Em 1959, liderada por Fidel Castro e pelo argentino Ernesto “Che” Guevara, a Revolução Cubana, enfim, tomou Havana, a capital do país, depois de três anos de conflitos entre o movimento popular e o exército do ditador Fulgencio Batista, que era apoiado pelos Estados Unidos.
Assim, o regime nascido nas massas, de orientação socialista, foi instaurado e o Partido Comunista assumiu o governo. Novas medidas para a saúde e reforma agrária foram adotadas, além de uma para a educação e para as artes.
As Escolas Nacionais de Arte
O Country Club era um campo de golfe frequentado pela alta burguesia, que fora, então, exilada. No local, que passou para a condição de abandonado, Castro idealizou a construção de cinco prédios para o ensino de artes plásticas, visuais, cênicas, música e dança, voltado para cerca de 1.500 estudantes bolsistas. O conjunto arquitetônico foi considerado uma das principais obras modernas latino-americanas e citado em diversas publicações da área pelo mundo.
O projeto foi solicitado, em 1961, ao arquiteto cubano Ricardo Porro, que compartilhou o trabalho com dois amigos, os arquitetos italianos Vittorio Garatti e Roberto Gottardi.
Cuba tinha pressa. Os primeiros desenhos estavam prontos em dois meses e o conjunto foi dividido entre os arquitetos: as escolas de Artes Plásticas e Dança Moderna ficaram com Porro; Música e Ballet, com Garatti, e Artes Cênicas, com Gottardi.
As construções, de formas orgânicas e tetos abobadados, seguiram estilos diferentes. Os arquitetos adotaram desde elementos expressionistas, africanos, venezianos, até aqueles que representavam os ideais do Socialismo. Com o embargo imposto pelos EUA, os materiais usados na construção foram barro, terracota e madeira, abundantes na região.
Em 1965, quando duas escolas estavam prontas, o Ministério da Construção suspendeu os trabalhos. O Governo justificou que o investimento da obra não iria solucionar problemas sociais, como a falta de moradia e hospitais.
Escola de Ballet, de Vittorio Garatti (Foto: Divulgação)
Desde a paralisação da obra, foram várias as tentativas de finalizá-la, por meio de investimentos e outras ações – todas em vão. Agora, o complexo precisa ser restaurado. O projeto foi orçado em cerca de R$ 17 milhões, mas Cuba não possui a verba necessária para tirá-lo do papel. Além disso, o embargo norte-americano impede a destinação de recursos ao país pela Organização das Nações Unidas (ONU). O governo tentou privatizar a obra, mas também não obteve êxito.
Membro da lista de monumentos preservados pelo órgão mundial de defesa do patrimônio, o World Monuments Fund, o complexo levou o arquiteto Vittorio Garatti a juntar-se com outros colegas, numa campanha para conseguir arrecadar os recursos necessários para a restauração. Tomara que ele consiga…
Texto: Leandro Nunes