O humor teve sequência no Experimento do Módulo Verde, aberto ao público no Território Cultural promovido pela SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco no último sábado (31).
Após as aberturas dos trabalhos dos oito núcleos, a programação do dia ainda contou com um bate-papo que teve como convidadas a dramaturga, roteirista e escritora Adélia Nicolete e Maria Lúcia Pupo, pesquisadora e professora da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), que acompanharam os Experimentos e fizeram observações sobre os trabalhos dos aprendizes.
Leia abaixo como foram os Experimentos dos núcleos 7 e 8:
Núcleo 7
O Experimento desse núcleo tinha como personagem central um verdadeiro manda-chuva. Todos o temiam. Ninguém tinha coragem de desafiá-lo em um jogo de tabuleiro semelhante ao xadrez, mas que utilizava, como peças, copos plásticos com distintas expressões faciais desenhadas. Ao escolher uma adversária para encará-lo no jogo, tem início um ritual cômico, com os respectivos torcedores apoiando seus colegas.
A cada movimento, uma enorme tensão era criada, extraindo muitos risos dos espectadores. Após enganar sua rival, a imbatível figura consegue dar uma reviravolta na partida e é aclamado vencedor, fazendo com que todos se submetessem a ele novamente.
A proposta do grupo, segundo Telumi Hellen, formadora de Cenografia e Figurino e orientadora do núcleo, surgiu de uma proposição da Direção a respeito do controle. Depois, foram adicionados questões sobre outros temas, como a opressão, simbolizada pelos aprendizes por meio de uma brincadeira lúdica, um jogo de xadrez inventado por eles próprios.
Telumi comenta, ainda, que o processo de criação foi produtivo, com bastante colaboração entre as áreas. “Eles tiveram a consciência do que cada um trouxe até o momento, e percebo que o que estão apresentando dentro dessas condições tem uma sinceridade. Eles estão doando tudo o que podem e tentando aprimorar o trabalho. É um núcleo que percebe que todos têm que participar”, finaliza.
Núcleo 8
Examinadores de cavalos. Esses eram os protagonistas do Experimento do núcleo. Qual era a função deles? Justamente, avaliar os interessados em vagas de emprego adotando critérios semelhantes aos utilizados para conferir a qualidade de um cavalo. Sendo assim, em um ambiente pouco iluminado, com o relincho de cavalos ao fundo, os examinadores empunhavam lanternas e escolhiam espectadores para a avaliação.
Cena do núcleo 8 (Foto: Felipe Del)
Em meio a chicotadas, os atores selecionados na primeira parte dos exames subiam em uma plataforma e começavam a exibir movimentos, em sua maioria, sem jeito e descoordenados, ostentando sorrisos forçados para conseguir uma vaga.
Karen Luizi, aprendiz de Técnicas do Palco, comenta os conceitos trabalhados pelo núcleo: “Partimos de um personagem secundário, que era um agenciador que selecionava os italianos recém-chegados ao Brasil para trabalhar. Então, a dramaturgia fez uma analogia entre a escolha de um cavalo e a seleção de um trabalhador, situações semelhantes”.
Ao trabalhar questões relacionadas a angústia, falta de espaço, opressão, repetição e acúmulo, o grupo começou o processo criativo experimentando improvisações, como explica Vitor Monaco, aprendiz de Sonoplastia. “O primeiro dia foi um improviso total, o segundo foi um exagero e hoje (no sábado), o trabalho está se assentando. E de uma forma bastante natural. Estávamos com um pouco de receio, mas as coisas aconteceram e até nos surpreendemos.”
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Texto: Felipe Del
