Com casa lotada – mais de 70 pessoas na plateia -, o dramaturgista, tradutor e professor alemão Henry Thorau participou da Mesa de Discussão “Funções do Dramaturg no Teatro Contemporâneo”. O encontro também teve como convidado Antonio Gilberto, sob mediação de Evill Rebouças, na Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, na última quinta-feira (9).
Atualmente professor titular na Universidade de Trier, em Berlim, Thorau ainda é o orientador do curso de Extensão Cultural “O Que É Ser um Dramaturg e Seu Papel na Encenação do Texto”, também ministrado na sede Roosevelt da Instituição. Durante o debate, que durou três horas e lançou luz sobre o papel do dramaturgista no fazer teatral, o alemão foi enfático: “O dramaturgista (dramaturg, em alemão) não deve ficar restrito à produção do texto. Ele é uma espécie de ‘engenheiro’ da montagem teatral, o crítico interno da encenação”.
A partir daí, Thorau citou exemplos de montagens alemãs, cujo papel do dramaturgista foi fundamental em sua concepção. “Na Alemanha, por exemplo, no auge do feminismo, na década de 60, eu me lembro de uma adaptação de ‘Macbeth’, feita com um elenco só de mulheres. Havia até cenas lésbicas’, lembra.
Antonio Gilberto, Henry Thorau e Evill Rebouças (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
E no Brasil? Qual o papel do dramaturgista? “No País, ainda é pequeno. Mas eu posso dizer que ele é verdadeiramente importante. Numa montagem também de ‘Macbeth’, aqui no Brasil, com direção do Ulysses Cruz e estrelada pelo Stênio Garcia, eu presenciei o quanto foi importante o papel desempenhado pela dramaturgista Valderez Cardoso Gomes. Ela contribuiu de maneira fundamental para enriquecer a montagem”, ressaltou Evill Rebouças.
Logo depois da explanação dos debatedores, o encontro foi aberto para perguntas feitas pela plateia. Uma delas veio do Aprendiz João de Freitas, do Curso de Dramaturgia da SP Escola de Teatro. Ele queria saber se, como no Brasil, na Alemanha, o conceito de dramaturgia é tão abrangente, englobando definições como as de ator, autor, peça e se, também por lá, há um curso específico para dramaturgista. Thorau explicou que, na Alemanha, os conceitos são mais pontuais e que, sim, há cursos para a formação de dramaturgistas. “Eles existem na Universidade das Artes, em Berlim, onde há uma cadeira só para dramaturgistas, aliás, muito concorrida, na relação candidato/vaga de 400/10. Há ainda cursos em Hamburgo, Munique”, encerrou Thorau.
Texto: Majô Levenstein