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Ponto | Teatro Legislativo

Publicado em: 02/10/2012 |

 

 

Augusto Boal e alguns de seus alunos do Teatro do Oprimido, que originou o politizado Teatro Legislativo (Divulgação)

 

Em épocas como as de hoje, de eleições, com a urna “batendo à porta”, nada mais apropriado do que relembrar o Teatro Legislativo, criado em 1992 pelo teatrólogo, diretor e dramaturgo Augusto Boal (1931-2009).

O movimento começou durante o processo de impeachment que derrubou o então presidente Fernando Collor de Mello, o primeiro a ser eleito de forma direta, depois de mais de duas décadas, durante as quais o cidadão foi impedido de escolher o governante do País.

Durante aquele período efervescente de manifestações, Boal foi convencido por alguns dos membros de seu Centro de Teatro do Oprimido a concorrer a uma vaga de vereador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Apostando na derrota, ele chegou a declarar: “Não corro o menor risco de ser eleito, mas, se fosse, levaríamos o Teatro do Oprimido para o Legislativo”. Ledo engano… A Campanha Político Teatral Augusto Boal foi às ruas e o diretor foi eleito. A partir daquele momento, nascia uma nova técnica do Centro de Teatro do Oprimido: o Teatro Legislativo.

Em resumo, o Teatro Legislativo, que funcionou durante e após todo o mandato de Boal na Câmara, funcionava da seguinte maneira: redes de Núcleos de Teatro do Oprimido eram formadas em diversas partes da cidade, reunindo pessoas que estavam dispostas e expor seus desejos e necessidades dentro daquela comunidade. A partir daí, eram montadas cenas de Teatro-Fórum, coordenadas por integrantes do Teatro do Oprimido. O palco principal das apresentações era a calçada em frente ao prédio da Câmara dos Vereadores, na Cinelândia. As escadarias serviam de arquibancada e uma lona no chão e uma estrutura de fundo delimitavam o espaço cênico.

Os vereadores eram convidados a participar da encenação porque a ideia era a de reproduzir, na rua, o que acontecia ou deveria acontecer no plenário, a partir dos problemas expostos ali pela população, ou melhor, pelos atores.

E não é que a ideia deu supercerto? Por meio dessa iniciativa revolucionária, foram aprovadas 13 Leis Municipais e vários outros Projetos de Lei foram apresentados à Casa, embora não tenham vingado. Do Teatro Legislativo também saiu a proposta que resultou, em 1997, após o final do mandato de Boal, na Primeira Lei Brasileira de Proteção às Testemunhas de Crimes, que inspirou a Lei Federal de Proteção às Testemunhas, a Lei nº 9.807/99.

Estimulando o exercício pleno da cidadania, o Teatro Legislativo continua a todo vapor e manda um recado: para colocá-lo em prática, não é preciso realizar uma Sessão Simbólica do Teatro-Fórum. O principal é recolher Projetos de Lei por escrito, debatê-los com o grupo popular, fazer contato com especialistas no tema e assessores legislativos para ver quais deles podem dar encaminhamento aos PL’s. Enfim, mãos à obra!




 
Texto: Majô Levenstein

 

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