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Ponto | Satyrianas: Festival de Experiências Radicais

Publicado em: 06/11/2012 |

No “Performix”, a cena de Sandra Vilchez, na 13ª edição do festival “Satyrianas” (Foto: Fotomix)

 

E lá se foi mais uma edição – a 13ª – do festival “Satyrianas – Uma Saudação à Primavera”, que aconteceu de 1º a 4 de novembro, em 78 horas ininterruptas de teatro, música, performatividade, cinema, show de boate, humor, leituras dramáticas, DJ’s e… mais teatro.

Sem dúvida, a chamada “Performix” é um dos pontos altos do evento, por, como o próprio nome indica, trazer performances inusitadas, gerando situações e cenas que podem ficar gravadas para sempre nas memórias das milhares de pessoas que passam pelo festival, todos os anos.

Histórias não faltam. Neste ano, por exemplo, a Cia. Registro Geral, de São Paulo, apresentou, no sábado (3), a performance “Pelo, Substantivo Indefinido”. Nela, Sandra Vilchez, aprendiz de Atuação da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, vestia uma malha cirúrgica, com furos nas axilas e na vagina. Munida de uma lâmina, se depilou totalmente (com direito até a se livrar das sobrancelhas), diante do público. Ao final, aplicou um creme no rosto e transferiu os pelos raspados para a face, simulando uma barba. Uma maneira provocadora de pensar como a definição da sexualidade é cada vez mais difícil na nossa sociedade atual.

Outra performance que  chamou a atenção e ganhou as páginas dos jornais de ontem (5) foram os “Casulos do Re-Nascimento”. Aqui, de 10 a 20 pessoas eram encapsuladas, em casulos plásticos, feitos de papel-filme, “embaladas” na hora pelo performer Otávio Donasci, de São Paulo, e penduradas em canos, galhos de árvores e corrimãos, por algumas horas. O objetivo era o de que buscassem, dentro de si mesmas, resíduos de vivências, que ficaram ao longo da vida, para se alimentarem e transformarem em outras pessoas, rasgando o casulo e “renascendo”.

Das outras edições das Satyrianas, há episódios que já viraram “clássicos”, como o da atriz Patrícia Aguille , desfilando do Teatro Oficina, no Bixiga, até a Praça Roosevelt, como Lady Godiva, nua, sobre um cavalo, o que rendeu um processo de atentado contra a paz e a ordem pública que as Satyrianas receberam, em 2006. Ah, o mentor da ideia foi o diretor José Celso Martinez Corrêa.

Aliás, a própria história do surgimento do festival já é um mito: o co-fundador dos Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro, Ivam Cabral, ganhou de presente de um amigo uma agenda com telefones de vários famosos. De posse dela, Ivam se divertia passando trotes a diversas celebridades. Ao chegar na letra “V”, deu de cara com o telefone da cantora Vanusa, a quem chamou para cantar em um suposto festival, que iria saudar a Primavera com a canção “As Manhãs de Setembro”, um de seus maiores sucessos. Enquanto “passava a conversa” em Vanusa, Ivam pensou: “Por que não fazer esse evento, de verdade?”. Assim nasciam as “Satyrianas – Uma Saudação à Primavera”. Detalhe: convidada para ser madrinha da primeira edição do festival, Vanusa aceitou a honraria para abrir a festa, às 6h da manhã, cantando “As Manhãs de Setembro”, no Teatro Bela Vista, mas… deu o cano. Não apareceu (teria esquecido a letra da canção?).

E se você tem alguma história curiosa para contar de alguma edição das Satyrianas, escreva para o e-mail: [email protected]. A gente vai adorar saber…
 

 

Texto: Majô Levenstein

 

 

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