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Opressão Metropolitana

Publicado em: 03/04/2012 |

Dando sequência à programação do dia, relacionada ao Experimento do Módulo Verde da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, os núcleos 3 e 4 também compartilharam com o público suas investigações cênicas, no Território Cultural realizado no último sábado (31).

 

 

Núcleo 3

 

Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac. O barulho do relógio saudava os que adentravam a sala desse núcleo. Dividido na metade por um “muro” de folhas de papel penduradas em fitas, o lado não acessível do espaço era responsável por emanar toda a luz do ambiente – ora amarela, ora cor-de-rosa – e delimitar a fronteira entre real e imaginário. 

 

Uma personagem feminina, que segurava nas mãos um maço de páginas, se encontrava em uma incômoda situação: a todo momento, ela se via cercada por outros dois homens, que a observavam com olhares voluptuosos. 

 

Viviane Ramos, formadora de Técnicas de Palco e orientadora do núcleo, observa que o tema central da pesquisa do grupo foi a opressão, a partir de trechos do livro “Bella Ciao”, de Luís Alberto de Abreu. 

 

“A questão da opressão foi colocada para o grupo e cada um ofereceu suas impressões. Então, com base no trabalho de corpo dos atores, formou-se a cena. A Dramaturgia também empregou um dispositivo de transposição, que faz com que as personagens se encontrem na realidade (o presente) e passem para uma espécie de lado imaginário (a memória)”

 

 

Núcleo 4

 

“Retire sua ficha e aguarde o embarque”, ouvia-se. De um lado, um casal se envolvia em uma discussão cada vez mais acalorada. Olhando para o outro, uma cigana oferecia-se para ler as mãos das pessoas. À frente da porta da sala 21, dois sisudos fiscais uniformizados observavam a movimentação e orientavam os que estavam ao redor.

 

Experimento do núcleo 4 (Foto: Felipe Del)

 

O Experimento do núcleo 4 tinha início desta forma, no próprio corredor. Tudo ficava mais claro ao entrar no recinto. Aquele espaço havia sido transformado em um vagão de metrô, lotado de passageiros. Nele, desenrolavam-se situações corriqueiras desse tipo de ambiente: discussões por conta de assentos preferenciais, reclamações pelo calor, falta de iluminação e, para lamento geral, o trem quebra por alguns instantes. Ao “desembarcar”, o público tem uma forte surpresa. O homem daquele casal que discutia na “passarela” havia se suicidado nos trilhos do trem, e a moça, agarrada ao que restou do companheiro, gritava e chorava.

 

Lauanda Varone, aprendiz de Atuação, comenta que a pesquisa de personagens periféricas de “Bella Ciao” levou à concepção de tipos característicos da região do Brás. “Para mim, ficou muito claro que as personagens eram o próprio Brás. Percebemos que a questão do metrô é muito forte aqui. Assim, levamos para a cena acontecimentos típicos dessa realidade.”

 

Bernadeth Alves, artista convidada de Direção, comenta que o grupo entendeu o metrô como o signo que mais representa a região, e que, por isso, focou sua pesquisa em retratar figuras identificáveis que frequentam esse espaço. “A Dramaturgia propôs algumas situações que foram compartilhadas com as outras áreas, então, houve improvisação em torno das propostas. Alguns trouxeram elementos reais, outros fictícios. A partir daí, a Direção fez a escolha do material das improvisações”, relata.

 

 

 

Veja mais:

 

Sinal Verde

O Texto Dramatúrgico a Partir do Universo do Brás por Ivam Cabral

O Anonimato é Verde

O Terceiro Dia

Saudosa Maloca

Opressão e Risos

 

 

 

Texto: Felipe Del

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