Motta e vivido por Tiago Abravanel no teatro.
 
A relação entre esses três momentos muito felizes para a produção de teatro musical no Brasil ainda não está tão óbvia. O primeiro momento, de Artur Azevedo, trazia como temática a crítica de costumes. Nos anos 60, o foco era a crítica social e política. Agora, no século XXI, a maioria aparece como um retrato dos ídolos da MPB.
 
Havendo ou não características em comum entre as peças, há pelo menos um sentimento comum entre artistas e espectadores: que o teatro musical brasileiro cresça cada vez mais.
 
Texto: Carlos Hee e Gabriel Gilio

 

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