EN | ES

O Teatro na Contemporaneidade

Publicado em: 26/06/2012 |

De um lado, o diretor, dramaturgo, pesquisador e crítico Luiz Fernando Ramos. Do outro, o ator e diretor Gilberto Gawronski. Entre eles, o jornalista, crítico e pesquisador Kil Abreu. Esses três formaram a Mesa de Discussão promovida pela SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, no último sábado (23), que serviu de pontapé inicial do Território Cultural, destinado às aberturas de sala do terceiro e último Experimento do Módulo Azul.

 

Da esq. p/ a dir.: Luiz Fernando Ramos, Kil Abreu e Gilberto Gawronski (Foto: André Stefano)

 

Idealizado pelo setor de Extensão Cultural da Escola, o encontro teve como mote o tema “Teatro Hoje: Suas Relações Com a Contemporaneidade”. No início, Abreu, que foi responsável pela mediação da conversa, fez uma breve apresentação dos dois convidados e introduziu o assunto, afirmando que “o contorno da contemporaneidade no Brasil é rico e nos oferece várias possibilidades”.

Luiz Fernando Ramos começou, então, suas explanações, mergulhando nos séculos passados para transmitir o contexto histórico do pensamento a respeito do teatro contemporâneo – e das características da arte deste tempo. Segundo ele, até determinado momento, existia uma divisão entre artes descritivas (pintura, desenho, etc.) e formas canônicas (teatro, dança, música, etc.). Na arte contemporânea, essas fronteiras foram gradualmente extinguidas.

Na sequência, Gawronski se valeu de suas experiências com teatro e performance para dar algumas dicas aos aprendizes. “Um ótimo exercício é tirar suas expectativas. A performance é sempre um momento único. O que vai acontecer aqui nunca mais vai se repetir.”

O debate continuou até que um momento singular fez o tempo parar na SP Escola de Teatro. Enquanto falava sobre o poder libertário da arte, Gawronski se emocionou e não conseguiu conter as lágrimas, ao dizer: “Não consegui acabar com a aids. Não consegui salvar o Caio Fernando Abreu. Mas sinto que meu trabalho está presente em cada pessoa que toma o antiviral”. Os dois foram grandes amigos, e, ao morrer vítima da doença, em 1996, Abreu o nomeou como um dos administradores de sua obra literária. Gawronski já encenou, como diretor e ator, uma série de textos de autoria de Abreu.

Após os aplausos da plateia, que se comoveu com o desabafo, Kil Abreu reconheceu a beleza e importância da fala de Gawronski. Para encerrar o encontro, o mediador fez uma pergunta sobre o comportamento da crítica teatral perante o teatro experimental, ao que Luis Fernando Ramos respondeu que quanto à diversidade de estilos, “a crítica tem de ser generosa. Cultivo a crítica também como forma de arte”.

“Fico pensando o que eu faria se tivesse a oportunidade de vocês. Creio que o importante é fazer como se fosse a última chance de dizer algo, de fazer reverberar na sociedade. O que está sendo mudado aqui hoje?”. Com essa provocação de Gawronski, os aprendizes retornaram a suas salas de trabalho, onde, depois de alguns minutos, mostrariam ao público suas experimentações cênicas acerca da performatividade.

 

 

Texto: Felipe Del

Relacionadas:

Uncategorised | 16/ 04/ 2024

Premiado musical ‘Bertoleza’ ganha nova temporada, gratuita, no Teatro Paulo Eiró

SAIBA MAIS

Uncategorised | 09/ 11/ 2023

Palestra com a artista sul-africana, Ntando Cele, acontece na SP Escola de Teatro nesta sexta (10)

SAIBA MAIS

Uncategorised | 20/ 09/ 2022

Pamy Rodrigues, artista egressa da SP, assina direção de espetáculo feminista inspirado no conto O Papel de Parede Amarelo

SAIBA MAIS