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O Avesso e o Ritual

Publicado em: 20/03/2012 |

A cada porta aberta, uma surpresa. Dando continuidade aos Experimentos do Módulo Azul da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, compartilhados com o público do Território Cultural, no último sábado (17), os núcleos 3 e 4 também mostraram seus trabalhos.

 

 

Núcleo 3

“Umbigo é o Avesso do Ser” foi o tema do núcleo 3, que focou sua pesquisa nos contrapontos surgidos entre moderno x renascentista, umbigo x espelho, e interno x externo.

 

Experimento do núcleo 3 (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

 

Na hora de abrir sua sala de trabalho, o grupo recebeu o público em um espaço pouco iluminado, com focos de luz verde, vermelha e laranja sendo refletidos por um espelho. Ao centro, uma rede com fitas coloridas penduradas dividia a sala em duas, enquanto os atores, “cercados” por uma sonoplastia densa e ruídos vocais, davam passos lentos para chegar ao outro lado do recinto. 

 

“A partir da provocação da Lucia Koch, o pessoal de Cenografia e Figurino, Iluminação, Sonoplastia e Técnicas de Palco também explorou questões sobre anomalias. Com essa proposta, criamos movimentações corporais estranhadas e sugerimos colocar o avesso na roupa, questionando quais seriam essas anomalias físicas em nosso corpo, e, principalmente, como são nossos monstros interiores”, comentou Alex Santos, aprendiz de Atuação.

 

Orientadora do núcleo, a formadora Adriana Vaz revelou que sua maior preocupação está na forma como os grupos lidam com a divergência de opiniões. “Fico me perguntando se haverá muita diferença entre os grupos que conseguiram manter uma coesão e se integrar, daqueles que estão mais rachados em suas opiniões. Na avaliação, quero saber o quanto isso influenciou no trabalho deles neste primeiro momento.”

 

 

Núcleo 4

 

O Experimento do núcleo 4 teve um tom ritualístico. Os atores, em uma espécie de transe, envolviam-se nos vários fios que cruzavam o espaço e espalhavam o sal que cobria parte do chão da sala. Em clima de tensão crescente, proporcionado pelo emprego de uma forte sonoplastia e pelo barulho de marretadas em uma chapa metálica, por vezes a única luz que podia ser vista era a que emanava de uma lâmpada amarela pendurada no teto.

 

Experimento do núcleo 4 (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

 

Segundo Afonso Lima, aprendiz de Dramaturgia, a cenografia do grupo apresentou um conceito que lembrava as religiões primitivas e os mistérios iniciáticos, com imagens que remetiam aos elementos da natureza.

 

“Por isso, estamos usando várias imagens da criação do mundo. Até mesmo Cristo, nós interpretamos como um ser da recriação, como um novo Dionísio, que renasce como a vegetação, que é a origem desses cultos. A partir dessa premissa, os atores começaram a improvisar. Foi um processo muito interessante, estamos em uma harmonia muito legal e todos estão contribuindo bastante”, observou Lima.

 

O artista residente e orientador do grupo, Cássio Santiago, também se mostrou satisfeito. “A experimentação é um dos territórios mais férteis da prática artística.A atividade de hoje é interessante para que possamos, depois, estudar juntos, enxergando vários aspectos de cada um desses Experimentos. Considero essa uma grande riqueza no estudo de artes cênicas e das artes performativas.

 

 

 

Veja mais:

 

A Troca Dialógica ÉAzul

Êxtase e Incompatibilidade 

Memórias e Desconforto

 

 

 

Texto: Felipe Del

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