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Ponto | Teatro do Oprimido

Publicado em: 22/02/2011 |

 Nada de opressão, de violência, censura ou algo do tipo. Apesar de ter nascido no período da Ditadura Militar no Brasil, o Teatro do Oprimido surgiu com objetivos opostos ao dos militares.
 

Tudo começou quando o dramaturgo e diretor Augusto Boal, no começo dos anos 60, viajava pelo nordeste. Ele, junto com o grupo do Teatro Arena, apresentava um musical sobre a questão agrária para uma liga camponesa. O musical incitava os sem-terra a lutarem contra o latifúndio.
 

Ao fim do espetáculo, um camponês convidou o grupo para enfrentar os capangas que haviam desalojado um dos seus companheiros. O grupo se recusou e, a partir daí, o diretor percebeu que o teatro que realizava não era capaz de seguir, de fato, o que pregava.
 

Foi então que Boal começou a pensar que o teatro deveria ser um diálogo e não um monólogo. Inspirado pelas propostas do educador Paulo Freire, o dramaturgo fundou, anos depois, o Teatro do Oprimido.
 

Partindo do princípio de que a linguagem teatral é a linguagem humana, o Teatro do Oprimido cria condições práticas para que o oprimido se aproprie dos meios de produzir teatro e, assim, amplie suas possibilidades de expressão.
 

Com o objetivo de democratizar os meios de produção teatral, de proporcionar o acesso das camadas sociais menos favorecidas ao teatro e de transformar a realidade por meio do diálogo surgiu, no Brasil, em 1971, a primeira técnica do Teatro do Oprimido, o Teatro de Jornal, uma resposta estética à censura imposta no País.
 

Logo depois, o Teatro do Oprimido desenvolveu o Teatro Invisível na Argentina, como atividade política, e o Teatro Imagem na Colômbia, Venezuela e México, para estabelecer um diálogo entre as Nações Indígenas e os descendentes de espanhóis.
 

Boal, que faleceu em 2009, aos 78 anos, difundiu suas técnicas pelo mundo, especialmente nos últimos 40 anos. O método, que era usado por camponeses e operários, depois por professores e estudantes, hoje é também utilizado por artistas. No começo, suas apresentações se realizavam em lugares pequenos e quase clandestinos. Na atualidade, o Teatro do Oprimido se expandiu para as ruas, escolas, igrejas, sindicatos, teatros regulares e até prisões.
 

Para simbolizar o seu trabalho, Boal disse, certa vez, que o Teatro do Oprimido é o teatro no sentido mais arcaico do termo e que todos os seres humanos são atores porque atuam e espectadores porque observam, surgindo assim o que ele intitulou espect-atores.

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