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Ponto | Quando o Cinema Vai ao Teatro

Publicado em: 11/09/2012 |

Palco e tela não têm, necessariamente, de se confrontar. Há vários momentos, na história do teatro, nos quais essas duas artes se encontram e rendem frutos de boa safra. A seguir, alguns bons exemplos desse casamento bem-sucedido:

 

Luar em Preto e Branco

 

Montagem datada de 1992, do dramaturgo Lauro César Muniz e com direção de Sérgio Mamberti, “Luar em Preto e Branco” estrelou com Raul Cortez no elenco. Na história, Antônio está idoso e acredita sentir o dia de sua morte. As pessoas ao seu redor julgam tal atitude como mero efeito da velhice e loucura. Na narrativa, o tempo volta alguns anos, para quando Antônio casou-se com Carolina. Sob um pano de fundo p&b, o casal tem dois filhos e compra um cine-teatro, até que crises e traições acabam por desunir a família. A esperança de Antônio é reabrir o teatro e reconciliar-se com sua família. Em dado momento da peça, Raul Cortez “contracena” com um filme em preto-e-branco, assinado pela diretora Flávia Moraes. O efeito foi impactante e belíssimo.

 

 

Arsênico e Alfazema 

 

Sucesso da Broadway nos anos 1930 e adaptado para o cinema em 1945, por Frank Capra, São Paulo recebeu Arsênico e Alfazema, do autor americano Joseph Kesselring, em 1949, tendo um elenco encabeçado por Cacilda Becker e Madalena Nicoll, no palco do Teatro Brasileiro de Comédia. Ainda ao lado de Clóvis Garcia, Célia Biar, Maurício Barroso, Miton Ribeiro e Carlos Vergueiro, a peça contava a história de uma família inusitada: duas tias solteiras que tentam envenenar várias pessoas com um chá, um sobrinho que julga ser Theodore Roosevelt, o presidente dos EUA, e um casal que tenta ficar a sós.

Com direção de Adolfo Celi, a peça fez sucesso e foi remontada. A mais recente trazia Denise Weinberg e Ana Lúcia Torre no papel das senhoras assassinas, Abby e Martha, dirigida por Alexandre Reinecke. O cenário, também todo em preto e branco, bem em clima dos filmes noir americanos, tinha assinatura de J.C. Serroni, coordenador do curso de Cenografia e Figurino e Técnicas de Palco da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.

 

Atreva-se

 

Uma mansão cheia de histórias. A comédia de Maurício Guilherme, com direção de Jô Soares, retrata, em clima preto-e-branco, três histórias em épocas diferentes. Primeiro, em 1963, quando uma moça decide comprar a já velha mansão, sob o voto irônico do corretor de que ela seja feliz como os que lá viveram. A história volta nos anos 1920, com os primeiros moradores: um cadeirante inseguro e sua irmã orgulhosa. O tempo avança em 20 anos e mostra três jovens que fazem um pacto dentro da mansão, mas naquele dia algo de inesperado acontece.

 

Marcos Veras, Júlias Rabello, Carol Martin e Mariana Santos em “Atreva-se” (Foto: Divulgação)

 

A peça está em cartaz no Teatro das Artes, no Rio de Janeiro, até o fim deste mês. No elenco, Marcos Veras, Júlia Rabello, Mariana Santos e Carol Martin.

 

 

Vigor Mortis

 

A companhia Vigor Mortis foi criada em 1997, em Curitiba, Paraná, pelo diretor teatral Paulo Biscaia Filho. E desde o início dos anos 2000, começou a produzir uma série de vídeos, como “O Coração que Falava Demais” , um “mockumentary” (falso documentário – filmes que apresentam ficções como se fossem verdade) baseado no conto “O Coração Delator” de Edgar Allan Poe.

 

Em 2004, “Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos” é um grande sucesso de crítica e bilheteria. A produção solidifica a proposta da companhia na pesquisa do Grand Guignol, bem como a utilização de multimídia nas montagens. “Morgue Story” recebe cinco Troféus Gralha Azul/Prêmio Governador do Estado: Melhor Espetáculo de 2004, Melhor Diretor (Paulo Biscaia Filho), Melhor Ator (Anderson Faganello), Melhor Texto (Paulo Biscaia Filho), Melhor Sonoplastia (Paulo Biscaia Filho), além disso, a montagem ainda recebeu o Troféu Epidauro, concedido pelo Consulado da Grécia, como Melhor Espetáculo do Ano.

 

Ainda em 2004,  a Vigor Mortis estreia “Snuff Games”, uma história de manipulação e violência dentro de um bordel usando o mito dos filmes snuff (filmes que retratam assassinatos em que os atores morrem de verdade), como pano de fundo, em mais um exemplo de casamento feliz entre cinema e teatro. 

 

 

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