Por Rodolfo García Vázquez*
Oskar Pistorius, para mim, é um dos maiores ícones do início do século 21.
A imagem dele correndo nas Olimpíadas de 2012 é impressionante. É a certeza fotográfica de tudo o que ainda está por vir para o homem-cyborg. Com suas próteses altamente elaboradas e design impecável, correu ao lado de corpos humanos tradicionais na final dos 400 metros rasos. Um dos oito homens mais rápidos do mundo não era mais o que costumamos chamar de humano. Era um cyborg.
O teatro expandido busca o diálogo profundo com esta imagem visionária de Oskar Pistorius, e todas as suas implicações. Este é o caminho dos Satyros hoje.
Na semana passada, por mais cyborg que seja sua condição, cedeu à sua essência humana, obscura, secreta e passional. Matou a namorada.
Está preso.
Pistorius, o primeiro herói trágico cyborg. Lutou como gigante contra a natureza e se construiu como homem expandido. Criou através de próteses hipersofisticadas uma capacidade antes inimaginável de superação da própria natureza.
No entanto, não conseguiu vencer a mais difícil dimensão da Natureza. Aquela que vivia dentro dele mesmo, complexa, intangível e cheia de demônios e mistérios.
O velocista paraolímpico sul-africano Oscar Pistorius, acusado de ter assassinado, na última quinta-feira (14), a namorada, a modelo Reeva Steenkamp: cyborg, sem domínio sobre a Natureza (Foto: Reprodução)
*Rodolfo García Vázquez, especial para o portal da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco