Na noite de 17 de março de 2011, o Cine Belas Artes se abria para mais uma de suas sessões. Depois de 68 anos tornando ainda mais movimentada a esquina da Rua da Consolação com a Avenida Paulista, aquele seria seu último dia de funcionamento.
Na semana passada, dia 6, um ano após o fechamento do local, foi instaurada uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para discutir o tombamento do espaço.
O primeiro aviso de fechamento veio em março de 2010, com o fim do patrocínio, então pertencente ao banco HSBC. Os sócios buscaram um novo apoio e até conseguiram. No entanto, o proprietário solicitou a desocupação do prédio pelo cinema. A ideia era alugar o espaço para uma rede de lojas.
Na impossibilidade de funcionamento, amigos e frequentadores do Belas Artes organizaram inúmeros protestos e até um manifesto, assinado por mais de 100 mil pessoas, para que o prédio fosse tombado e reaberto. A esperança era a de que o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) considerasse o cinema como patrimônio imaterial da cidade.
O Cine Belas Artes continua fechado desde março do ano passado e aguarda apuração (Foto: Rogério Canella)
O processo estava arquivado pela dúvida sobre o objeto a ser preservado: o espaço físico ou a prática cultural em si? Em dezembro do ano passado, a Justiça obrigou a retomada dos estudos sobre o tombamento e agora instaurou a CPI do Belas Artes. Enquanto o caso não for devidamente apurado, o proprietário não pode modificar ou demolir o prédio.
Agora, é aguardar a aprovação dos nomes para a CPI. A proposta do governo é desapropriar o imóvel e escolher uma nova administração, por convênio ou licitação. Os cinéfilos estão na torcida!
Texto: Leandro Nunes
