“Casa de bonecas” é uma peça teatral escrita pelo dramaturgo norueguês Henrik Ibsen em 1879. Foi a obra responsável por dar destaque ao autor dentro e fora da Escandinávia e, desde então, tem sido encenada em todo o mundo, pelos mais diversos grupos.
O texto inicialmente mostra um casal aparentemente feliz. É véspera de Natal e eles arrumam a casa para as celebrações. O marido, Helmer, critica os gastos exagerados da mulher, Nora, mas ao mesmo tempo, não para de mimá-la e tratá-la de forma paternal.
A grande ruptura chega quando um segredo de Nora vem à tona: Helmer teve um sério problema de saúde anos antes e precisava sair do frio norueguês, ela, então, fizera um empréstimo para pagar as despesas. A notícia ofende profundamente o ego machista do homem e causa um escândalo na família.
Uma das encenações da peça que mais chamaram a atenção por sua originalidade e criatividade foi do dramaturgo, professor e diretor norte-americano Lee Breuer e sua companhia, o Mabou Mines. Nela, “Casa de bonecas” é encenada com anões. As únicas exceções são Nora e os seus filhos, que têm a mesma altura dos anões.
O dramaturgo e diretor Maurício Paroni de Castro, coordenador da Biblioteca da SP Escola de Teatro, assistiu ao espetáculo e o considera “uma obra-prima da ironia no teatro”. “A chave era o contexto da realidade física daqueles atores e a cenografia: uma casa de bonecas verdadeira, de criança, onde Nora era mantida cinicamente abaixada, ou de joelhos. A ideia de criancismo aqui é onipresente”, diz.
Segundo ele, “a metáfora, a integração entre ficção e realidade, a estética das escolhas e a organicidade do todo são o que de mais definitivo vi num espetáculo de Ibsen. O seu realismo foi respeitado ao máximo; mas paradoxalmente desconstruído até a demolição final do sonho burguês”.
O programa do Mabou Mines, que pode ser conferido em seu site, diz o seguinte: “O propósito artístico de Mabou Mines continua a ser a criação de novas peças de teatro com textos originais a partir do uso teatral de textos preexistentes(…). Cada membro é encorajado a perseguir sua visão artística, iniciando e colaborar em uma ampla gama de projetos de estilos variados, desenvolvendo-os desde o conceito inicial para o desempenho final. Este procedimento é intenso e muitas vezes demorado. Enquanto o diretor de um trabalho é responsável pelo seu conceito e sua estrutura básica, a produção final reflete as preocupações e formas artísticas de todos os seus colaboradores”.
Veja no Youtube um trecho da peça.
Texto: Felipe Del