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Oito Provocadores

Publicado em: 11/12/2012 |

Protegidos dos 30º da manhã de hoje (11) por tendas, aprendizes, coordenadores, formadores e convidados se reuniram na Sede Brás da SP Escola de Teatro – Centro das Artes do Palco. O encontro foi marcado para que os convidados compartilhassem com os aprendizes suas apreciações a respeito do Experimento do Módulo Amarelo, cujas aberturas de salas foram realizadas no último sábado (8/12).

 

Joaquim Gama, coordenador pedagógico da Instituição, fez as honras da casa e reiterou a importância do momento: “É bonito andar pela Escola e ver gente serrando, cortando, compondo, criando e até brigando, enfim, respirando teatro. É uma loucura prazerosa pensar essa Escola a partir dos Experimentos. Parabéns a todos que têm abraçado essas proposições e enlouquecido junto conosco”, concluiu antes de chamar os convidados.

 

Integraram a mesa Camila Caldeira Nunes (Socióloga/USP); Danilo Grangheia (Atuação); Cris Lozano (Direção); Evill Rebouças (Dramaturgia); Esio Magalhães (Humor); Márcio Tadeu (Cenografia e Técnicas de Palco); Marcos Moraes (Iluminação), e  Daniel Maia (Sonoplastia).

 

Os oito convidados da mesa (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

  

Camila foi a primeira convidada a falar. “Gostaria de dizer que em alguns Experimentos me emocionei mesmo. Tive vontade de chorar. Minha perspectiva não é a mesma de um artista, mas do ponto de vista da Sociologia. E tenho que dizer que vi coisas que jamais imaginei, paradoxos e ambigüidades que fugiram da dicotomia da mídia. Foi um presente este convite”, finalizou. 

 

O próximo convidado a tecer suas considerações foi Marcos Moraes. “Eu tive a sorte de acompanhar os três Experimentos e isso me mostrou claramente a evolução dos trabalhos. Uma espécie de amadurecimento que só o fazer possibilita. Também me chamaram a atenção a apropriação da linguagem e algumas soluções muito originais na iluminação.”

 

Carismático, o ator e diretor Danilo Grangheia não poupou elogios nem críticas. “Vim aqui bisbilhotar o trabalho de vocês e é muito legal ver como essa Escola é um celeiro de criação. Senti falta de não ter visto os outros dois Experimentos pra entender melhor de onde o trabalho partiu e onde chegou. Fiquei super impressionado como o tema (Maio de 2006 e PCC) foi colocado em questão mas em alguns momentos o ator não aconteceu. E, desculpem, diretores, mas o teatro é do ator”, afirmou causando burburinho na plateia. 

 

Antes de finalizar, Danilo ainda lançou uma provocação: “O ator tem que tomar o seu lugar. E, dentro da narrativa, de que forma isso pode acontecer de maneira orgânica, sem quebrar o fluxo?”, questionou. 

 

Ao expor suas impressões, a atriz e diretora Cris Lozano destacou a variedade de possibilidades de olhar para o tema que os trabalhos geraram. “Assistir a oito Experimentos com abordagens tão distintas me faz ver o quanto o teatro vai cumprindo sua função, que é justamente abrir outros olhares, outras reflexões”. Para ela, as questões e provocações lançadas na mesa de discussão são para “levantar poeira, são perguntas que faríamos se estivéssemos na sala de ensaio, que podem servir não só para este tema, mas também para as suas vidas e para a forma como veem o teatro”.

 

Simpático, Evil Rebouças abriu sua fala brincando: “Eu vou problematizar. Nem tudo são flores e, afinal, viemos aqui para nos movimentar. Minha provocação é com a teatralidade da cena. Algo muito potente pode até nos envolver, mas de que forma isso corrobora com o que eu quero dizer? Até que ponto essas narrativas servem ao meu tema?, concluiu antes de agradecer. “Obrigada pelo prazer de estar com vocês e estar também me transformando.”

 

Embora tivessem considerações particulares sobre cada núcleo, os artistas foram orientados a não se ater a um determinado grupo, mas Daniel Maia quebrou o protocolo e pontuou, ainda que rapidamente, um a um os oito Experimentos. No balanço geral disse que viu algumas coisas que ele próprio gostaria de ter feito. “Comento com vocês de colega pra colega e digo que algumas das sonoplastias que ouvi aqui poderiam estar em qualquer espetáculo de fora da Escola.” 

 

Cacilda, nossa mascote, não estava na pauta do dia, mas acabou sendo citada e aplaudida na fala do penúltimo convidado, Márcio Tadeu. “Fico muito nervoso com declarações públicas, morro de inveja da Cacilda que não precisa falar nada”, brincou. “Achei muito corajosa a escolha do tema, e dificílima.” Experiente, durante sua fala, Márcio apontou caminhos, provocou os aprendizes e lembrou ainda de um conceito básico no teatro: menos é mais.  Finalizou dizendo que esse é o segundo Experimento que acompanha na Escola. “Os dois me fizeram repensar as minhas escolhas e isso é muito bom.”

 

Mediante o barulho da plateia, Esio Magalhães, o último a falar, também começou com uma brincadeira. “Ainda há atenção aqui? Como todo palhaço, sou um pouco carente.” Depois da risada do público, assumiu um tom mais sério e fez várias considerações além de parabenizar a todos pela “empreitada ambiciosa”. Contou que a primeira vez em que esteve aqui viu que este era um lugar de primeiro mundo. Mas ressaltou a importância de não esquecer que somos pioneiros nessa maneira de pensar. E, para concluir, foi enfático sobre o humor nos Experimentos. “Não é porque é engraçado que não tem importância. Temos que rir de uma maneira provocativa e esse tema é uma oportunidade para criar um riso que nos incomode e nos mobilize. Temos que ter coragem de agir artisticamente com o coração.”

 

Ivam Cabral, diretor executivo da Instituição, ressalta a vocação para o encontro que a Escola detém desde sua origem e afirma que devolutivas como essas reforçam essa maneira de pensar a formação. “A Escola nunca pretendeu formar apenas atores ou diretores, mas sim profissionais de oito áreas distintas. Muitas vezes, por exemplo, o ator é ‘dissolvido’ em meio a todos esses talentos. Não há um único elemento que brilhe, mas sim um projeto que fala por si só”.

 

Segundo ele, este é o “grande trunfo da Escola”, por se tratar de algo raro no teatro, e o entusiasmo com que os convidados entenderam e receberam essa proposta é “muito estimulante e nos motiva a crescer e seguir com essa forma de trabalhar, que é movida pelo objetivo de tratar com igualdade todas as áreas, permitindo que nesse diálogo elas respirem e comunguem.”

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