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Papo de Teatro com Antonio Gilberto

Publicado em: 28/11/2011 |

Antonio Gilberto Porto Ferreira é diretor e produtor teatral

 

Antonio Gilberto (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

 

Como surgiu o seu amor pelo teatro?

Desde a infância quando assisti a representações de pequenas histórias no circo

 

Lembra da primeira peça a que assistiu? Como foi?

“Marcelino Pão e Vinho”. Uma imagem inesquecível

 

Um espetáculo que mudou o seu modo de ver o teatro.

“Macunaíma”, direção de Antunes Filho

 

Um espetáculo que mudou a sua vida.

“Escuta Zé”, com Marilena Ansaldi

 

Você teve algum padrinho no teatro? Se sim, quem?

Tive a honra de estrear profissionalmente como assistente de direção no espetáculo “Irresistível Aventura”, no Rio de Janeiro, em 1984. Foram meus padrinhos Domingos de Oliveira (diretor desse espetáculo) e Dina Sfat (protagonista e produtora dessa peça)

 

Já saiu no meio de um espetáculo? Por quê?

Nuca sai. Segurei firme até o final.

 

Teatro ou cinema? Por quê?

Teatro sempre. Mas cinema também é excelente. Outra linguagem.

 

Cite um espetáculo do qual você gostaria de ter participado. E por quê?

Não gostaria de ter participado de nenhum, porque nunca quis ser ator. Dirigir vários textos que ainda não dirigi, isso eu gostaria muito.

 

Já assistiu mais de uma vez a um mesmo espetáculo? E por quê?

Muitas vezes!! Posso citar alguns “Viver sem Tempos Mortos” (com Fernanda Montenegro), “Trate-me Leão” (Asdrúbal Trouxe o Trombone), “Macunaíma” (Antunes Filho), “Escuta Zé” (Marilena Ansaldi), “Apareceu a Margarida” (com Marilia Pêra, direção Aderbal Freire-Filho) e muitos outros.

 

Qual dramaturgo brasileiro você mais admira? E estrangeiro? Explique.

Brasileiros, cito dois: Nelson Rodrigues (pela universalidade das questões do inconsciente que ele coloca em cena, dentro de um contexto brasileiro) e Jorge Andrade (pela humanidade e panorama histórico-social de suas peças).

Estrangeiros, cito Goethe, Schiller, Strindberg, Tchecov, Tennessee Williams.

 

Qual companhia brasileira você mais admira?

Várias! Mas sou fã do trabalho que Antunes Filho vem desenvolvendo há anos no Sesc/SP.

 

Existe um artista ou grupo de teatro do qual você acompanhe todos os trabalhos?

Antunes Filho, Domingos de Oliveira, Débora Colker (na dança)

 

Qual gênero teatral você mais aprecia?

Drama

 

Em qual lugar da plateia você gosta de sentar? Por quê? Qual o pior lugar em que você já se sentou em um teatro?

Gosto de sentar na região central do teatro, mais para o fundo, para ter uma visão mais completa da encenação. No chão, foi o pior lugar onde já sentei em um teatro, mas foi ótimo porque queria muito assistir àquele trabalho!

 

Fale sobre o melhor e o pior espaço teatral que você já foi ou já trabalhou?

O melhor espaço? Digo que é o que mais atende a realização do teu espetáculo. Dependendo da proposta cênica esse melhor espaço teatral pode ser o Teatro Municipal ou uma sala dentro de uma escola ou empresa. Não existe pior espaço teatral.

Hoje até em uma garagem você pode realizar uma experiência teatral. Depende da proposta. Particularmente gosto muito quando trabalhos teatrais são apresentados em locais não convencionais. 

 

Existe peça ruim ou o encenador é que se equivocou? 

Existe textos com baixa qualidade dramatúrgica (na carpintaria por exemplo), e existem sim encenações equivocadas (e os motivos podem ser o mais diversos!)

 

Como seria, onde se passaria e com quem seria o espetáculo dos seus sonhos?

Não tenho esse sonho tão completo em minha cabeça para descrevê-lo de forma tão objetiva! Agora, sonho sempre  quando vou montar algum espetáculo em conseguir o melhor elenco, a melhor equipe artística e técnica e realizá-lo no espaço para o qual foi pensado (teatro tradicional, ou arena, ou espaço alternativo  etc).

 

Cite um cenário surpreendente.

No Brasil, o cenário de Daniela Tomas para “O Processo”, de Kafka.

 

Cite uma iluminação surpreendente.

A iluminação de Jorginho de Carvalho para o espetáculo de Débora Colker

 

Cite um ator que surpreendeu suas expectativas.

Vários ao longo desses anos em que assisto e trabalho em teatro.

 

O que não é teatro?

Aquilo que não comunica, que não atinge o racional, o emocional do público.  

 

A ideia de que tudo é válido na arte cabe no teatro?

Sim, não esquecendo que nosso alvo é o público. Logo, tudo é válido enquanto estamos comunicando algo para esse público. Mesmo que seja algo estranho, novo, diferente. O importante é comunicar.

 

Na era da tecnologia, qual é o futuro do teatro?

O melhor possível!!! Por que? Porque as pessoas precisam desse contato que só o teatro promove. Contato do artista/ator contando uma história para outras pessoas. Esse ritual que vem desde a origem do homem, quando sentavam em torno da fogueira… Isso, acredito, só o teatro proporciona. Uma experiência única, viva, onde nos espelhamos e conseguimos nos entender e entender o que nos cerca. Nenhuma tecnologia, por mais fantástica que seja, conseguirá. Só o teatro. Por isso acredito que no futuro ele será ainda mais necessário.

 

Em sua biblioteca não podem faltar quais peças de teatro?

As obras completas de Nelson Rodrigues, Jorge Andrade, O´Neill, Strindberg, Schiller, Tchecov, Gorki, Garcia Lorca e tantos outros que me ajudaram a entender um pouco o significado de nossas existências.

 

Cite um diretor (a), um autor (a) e um ator/atriz que você admira.

Antunes Filho, Domingos de Oliveira, Fernanda Montenegro, Marília Pêra, Bibi Ferreira, Irene Ravache, Juca de Oliveira, Marco Nanini, só para citar alguns.

 

Qual o papel da sua vida?

Minha vida está absolutamente ligada ao teatro. Se ela tem algum significado eu devo ao teatro, onde temos a possibilidade de viver uma experiência intensa e profunda a cada trabalho que fazemos. E essa experiência vai desde o relacionamento em grupo até o estudo de um determinado assunto que a peça aborda e que você não entraria em contado se não fosse pela montagem. 

 

Uma pergunta para William Shakespeare, Nelson Rodrigues, Bertold Brecht ou algum outro autor ou personalidade teatral que você admire.

Para os três: Valeu a pena?? Para nós vocês são indispensáveis! Sempre!

 

O teatro está vivo?

MUITO!!! E se transformando a cada dia. Mas nunca perderá a sua essência onde um homem (ator) conta uma história para outro homem (espectador) e esse ato me leva a pensar, refletir, criticar, etc, etc, a minha vida, a minha época, etc, etc, etc. E o teatro VIVO te leva a tudo isso e ainda te diverte.  Te dá prazer! Existe algo melhor???

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