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Ponto | Dramaturgos no Cinema

Publicado em: 12/07/2011 |

“Film”, curta-metragem de 1965 que foi lançado recentemente em DVD, entrou para a história como o primeiro e único roteiro feito por Samuel Beckett especialmente para o cinema. O filme mudo é o resultado do encontro entre o dramaturgo e o comediante Buster Keaton, protagonista da trama.

 

Apesar de ter vivido entre os séculos XVI e XVII – cerca de 300 anos antes da invenção do cinema –, William Shakespeare teve seus textos adaptados para várias produções cinematográficas. Entre as que mais se destacaram estão: “Romeu e Julieta”, “Hamlet”, “Sonhos de uma Noite de Verão”, “O Mercador de Veneza”, “Titus”, “Noite de Reis”, “A Megera Domada”, “MacBeth” e “Othello”.

 

O autor ainda foi levado ao cinema como personagem, em “Shakespeare Apaixonado”, filme de 1998 no qual é retratado em sua juventude, quando sofre um bloqueio criativo que o impede de escrever peças de teatro, até que a inspiração surge na imagem da amada, Viola De Lesseps. 

 

Tennessee Williams vem logo atrás de Shakespeare no quesito “autores mais adaptados para o cinema”, graças a muitas de suas dezenas de peças que se transformaram em filmes. O primeiro deles que alcançou grande notoriedade foi “Algemas de Cristal”, de 1950, que surgiu da montagem “The Glass Menagerie”, sucesso de crítica e público na época. Outros, ainda, causaram polêmica, como o chocante “Boneca de Carne”, que conta com o roteiro do próprio Williams. 

 

“Longa Jornada Noite Adentro”, dirigido por Sidney Lumet e filmado em 1962, marca a passagem de mais um dramaturgo pelo cinema: o Nobel de Literatura Eugene O’Neill. A peça teatral de mesmo nome é uma das mais celebradas obras do autor, vencedora do Prêmio Pulitzer de 1957.

 

Mas nem só de estrangeiros vive a dramaturgia no cinema. No Brasil, também temos nosso autor maior, o dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues, que, antes de tudo, era um verdadeiro cinéfilo. Adorava comparar tudo o que via com filmes e até seu trabalho sofreu influência desse relacionamento. As adaptações de suas obras para o cinema obtiveram bastante êxito. “Boca de Ouro”, por exemplo, foi sucesso de bilheteria nos anos 60.

 

No entanto, “Toda Nudez Será Castigada”, adaptada por Arnaldo Jabor em 1973, é considerada a mais brilhante tradução de Rodrigues para o cinema, sendo também um dos maiores sucessos de crítica e de público do cinema brasileiro. No ano de seu lançamento, o longa levou para casa o prêmio Urso de Prata.

 

Outro que entrou para a lista de dramaturgos no cinema é Oduvaldo Vianna Filho. Vianninha, como era mais conhecido, além de atuar em filmes nacionais, escreveu diversos roteiros para cinema, como “Assalto Alto”, de 1971; “Em Família”, de 1970; e “O Casal”, de 1974. Desses, o que mais repercutiu foi “Em Família”, que tinha no elenco, entre outros, Iracema Alencar, Rodolfo Arena e Fernanda Montenegro.

 

Jorge Andrade, um dos mais expressivos dramaturgos do País, também se faz presente nessa relação de nomes. “Vereda da Salvação”, peça escrita por ele em 1964, foi parar nos telões no mesmo ano, adaptada e dirigida por Anselmo Duarte. No elenco, Raul Cortez, Lélia Abramo, Stênio Garcia e outros. A produção recebeu prêmio de Melhor Fotografia e Menção Honrosa (Esther Mellinger e Raul Cortez) na I Semana do Cinema Brasileiro, em 1985; Melhor Diretor e Música (Diogo Pacheco), no Prêmio “Governador do Estado de São Paulo”, de 1965; Melhor Ator (José Parisi) e Melhor Roteiro (Anselmo Duarte) do Prêmio “Cidade de São Paulo”, do mesmo ano.

 

Provando que a prática de levar ao cinema textos de teatro é recorrente e se mantém viva até os dias de hoje, a diretora, dramaturga e atriz Christiane Jatahy adaptou sua própria peça “A Falta que Nos Move”, da sexta para a sétima arte. No texto, discute-se, inclusive, a fronteira entre o teatro e o cinema, o ator e a personagem, o real e o ficcional, o escolhido e o acaso. Lançado comercialmente no dia 1º de julho, o filme está em cartaz no Espaço Unibanco Pompéia e no Unibanco Arteplex. 

 

Foto: Divulgação

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