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Ponto | Pagu, a agitadora

Publicado em: 18/02/2014 |

Agitação talvez seja a palavra que melhor defina Patrícia Rehder Galvão (1910-1962). Conhecida como Pagu, foi uma mulher à frente de seu tempo. Artista multifacetada, foi escritora, poeta, diretora de teatro e desenhista, além de jornalista. Ferrenha militante comunista, carrega consigo ainda a marca de ter sido a primeira mulher presa no Brasil por motivações políticas e o título de musa do modernismo.

 

Das figuras femininas mais importantes do século passado, Pagu foi definida pelo poeta Augusto de Campos como “a nova mulher brasileira”. Outro poeta, Raul Bopp, foi quem deu seu nome artístico – equivocadamente, por pensar que seu nome fosse Patrícia Goulart, sugeriu que a moça usasse a primeira sílaba do nome e do sobrenome. Fato é que soava bem e a artista passou a ser chamada assim.

 

Ignorando a diferença de quase 20 anos de idade, casou-se com Oswald de Andrade, que, junto com a ex-mulher Tarsila do Amaral, servira como padrinho de Pagu algum tempo antes. Com ele, teve um filho, Rudá de Andrade, nascido no mesmo ano do casamento (1930). Também escreveram juntos o diário “O romance da época anarquista ou Livro das horas de Pagu que são minhas” e redigiram, depois de aderirem ao Partido Comunista, o jornal A Hora do Povo.

 

Pagu realmente fez de tudo um pouco e se permitiu viver as mais intensas experiências. Já no fim da vida – Pagu morreu aos 52 anos, em decorrência de um câncer –, passou a viver em Santos, agitando culturalmente a cidade. Na década de 1950 havia frequentado a Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD/USP), e nesses últimos anos voltou sua atenção novamente ao teatro. 

 

Ali, traduziu e dirigiu “Fando e Liz”, de Fernando Arrabal, peça que marcou a estreia do jovem Plínio Marcos nos palcos. Também levou à cidade Sérgio Mamberti e Zé Celso Martinez Corrêa e incentivou grupos amadores. Até hoje, Santos guarda lembranças dela e reconhece sua importância para a cultura da região. O mar, que ela tanto amava, nunca esquecerá sua inquieta e inspiradora passagem.

 

 

Texto: Felipe Del

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