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Ponto | O Teatro e a Cruz

Publicado em: 05/04/2011 |

A origem do teatro no Brasil remete à época da colonização, no século XVI, quando os padres da Companhia de Jesus, os Jesuítas, foram enviados para o Brasil com o objetivo de catequizar os índios, difundir a região católica e a cultura européia nas novas terras.
 

Liderados pelo Padre Anchieta e pelo Padre Antônio Vieira – autores de grande parte das peças, os Jesuítas adotaram o teatro como principal ferramenta para a educação religiosa dos índios, que sempre tiveram afinidade pela música, dança e pela oratória. Sob grande influência do barroco europeu, brotava o primeiro germe do teatro no País.
 

As peças, compostas por um misto de elementos da cultura indígena junto aos dogmas da Igreja Católica, eram escritas em tupi, português ou espanhol e, posteriormente, em latim. Nelas, índios, padres, brancos e mamelucos incorporavam santos, demônios e imperadores para representar temas como o amor e o temor a Deus. Papéis femininos, com exceção das santas, eram proibidos para evitar que os jovens se excitassem.
 

O estilo preferido pelos Jesuítas era o auto sacramental, que expressava as características da catequese melhor que as comédias ou tragédias. Dramáticos, os espetáculos sempre tinham fundo religioso, moral e didático. Dentre os autos apresentados na época destacam-se “Auto de Pregação Universal”, escrito entre 1567 e 1570, e “Na Festa de São Lourenço”, conhecido como “Mistério de Jesus”, ambos de autoria de Anchieta.
 

Não só os autos foram introduzidos no Brasil nesse período. O presépio e os pastoris também foram estilos trazidos pelos Jesuítas e hoje fazem parte das festas folclóricas brasileiras.
 

Já no século XVII, as peças escritas para catequese, assim como outros tipos de atividades teatrais, se tornavam cada vez mais raras, afinal era um período de crise e a obra missionária estava quase completa. Esse período foi chamado de Declínio do Teatro dos Jesuítas.
 

Apesar da decadência, o teatro brasileiro estava longe de seu fim. A partir de então, foi necessária uma mudança de rumo, mas essa é outra história, assunto para outro Ponto.
 

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